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Biblioteca da Fera | Resenha do livro A Fera em Mim

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Bem-vindos, Camundongos, ao lugar que todos desejamos entrar quando assistimos ao clássico A Bela e a Fera (1991): Biblioteca da Fera. São tantas prateleiras, cascatas de milhares de livros esperando para serem lidos.

Essa é a primeira edição da nova coluna do site, criada para expandir as discussões sobre o Universo Disney que tanto amamos. Não venho com a intenção de impor minhas opiniões e gostos. Não sou crítica literária e tampouco possuo conhecimento para tanto. Sou uma fã, como vocês! Vejam esse espaço como um clube do livro.

Debatam. Comentem o que gostaram e não gostaram. Sugiram os próximos títulos para serem discutidos: clássicos que deram origem às animações, livros derivados lançados posteriormente, obras que poderiam se tornar filmes Disney… São tantas opções!

Iremos estrear com um livro que chegou recentemente às prateleiras brasileiras, em 2016. Uma obra que conta a história de um personagem com um passados enigmático. A Fera em Mim: A História do Príncipe da Bela, por Serena Valentino.

Confesso que esse livro me ganhou pela capa! As ilustrações da Fera em sua versão bestial e humana lembram pinturas clássicas, estilo semelhante ao do retrato do personagem visto na animação.

Aqui no Brasil, o livro foi lançado como brochura pela editora Universo dos Livros, em 2016. É uma boa pedida para quem gosta de uma leitura rápida, já que foi feito em formato pequeno e possui apenas cento e noventa páginas.

“Conheça como tudo começou… Não importa qual versão da história você conhece, as perguntas que ficam são: como o príncipe se transformou na famosa Fera? Como ele conseguiu conquistar o frágil e inocente coração de uma das personagens mais amadas de todos os tempos? Pode o amor transformar alguém tão profundamente? A verdade é que as coisas nem sempre são o que parecem.”

~ Sinopse encontrada na contra capa do livro.

A obra é uma leitura rápida e leve, ideal para fãs Disney que gostam de ler fan fics – termo criado para definir histórias criadas por fãs sem fins lucrativos, na qual os personagens pertencem a obras de terceiros como seriados e livros.

Sim, fan fics! E não uso a comparação pejorativamente. Apesar da obra ser uma produção Disney, ela não é considerada canônica. Vários pontos não batem com a trama vista na animação tradicional e, por enquanto, é impossível dizer se o livro servirá de algum modo como base para o roteiro da readaptação com Emma Watson.

O livro foi escrito por Serena Valentino, uma estadunidense apaixonada por filmes mudo, lobisomens, Johnny Cash e H.P. Lovecraft. A autora também lançou a série de quadrinhos GloomCookie e Nightmares & Fairy Tales, além de dois romances para o público young adults, intitulados How to be a Zombie e How to be a Werewolf.

Além de A Fera Em Mim: A História do Príncipe da Bela, ela também escreveu, da mesma coleção: A Mais Bela de Todas: A História da Rainha Má e Úrsula: A História da Bruxa da Pequena Sereia. Outro livro da coleção já foi confirmado pela autora e deve ser lançado nos Estados Unidos no início de 2017, mas seu protagonista ainda não foi revelado.

Ela atualmente mora em São Francisco com seu namorado. Há vários meios para entrar em contato com a autora, como seu e-mail, seu site, sua página e perfil no Facebook, ou ainda seu perfil no Twitter.

Primeiro de tudo, CUIDADO! Essa seção conterá spoilers do livro, já que nela irei expor minhas opiniões sobre a trama. Se já leu a obra, continue em frente. Caso ainda queira lê-la, role para o fim da matéria onde colocamos links para lojas online onde você pode encontrar o livro.

Puxe na memória a cena da animação clássica, na qual Fera bate rudemente à porta do quarto de Bela e diz que, se ela não jantar com ele, não comerá mais nada. Ele, então, corre para seu refúgio, seu quarto na Ala Oeste. É nesse instante, nesse momento de solidão, que começa a história do livro.

Fera começa a se lembrar de sua vida antes do feitiço e acompanhamos suas memórias. É muito interessante ter a oportunidade de conhecer um pouco mais o reino antes do feitiço, já que a animação deixou tantas perguntas em aberto, como: por que o povo da vila esqueceu seu príncipe?

Já havíamos visto um pouco sobre a arrogância do príncipe em O Natal Encantado de A Bela e a Fera (1997). Porém, o que descobrimos aqui é que ele não tratava mal apenas seus criados, mas também conquistava o coração de mulheres e as abandonava depois.

