Quem nunca quis ver de pertinho nossos personagens favoritos ao vivo e ouvi-los cantar? Essa é a oportunidade que o espetáculo Aladdin, da Broadway, proporciona. A peça estreou primeiramente no Canadá e está em cartaz desde Março de 2014 no Teatro New Amsterdam, em Nova Iorque. Tive a oportunidade de assistir a peça em Agosto e estou aqui para contar um pouquinho como foi a experiência.
Os musicais da Broadway baseados em obras dos estúdios Disney são também produzidos pela empresa e por isso sua experiência começa ao chegar no teatro: você é encaminhado ao seu lugar por um Cast Member sorridente e prestativo. Aliás, todos os funcionários envolvidos na realização da peça são Cast Members (funcionários oficiais da The Walt Disney Company) e garantem um atendimento excelente, o mesmo oferecido quando se visita os parques temáticos.
“A Friend Like Me” pelo elenco Broadway:
New Amsterdam é imenso, possui dois mezaninos, e lindíssimo. É também uma casa muito antiga mas que passou por reformas para receber o musical e está impecável. Sou uma Camundonga Garrafinha e por isso comprei ingresso na área mais próxima do palco, mas tenho certeza de que é possível ter uma boa visão de qualquer um dos lugares.
O elenco principal é composto por: Adam Jacobs (Les Miserables) como Aladdin; Courtney Reed (Mamma Mia!) como Jasmine; Jonathan Freeman (Beauty and the Beast) como Jafar; e James Monroe Iglehart (Memphis) como Gênio. Além de cento e oitenta outros bailarinos figurantes, personagens secundários, equipe de apoio e funcionários do teatro.
Iglehart é famoso por estar em diversos vídeos que divulgam a peça e por ter ganho prêmios. No entanto, na noite na qual assisti a peça, o personagem do Gênio foi feito por Donald Jones Jr. Um detalhe interessante é que Freeman está reprisando seu papel. Isso mesmo, ele é a voz original de Jafar na versão americana da animação Disney e sua risada é inconfundível.
Por ser um musical, os grandes astros da peça são suas canções. As músicas clássicas – como “A Whole New World”, “Arabian Nights” e “Friend Like Me” -, compostas pela lenda viva Alan Menken (A Bela e a Fera), e com letras escritas por Howard Ashman (A Pequena Sereia) e Tim Rice (The Lion King), estão todas de volta. Ouvi-las ao vivo é de arrepiar graças à orquestra.
Gravando as Músicas:
A peça dura aproximadamente duas horas e meia e é dividida em dois atos separados por um breve intervalo de quinze minutos. Apesar da história seguir um roteiro quase idêntico ao da animação, certos elementos foram alterados. Como o fato de Aladdin não ter o macaco Abu como companheiro, e sim, três amigos: Babkak, Omar e Kassim.
O trio rouba a cena e arranca gargalhadas da platéia diversas vezes. O ajudante de Jafar, Iago, deixa de ser um papagaio e passa a ser um humano que serve como um fantástico alívio cômico. Temos também a menção da mãe de Aladdin, personagem presente nas primeiras versões do roteiro da animação, mas que foi cortada ao longo da produção.
Fanáticos pela animação de 1992 não precisam se irritar com as mudanças no roteiro. As adaptações não alteram a mensagem original e são elementos novos que os fãs já familiarizados com a história podem acompanhar e se surpreender.
Tais mudanças criaram a oportunidade de termos canções inéditas inseridas no musical, como “A Million Miles Away” e “Somebody’s Got Your Back”. Algumas estavam presentes nas primeiras versões da animação como: “Proud of Your Boy”, a qual acaba se tornando tema de toda a peça, pois é reprisada diversas vezes. Se nunca as ouviu, vale a pena conferir as novas músicas. A trilha do espetáculo está disponível online em serviços como o Youtube e o Spotify.
