E aí meus Camundongos? Como passaram o mês? Deram uma oportunidade aos jogos do 2º episódio do nosso especial? Vi que alguns leitores rebobinaram a vida gamer e terminaram ao menos a trilogia “Disney’s Magical Quest”. Realmente, é complicado para um jogador, seja assíduo ou apenas casual, não se render às aventuras do nosso tão amado Mickey Mouse nos consoles da Nintendo. O futuro realmente não foi muito legal com nosso protagonista, e é justamente por isso que precisamos focar no passado e mostrar o quanto ele brilhou frente a um controle.
Hoje nosso especial chega quase no topo. Retrataremos apenas duas franquias, mas para compensar, teremos uma overdose de Camundongo para ninguém botar defeito. Vamo que vamo! As medalhas de bronze e prata do nosso pódio nos esperam.
Já perceberam que a Capcom esteve presente em alguns dos clássicos que mostramos ao longo do especial, não é mesmo? A empresa teve uma participação enorme na era 16 Bits usando a Disney como universo para seus games. E aqui, mais uma vez, a tão famosa criadora de “Resident Evil” e “Devil May Cry”, marcou sua presença com a ilustre direção de Shinji Mikami (olha ele aí de novo).
Nem Mickey, nem Donald, dessa vez quem assume o cenário é “Pateta e Max, a dupla que é demais”, lembram? Quem poderia se esquecer do desenho que ocupou infindas viradas de tarde/noite no Disney CRUJ? “A Turma do Pateta” marcou uma geração inteira de amantes da Disney e com isso se tornou também um jogo de qualidade inquestionável, em 1993, no Super Nintendo.
Baseada na série, a história coloca a dupla de pai e filho junto a seus vizinhos. Durante uma pescaria, um navio pirata aparece e sequestra João Bafo-de-Onça e seu filho B.J. Ao ver seus amigos sequestrados e levados para uma ilha em Spoonerville, nossos heróis decidem ir ao resgate.
Diferente da maioria dos nossos tops, “Goof Troop” é uma aventura que consiste de puzzle e raciocínio lógico. Com uma visão de cima (Sky Vision), os personagens contam com a arte de deslocar blocos pelo cenário para abrir caminho, descobrir segredos e derrotar inimigos.
A jogabilidade é simples mas conta com algumas diferenças. Enquanto Max é mais leve, ágil, e pode usar alguns itens diferentes dos de seu pai, Pateta é mais lento e forte. Essas peculiaridades criam um diálogo cooperativo muito bem avaliado em uma campanha para dois jogadores, onde é possível distrair um inimigo enquanto o outro o derrota pelas costas. No caso de uma aventura individual, é possível escolher entre um ou outro, com o bônus de poder carregar 2 itens e não apenas 1, como é o caso jogando em dupla. Segundo a mídia especializada, “Goof Troop” era, em sua época, o game que fazia o melhor uso do fator cooperativo presente nos consoles; era o início do que viria a ser o tão famoso co-op dos dias de hoje.
Tempos depois, já no Playstation, Mikami criou a franquia de maior sucesso da Capcom usando algo semelhante ao que conseguiu com a “Turma do Pateta”, mas dessa vez em uma plataforma que lhe daria mais possibilidades de diferenciar os personagens. Jill e Chris, protagonistas de “Resident Evil”, e Claire e Leon, que protagonizaram “Resident Evil 2”, tinham suas diferenças muito bem impostas no gameplay, uma pena que a cooperação entre ambos ainda não fora possível no ano de lançamento. O modo cooperativo só veio a se popularizar, em jogos mais complexos nos consoles de mesa, no Playstation 2.
Gráficos e animações carismáticas, cenários com movimento, cores, detalhes e arte de muito bom gosto, fizeram “Goof Troop” ter ainda mais destaque no mundo gamer. Ainda que sua trilha e efeitos sonoros sejam um show a parte, e merecem um destaque especial, os detalhes, como um todo, o fazem parecer ter envelhecido muito pouco. O mesmo acontece com praticamente todos os jogos da Disney feitos pelas mãos da Capcom no Super Nintendo.
Por se tratar de uma obra muito curta, pois conta apenas com 5 fases, muitos jogadores o terminam em menos de 1 hora, o que é até um pouco comum para um jogo de 16 Bits do passado. Mas ainda assim são minutos de muita diversão e qualidade que dão a medalha de bronze ao nosso 3º lugar.
Mickey Mouse não é apenas o personagem mais famoso do mundo, ele é também o mais presente em jogos que envolvem o universo que tanto amamos. Está na hora de revirar a franquia mais famosa de todos os tempos protagonizada pelo nosso Camundongo. Um jogo que veio seguido por sucessivos outros, formando assim uma série que está guardada não só na mente dos amantes da Disney, mas no coração de cada gamer do mundo. Abram alas para “Illusion”.