Ele fica noivo de uma bela moça, chamada Circe, mesmo contrariando os avisos de Gaston que diz que a moça não passa de uma criadora de porcos e… Opa, peraí! Como assim Gaston e ele conversavam?

Bem, é então que alguns fãs da animação talvez estranhem o livro. Eu, com certeza, estranhei. Nesse mundo, Gaston e o Príncipe são melhores amigos, eles caçam e frequentam tabernas juntos. O Gaston que conhecemos aqui é, de certo modo, até mesmo mais gentil que a Príncipe.

Voltando à história… O Príncipe segue a moça e confirma os avisos de Gaston. Ele a vê alimentando seus animais e fica enojado. Logo, desmancha o noivado. Ela vai até o castelo na esperança de fazê-lo mudar de ideia. Até mesmo lhe oferece uma rosa como presente. Mas ele não cede.

A adição do envolvimento de Circe com o Príncipe foi um bom acréscimo para a história. Uma explicação muito mais coerente do que apenas acreditar que uma feiticeira anda pela neve disfarçada, testando a bondade de nobres sem motivo algum.

Para seu azar, ela se revela uma bela feiticeira que possui mais três irmãs bruxas: Ruby, Martha e Lucinda. Juntas, elas lançam o feitiço sobre o Príncipe e o castelo que conhecemos tão bem. Circe também entrega à Fera o espelho mágico, que futuramente será sua única janela para o mundo exterior.

A transformação da Fera é, para mim, o principal e mais interessante aspecto de todo o livro. Sem revelar a trama inteira – acredite, há muitos outros elementos no livro como bailes a la Cinderela, outros noivados e assassinatos –, posso dizer que a transição de Príncipe para Fera foi muito mais longa e dolorosa do que a vista no filme.

Sim, Príncipe e Fera. Assim como os diretores da animação o fizeram, a autora não menciona em momento algum o nome Adam, nome criado em alguns outros produtos Disney para se referir à Fera em sua forma humana. Quem sabe esse mistério não é finalmente esclarecido na readaptação?

Seus criados começam a sumir aos poucos e, para seu horror, se transformaram em objetos e estátuas. Os jardins se tornam ameaçadores. Suas feições se transfiguram bestialmente. E o povo do vilarejo, incluindo Gaston, paulatinamente se esquecem que um dia tiveram um governante. O que finalmente responde à pergunta que sempre nos fizemos.

O tom sombrio aqui apresentado torna o descontrole da Fera do futuro muito mais lógico. Não foi apenas uma transformação física. A demora para o feitiço se completar foi uma tortura psicológica.

Voltamos, então, para o presente, e a história se desenrola como já a conhecemos, com Bela entrando na Ala Oeste, sendo espantada pela Fera, e, então, salva dos lobos pela mesma. Bela recebe a biblioteca de presente, os dois dançam e eventualmente se apaixonam quebrando o feitiço.

Quer dizer, quase como a conhecemos. Segundo esse livro, as bruxas vigiam enquanto Bela e Fera se apaixonam. E, a todo momento, tentam impedir o casal de ficar junto. Cerci é contra essa intervenção e, por isso, é adormecida pelas irmãs e acordada apenas quando acreditam que a Fera tenha morrido.

O aspecto que menos gostei do livro é o modo como desconstroem o personagem da Fera. Eles o fazem de tal modo que, ao invés de acrescentar no entendimento do personagem, o tornam alguém que não reconhecemos em sua versão animada.

Egoísta e arrogante, claro. Mas será que Bela conseguiria amar e perdoar alguém que já matou e era amigo de Gaston? Além disso, o livro não nos dá a chance de ver Fera e Bela se apaixonando. Tudo parece extremamente mecânico, um plano da Fera que está dando certo.

Talvez o livro passe essa sensação por vermos a história de apenas um ângulo. Ou por ser uma obra curta demais. Curiosamente, mesmo curta, a narrativa parece se arrastar em alguns momentos. Principalmente durante uma sequência que envolve a pintura de um retrato do Príncipe.

A obra diverte e acrescenta detalhes interessantes a trama tradicional, mas não fará o leitor sentir grande empatia pelo personagem que tanto amamos.

Quem tiver interesse em adquirir o livro, os sites da Saraiva e da Livraria da Travessa estavam com preços bem legais. E então, Camundongos, quem já leu a obra? O que acharam? Não deixem de comentar com suas impressões do livro e sugestões para próximas edições da coluna. Até lá!

Escrito por Caroline

Designer Gráfico, Disney freak, viciada em café, quer ser roteirista e princesa quando crescer. Têm mais livros do que deveria e leu mais vezes “Orgulho e Preconceito” do que têm coragem de admitir.

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