Bastidores da Produção:
E as cortinas finalmente se abrem…
Logo de cara conhecemos todos os personagens e atores envolvidos na apresentação da noite pois estão presentes no número de abertura “Arabian Nights”. Impossível não mergulhar no mundo mágico Disney após a primeira canção. O figurino é colorido e destaca os movimentos dos personagens, nos enfeitiçando. A história se desenrola com Aladdin encontrando Jasmine no mercado e sendo em seguida enganado por Jafar, assim como no desenho.
No fim do Ato I temos o melhor momento de toda a peça: o número musical “A Friend Like Me”. A música funciona como clímax da primeira parte e é difícil para a platéia se manter na poltrona. Todos cantam juntos e a vontade coletiva é de se levantar e participar da coreografia. Donald, apesar de não ser o ator oficial no papel, é extremamente carismático e possui uma voz poderosa.
Os novos arranjos são, em alguns trechos, ainda melhores do que os originais e a nova versão da música clássica ficará na sua cabeça por muito tempo. Cá entre nós, a primeira coisa que fiz após sair da peça foi adquirir a canção e ouvi-la sem parar.
Sou o tipo de espectadora que prefere não se levantar durante o intervalo devido ao tumulto. Mas os quinze minutos entre Atos é uma boa oportunidade para se abastecer de água e fazer uma comprinhas. Os souvenirs da peça são diversos – variam entre camisetas, bonecas, enfeites e álbum com a trilha sonora -, a vontade é de levar todos. Por serem produtos oficiais Disney, não são vendidos por preços acessíveis. O que não é surpreendente já que o ingresso sozinho custa entre setenta e trezentos dólares (e vale cada centavo).
“A Whole New World” pelo elenco Broadway:
Após o intervalo inicia-se o Ato II. E logo nos primeiros minutos, temos o segundo melhor número do musical: “A Whole New World”. A cena é delicada e os efeitos especiais envolvem o público de tal maneira que todos saem da sala acreditando que o tapete mágico é real.
O final da peça é semelhante ao do desenho: nosso heroi derrota Jafar, o Sultão permite que Jasmine escolha seu futuro marido e o Gênio ganha sua tão almejada liberdade. Porém, não há o mesmo tanto de uso de magia no sentido literal da palavra. O Gênio não carrega castelos para o topo de montanhas e Jafar não se torna uma gigantesca cobra.
Nem o carisma de Adam Jacobs, nem a beleza de Courtney ou a voz icônica de Freeman foram páreo para a atuação de Donald como Gênio da lâmpada. O personagem arrancou uma imensa ovação em sua primeira aparição sem nem ao menos falar. E o fez novamente ao fim, quando todos se levantaram para aplaudir. O carinho dos fãs é claro, em grande parte graças à memória que sempre nos traz Robin Williams à mente. Aliás, após o falecimento de Williams, o elenco fez questão de prestar sua homenagem.
O musical comemorou seu primeiro aniversário esse ano e já têm na bagagem indicações e ganhos de prêmios como o Tony Awards, o Oscar dos musicais. No último ano, só não foi mais visto do que Wicked e The Lion King.
Tributo a Robin Williams:
A peça é muito engraçada e com certeza a recomendo para Camundongos que irão passear na Grande Maça e ainda não sabem qual espetáculo assistir. Principalmente aqueles acompanhados de crianças. Como quase todos conhecemos o enredo de Aladdin, é possível se divertir sem ser fluente inglês. Porém, infelizmente, algumas piadas serão perdidas. Vamos todos torcer para que o Brasil siga a tradição e faça uma versão da peça assim como fez com A Bela e a Fera, O Rei Leão e O Fantasma da Ópera.
Algum Camundongo já assistiu ao musical? O que achou? Acima, separei dois vídeos para aqueles Camundongos que se interessaram pela peça e gostariam de saber um pouquinho mais sobre os bastidores da produção. Infelizmente, ambos não possuem legendas mas exibem imagens incríveis do teatro e trechos de números musicais.