Conhecem o Mario, né? Não, isso não é uma piada. Estou falando daquele gordinho, baixinho, italiano, que usa uma roupa vermelha e é também mascote da Nintendo. Pois bem, em 1990, “Super Mario Bros” era o jogo da moda. Era complicado qualquer outro ter peito para bater de frente com ele, nada era páreo para as aventuras do encanador. Nessa mesma época, Sonic, o ouriço azul que viria a ser o símbolo da SEGA, já estava em produção, porém levaria um pouco de tempo até que o herói da velocidade estreasse no mercado dos games. Era uma guerra complicada. Na dianteira, a Nintendo, cujo carro chefe assumia não só os consoles, mas mochilas, estojos, cadernos, caixas de cereal e quase 100% das mentes dos jogadores. Uma pesquisa feita por revistas especializadas naquele ano, provou que Mario era o primeiro na cabeça da criançada, os que não queriam “ter”, gostariam de “ser”. Era uma febre. De outro lado estava sua concorrente que tentava de tudo para conseguir seu lugar ao sol. Tarefa complicada.
Foi no meio dessa disputa que o camundongo mais famoso do mundo deu as caras. A SEGA teve um pouco de receio em depositar milhões na conta da Disney para obter o licenciamento do personagem, mas, aparentemente, era a única opção até o lançamento de “Sonic: The Hedgehog“. E foi então que, em 1990, era lançado “Castle of Illusion Starring Mickey Mouse” para Mega Drive. E não foi só isso, o sucesso foi tão grande que desbancou até mesmo o gigante “Super Mario Bros. 3”. Mickey teve sua estreia de forma fenomenal no mundo dos games.
O início da saga pelo reino da ilusão começa de forma simples e vista como clichê nos dias de hoje. Minnie é raptada por uma bruxa, chamada Mizrabel, que pretende roubar sua beleza. Cabe ao nosso herói invadir os portões do castelo, recuperar as jóias do arco-íris, derrotar a vilã e salvar sua amada. Essa história com as pedras coloridas não seria parecida com a que fora usada em todos os episódios do ouriço azul de alta velocidade? Já vimos ao longo do especial que esse tipo de coisa realmente acontece.
Castle of Illusion é um game de extremo bom gosto, cenários caprichados e delicados, temática competente das fases, gameplay agradável e trilha sonora chiclete de muita qualidade. A jogabilidade é muito semelhante ao que encontramos com o “pogo” de “DuckTales”, mas aqui Mickey só pode usar em inimigos, saltando e caindo sentado (o fazendo quicar e aquela história toda que vocês já conhecem).
O sucesso não ficou apenas no Mega Drive, há uma versão também para Master System (console 8 Bits da SEGA) que carrega algumas pequenas e relevantes diferenças. Dentro do castelo de Mizrabel, o mascote da Disney passa por portas que o levam para mundos temáticos ilusórios que, apesar de parecidos, possuem divergências tanto nos caminhos quanto na dificuldade. A arte e gráficos também não são os mesmos, a SEGA soube usar muito bem o estilo artístico para a versão de menor poder não ficar carente frente ao seu console mais potente, inclusive, ao menos para mim, ficou até mais bonito e delicado. Além da trilha sonora ser mais limpa e harmoniosa, a versão do Master System também era mais difícil e com mais liberdade, pois aqui é possível também escolher a ordem das fases. Talvez isso seja justificado pela distância de tempo entre as produções, a versão de menor valor gráfico foi lançada praticamente um ano depois da principal.
E seguindo todo esse sucesso, a SEGA lança em 1992 para Master System, “Land of Illusion Starring Mickey Mouse”, e “World of Illusion Starring Mickey Mouse and Donald Duck” para Mega Drive. Que ano, hein? Mas vou por partes para não acabar embaralhando a cabeça de vocês, fiquem calmos. Comecemos a aventura solo para depois introduzirmos Donald no mundo da ilusão.
Peguem o Castle of Illusion de 8 Bits, adicionem mais conteúdo, coloquem uma pitada bem generosa de referências a outros desenhos, temperem com habilidades que tornam o gameplay mais complexo e aqueçam com exploração e o famoso backtracking. O que sai do forno? “Land of Illusion Starring Mickey Mouse“, o melhor jogo do Universo Disney para Master System.
Ao acordar de uma soneca, durante a leitura de um livro de contos de fadas, nosso Camundongo se vê em uma aldeia misteriosa que fora perturbada por um fantasma maligno. O vilão rouba um poderoso cristal que protegia a todos que ali viviam. Cabe ao herói resgatar o item e assim trazer a paz de volta ao local.
