Lucas 
“Eu estou aqui, Piggy, porque eu sei. Eu sei que é arriscado. E eu sei que quero tentar. E sobretudo, porque eu sei que essa linha aérea não vende calzone pré-voo.”
Kermit
Acompanhar The Muppets não foi uma jornada simples. A série passou por altos e baixos, sem nunca pecar nos quesitos técnicos, porém. Os riscos eram altos para o final dessa primeira temporada, pois, até o momento, seu futuro continua incerto. No geral, os roteiristas permaneceram em território firme e entregaram um bom texto.
O grande questionamento era o retorno de Miss Piggy e Kermit. E os dois últimos episódios giraram em torno desse assunto. Ironicamente, durante um ensaio da coreografia de “Single Ladies“, Piggy quebra a pata e precisa ser levada ao hospital para uma cirurgia. A trama é interessante por despertar o lado dela, demonstrando seu medo de perder o programa.
Sob o efeito da anestesia, a porquinha diz amar Kermit… E em seguida, um higienizador de mãos e uma girafa imaginária. E o sapo também diz amá-la. Dali em diante, os bastidores do programa de entrevistas se tornam um caos, porque cada funcionário tem uma opinião diferente e acabam confundindo as ideias de Kermit, a ponto de precisar se esconder dentro de uma gaveta.
Embora seja evidente qual o destino do casal, a trama ficou aberta para uma segunda temporada. Após descobrir a confusão do antigo namorado, Piggy embarca para a Tailândia e Kermit a segue, levando consigo os amados calzones pré-voo da porquinha. O fato de ele ter enviado um calzone para a viagem de Piggy pela Argentina mostra como eles devem ficar juntos.
Fora do arco principal, tivemos o desfecho de Pizza, o personagem mais irritante e desinteressante da série. Enquanto Piggy estava internada. Pepe, Rizzo e Yolanda sequestram o guru. E essa foi uma das melhores tramas já apresentadas, pois os personagens estavam excelentes, com destaque para Big Mean Carl e sua ideias e Sweetums como psicólogo.
Ver Pizza indo embora foi um alívio, apesar da solução ter sido um grande deus ex-machina. Entretanto, outras pontas ficaram soltas na série, a exemplo dos romances de Sam com Janice e Gonzo com Camilla. As ideias por trás desses casais são interessantes, mas não foram bem aproveitadas e não levaram a lugar algum. Apenas Yolanda e Rizzo tiveram um final mais feliz.
Continuando neste tópico, Gonzo e Fozzie também foram subaproveitados. Em tese, ambos também são protagonistas do seriado. Fozzie ganhou histórias péssimas nos primeiros episódios e depois foi esquecido, já Gonzo teve bons momentos, porém, personagens como Chip, Bobo e Deadly se destacaram muito mais no decorrer dos episódios.
Bobo, aliás, esteve espetacular. Seus desmaios e a piada com o urso de O Regresso (2015) foram algumas das ótimas sacadas do roteiro. Podemos incluir ainda nessa lista: Chefe Sueco aparecendo com seus waffles; Janice querendo ser um gato da morte; Pepe e seu perfume do amor; os delírios de Piggy com a morfina; e muito mais.
No entanto, nada supera as últimas edições de Up Late with Miss Piggy. A nostalgia foi imensa ao ver Rowlf, Janice, Chefe, Bunsen e Beaker aprontando em seus próprios quadros. Uma ótima homenagem ao The Muppet Show (1976-1981). E as participações de Willie Nelson e Jack White apenas reforçaram essa sensação.
The Muppets está longe de ser uma série aclamada, mas ela apresenta um grande coração. Sim, foram muitos erros em sua trajetória, porém, o número de acertos foi muito maior — em especial, após a mudança na equipe criativa. Nesse ritmo, a segunda temporada poderá ser muito melhor e trazer algo muito em falta: entretenimento familiar de qualidade. Não nos desaponte, ABC!
Obs. #1: Tivemos a melhor música grudenta de todos os tempos: “Mahna Mahna“!
Obs. #2: Esses episódios foram um desfile de Muppets obscuros, de Crazy Harry até os bebês medonhos!
Obs. #3: Rizzo é muito corajoso! Mergulhar nas entranhas de Big Mean Carl não é para qualquer um…
Obs. #4: Pepe não quis arriscar com a sorte e foi para a Tailândia também! É um bom ou mau sinal?
