O longa “Frozen: Uma Aventura Congelante” (2013) foi um imenso sucesso. Todas as crianças querem construir um boneco de neve e sabem de cor a letra de “Let It Go” (tá, não só as crianças…). O valor artístico e musical do filme é indiscutível e seus roteiristas foram ovacionados por terem escrito uma história sobre amor fraternal e criado uma princesa que não esperou um príncipe salvá-la.
Essas duas qualidades foram repetidas diversas vezes em críticas e pelos fãs em redes sociais, o que me fez perceber que o público de hoje ou é muito novo para conhecer os longas passados ou desconhece os trabalhos anteriores dos estúdios Disney.
Elsa e Anna demonstraram carisma agindo diferente do que imaginamos ser o padrão de uma princesa e um forte lado feminista por não dependerem de um salvador e tomar decisões que deram curso à história. No entanto, isso só foi possível porque a Disney já havia trilhado um caminho cheio de heroínas que são tudo, menos passivas.
Ariel (“A Pequena Sereia”, 1989) trouxe o estúdio de volta ao topo das bilheterias, ela representou a adolescente moderna cheia de curiosidade, salvou seu príncipe e escolheu o próprio destino abandonando o mar.
Foi seguida por Bela (“A Bela e a Fera”, 1991), que tomou a principal decisão de toda a trama, trocando de lugar com seu pai como prisioneira; ela desejava conhecer o mundo, viver uma aventura e não se casar. E Jasmine (“Aladdin”, 1992), apesar de viver em uma sociedade de cultura opressora, não se conformou com as leis de seu país e estava disposta a deixar todo o conforto para ser livre.
Na realidade, desde o início as heroínas Disney foram exemplo de coragem e perseverança, mas analisar uma obra tirando-a de seu contexto não poderia gerar outro resultado que não um julgamento equivocado.
Serem salvas por um príncipe no final foi o suficiente para tornar Branca de Neve (“Branca de Neve e os Sete Anões”, 1937), Cinderela (“Cinderela”, 1950) e Aurora (“A Bela Adormecida”, 1957) conhecidas por passividade, desconsiderando todos os desafios que precisaram superar e decisões que precisaram tomar.
Outras obras antes de “Frozen: Uma Aventura Congelante”, de temática não princesa, já haviam tratado dos temas amor de família e lutar pelo o que se acredita. Separei algumas animações que melhor quebraram o molde “donzela indefesa” anos antes:
“O Rei Leão”, 1994 – O maior clássico Disney tem como enredo (Hamlet!) a história do leão Simba e o amor por seu pai. Separados por uma tragédia (Snif, snif!) Simba precisa superar a dor, enfrentar o passado e encontrar seu verdadeiro lugar no ciclo da vida.
“O Corcunda de Notre Dame”, 1996 – Apresenta uma das mais fortes personagens femininas: Esmeralda, uma cigana que busca justiça para seu povo. (A trilha é primorosa!)
“Mulan”, 1998 – Melhor exemplo de heroína Disney que não precisa ser salva. Mulan é uma jovem que, movida por amor e sentimento de dever, finge ser um homem e toma o lugar de seu pai na guerra (SPOILERS!) salvando a China.
“Lilo & Stitch”, 2002 – Antes de Elsa e Anna outras duas irmãs conquistaram nossa simpatia. Lilo, uma menininha órfã havaiana, é criada por sua irmã, Nani. O amor e a cumplicidade entre a duas não é provado por atos grandiosos, mas demonstrado por ações cotidianas como guardar um pedaço de pizza e (Por que não?) gritar uma com a outra.
“A Princesa e o Sapo”, 2009 – Se alguma personagem personifica melhor o sentimento de correr atrás de seus sonhos, essa personagem é Tiana. Ela cresce aprendendo que sonhos não se tornam realidade pedindo para estrelas, mas sim através de trabalho árduo (Sério, qual princesa já teve dois empregos?).
“Irmão Urso”, 2003 – O filme conta a história de três irmãos que se acompanham mesmo separados pela morte. Durante a trama aprendemos que amor entre irmãos não é um laço de sangue, mas um sentimento e compromisso.
Essa é a minha opinião mas eu gostaria de saber a de vocês. Assoprem a poeira de seus VHS’s (Alguém ainda tem? Não?), assistam aos filmes citados e me contem nos comentários o que acharam.