Em sua jornada, Mickey precisa ajudar vários personagens de sua turma que, naquele mundo, assumiam papeis de grande importância. Este é um dos fatores mais interessantes, pois é o que nos permite receber itens, magias e aprimoramentos que nos serão de extrema necessidade na terra da ilusão.
Receber um barco do Rei Donald, que lhe dá acesso a uma ilha onde deve ser plantado um feijão dado pela Princesa Minnie. Ter de ir em busca de botas que nos permite andar sobre as nuvens, cordas para escalada, poção de encolhimento e até uma flauta mágica, são algumas das novidades que fazem o vai e volta nas fases se tornar algo realmente gostoso de se fazer. Se assemelha bastante com um RPG, porém sem sistema de evolução, bem parecido com o estilo de “The Legend of Zelda” mas menos complexo.
Land of Illusion não foi apenas uma evolução da aventura anterior, mas basicamente uma revolução. Trilha e efeitos sonoros, gameplay, exploração, colecionáveis, cenas que auxiliam na história (as famosas cutscenes), novas habilidades e a presença de personagens ilustres (Margarida, Donald, Minnie, Pateta…), uffa! Enfim, tudo que faltava no game de 1991 marcou presença, e o que já continha teve muitas melhorias, apenas a dificuldade fora mantida. Colocando todos esses benefícios juntos em um jogo praticamente duas vezes maior que o antecessor, temos essa obra prima e memorável para Master System.
Enquanto isso, lá no seu irmão de 16 Bits, Mickey e Donald protagonizavam um dos jogos mais aclamados do universo Disney. O campeão de pedidos para um remake que fechava os trabalhos do dono das orelhas mais famosas do mundo no Mega Drive. É a vez de falarmos de “World of Illusion Starring Mickey Mouse and Donald Duck”.
Transportados para o mundo da ilusão durante um show de mágica, nossa dupla de amigos precisa escapar dali com vida. O caminho? Aprender novos truques mágicos para ajudá-los em sua jornada de volta para casa. História simples, mas regada com muito carisma que com certeza marcou a vida de muito jogador por aí.
A SEGA não poupou esforços ao trazer a série a tona em 1992, mas aqui, por ter um poderio gráfico superior ao apresentado em Land of Illusion, o destaque conseguiu ser ainda maior. Além de uma arte renovada que se parece com uma pintura, o game traz grandes melhorias na parte musical, sonora e principalmente no gameplay. Apesar de Castle of Illusion ser para a mesma plataforma, o que acontece aqui é um real salto de geração.
Lembram de tudo que comentei sobre a cooperação entre personagens na série “Magical Quest” do SNES? Então, aqui as coisas fluem mais ou menos da mesma maneira, só que muito mais necessário. Há a possibilidade de se escolher entre Mickey ou Donald, que além de terem gameplays e habilidades diferentes, possuem também diferenças nas fases. Apesar de terem o mesmo destino, o percurso muda de acordo com sua escolha. É como se fossem dois jogos onde só algumas fases batem, e mesmo quando isso acontece, as mesmas não são idênticas.
O modo para dois jogadores é ainda é mais único que uma jornada sozinho, a aventura imposta lhe proporciona alguns locais e obstáculos exclusivos que, sem a ajuda de seu parceiro, não lhe levam a lugar algum. Trabalho em equipe é essencial. Então, ao todo, são 3 rotas: Uma com o Donald, uma com o Mickey e uma terceira com ambos, que além de elevar o desafio, dão ao jogador um belo fator replay.
World of Illusion, com todas suas referências aos clássicos Disney e participações ilustres, marcaria o final da franquia no Mega Drive se não fosse por uma última tentativa da SEGA. E é aí que, em 1994, para Master System, era lançado “Legend of Illusion Starring Mickey Mouse”, o último capítulo da saga pelas terras da ilusão.
Bafo-de-Onça é rei de um lugar que passa por problemas sérios. A única solução para acabar com a nuvem negra que pairou sobre seu reinado, é a lendária água da vida. Tomado pela covardia, ele coroa um faxineiro do castelo para se ausentar do fardo de salvar o reino. Corajoso, o mero servo sai atrás de respostas e de uma forma para resgatar a paz de sua morada. Já sabem quem é o herói, né? Não vou gastar o nome dele desta vez então.
A mecânica aqui é um pouco diferente das anteriores. Com sua roupa de aventureiro a la “Robin Hood”, o Camundongo faz uso de lançamentos de bolas e blocos para derrotar seus inimigos. Um gameplay mais genérico que acabou não fazendo jus aos seus irmãos de tanto sucesso. Houve uma leve melhoria nos pixels desde a versão anterior para o mesmo console, mas nada que mereça um real destaque.
O game é mais curto que seu antecessor e também possui menos capricho. O mapa continua, Pateta e Donald também estão presentes como reis de reinados vizinhos, há qualidade e há diversão como qualquer outro representante da série, mas a obra prima no console de 8 Bits continuava sendo Land of Illusion.
Legend of Illusion não teve a mesma fama dos episódios anteriores. Apesar de ser um excelente jogo, o Super Nintendo estava no seu auge e não era tarefa fácil para um console de potencial bem inferior competir com os trabalhos da Capcom. Grande parte dos jogadores mais assíduos nem mesmo tinham mais o console para testar o que seria o final do Camundongo nas mãos da SEGA.
Sabem o remake de “DuckTales” que mostramos no episódio 2 do especial? Então, acham que o jogo mais aclamado para consoles da Nintendo daria as caras sozinho em 2013? Não mesmo! A dona de “Sonic: The Hedgehog” resolveu fazer o mesmo, transformando Mickey Mouse em alta definição. Castle of Illusion estava de volta, repaginado, cheio de extras e, o que era melhor, em praticamente todas as plataformas presentes no mercado, inclusive Smartphones e Tablets. A “Big N”, infelizmente, acabou ficando de fora dessa.
A história foi mantida com fidelidade. Trilha sonora remasterizada e toda orquestrada, seguindo aos timbres do original, deram um luxo novo aos caminhos percorridos pelo Camundongo. Quanto ao visual, ficou um espetáculo à parte, cenários lindos e lotados de detalhes, totalmente dinâmicos e com vários percursos, além de efeitos e animações que fazem a reinvenção parecer um desenho animado.
A ideia da SEGA não era a mesma de sua concorrente, “Castle of Illusion Starring Mickey Mouse HD” veio para ser uma releitura do original, ousando no gameplay e dando uma jogabilidade semelhante, porém renovada, ao episódio. Além do fator exploração, que fora adicionado, temos uma mistura de cenários 2D e 3D que permite ainda mais amplitude para vasculhar os lugares. Até mesmo o castelo de Mizrabel recebeu alas novas e escondidas, com coletáveis que liberam extras presentes no jogo.
Houve algumas críticas na parte dos controles. Muita gente reclama que o personagem é escorregadio, o que atrapalha (e muito) no desempenho do jogador pelos obstáculos no caminho. O tempo de resposta entre o joystick e o personagem também não é dos melhores. Em uma era onde vemos a Ubisoft lançar os incríveis “Rayman Origins” e “Rayman Legends”, onde a estabilidade e tempo de resposta são impecáveis, é no mínimo estranho ver a SEGA fazendo algo que deixe um pouco a desejar.
“Illusion” não foi apenas a estreia de Mickey Mouse no mundo dos games mas também a queda da bastilha da Nintendo, que até então era imbatível com sua fortaleza chamada “Super Mario Bros”. Por mais que “Magical Quest” tenha seu lugar na calçada da fama dos jogos, as várias trajetórias do nosso herói pela ilusão acabaram sendo mais consagradas e de maior destaque ao decorrer dos anos. Uma pena que apenas o pioneiro ganhou sua versão remasterizada, o sonho de muito jogador é que toda a série marcasse presença nas plataformas de alta definição.
Mas será que existe um vencedor entre esses 5 episódios? Colocando cada detalhezinho na balança, somando aqui, diminuindo ali, considerando o público e toda minha carreira nesse universo, “Land of Illusion Starring Mickey Mouse” é o campeão dessa disputa. Mas vocês vão poder tirar suas próprias conclusões, já expliquei como é fácil.
A medalha de prata do nosso especial é também um baú de tesouros. A saga estrelada pelo Camundongo mais famoso do mundo recebe com vigor a segunda posição do ranking e dá desfecho ao 3º capítulo do Melhores Games do Mundo Disney.
Já sabem do conselho para passar o tempo até o nosso próximo encontro, né? Uma pena que não será possível com Legend of Illusion pois, a não ser que possuam um Master System empoeirado aí em suas estantes, não há como jogá-lo via emuladores. Rola uns bugs nas ROMs presentes na internet e isso impede o avanço a partir de determinada fase. Então nem tentem.
No próximo mês, antes de apresentar o tão esperado troféu de ouro, vou trazer a vocês alguns dos jogos que ficaram de fora do top. Não pensem que esqueci tudo que foi comentado aqui ou comigo no Facebook, tem muito clássico de qualidade que ainda merece destaque.
Agora me despeço mais uma vez com minha cartola de orelhas compridas.
Até mais ver, Camundongos!