O filme que tantos esperavam finalmente foi lançado no Brasil no último dia 29 de Janeiro. Baseado no musical da Broadway de Stephen Sondheim e dirigido por Rob Marshall, “Caminhos da Floresta” mistura alguns dos clássicos contos dos irmãos Grimm, como “João e o Pé de Feijão”, “Cinderela”. “Chapéuzinho Vermelho” e “Rapunzel”. O enredo é todo voltado para um casal de padeiros que deseja reverter a maldição jogada por uma bruxa em troca de um filho e, no meio disso, acaba se misturando com os contos citados. Dito isso, faço a minha primeira observação: se você não gosta de musicais, não vá assistir, porque o filme inteiro é cantado.
Comentando do filme de maneira geral, sem focar em um elemento específico, ele é bom, possui um pouco de sarcasmo, misturado com paródia, piadas ácidas e, claro, como todo filme da Disney, existe uma mensagem muito boa, que contarei mais pra frente. Assistiria de novo e, óbvio, venho escutando as músicas diversas vezes ao longo do dia. Mas na transição do meio para o final do longa, ficou faltando algo, talvez aprofundar um pouco mais sobre o destino de alguns personagens. Não sei, sai da sala do cinema com a impressão de que faltou alguma coisa que não sei explicar ao certo qual foi.
Agora, analisando o elenco de “Caminhos da Floresta”, não podemos negar que é um elenco e tanto. Em questão de interpretação dos personagens, acredito que a atuação foi muito boa, mas em questão de canto, alguns atores se sobressaíram mais do que outros, como é o caso de Meryl Streep (que concorre como melhor atriz coadjuvante ao Oscar), Emily Blunt, Anna Kendrick e Daniel Huttlestone, que têm vozes fortes e que se encaixaram perfeitamente nas músicas que interpretaram. Já Chris Pine e Johnny Depp deixaram a desejar nesse quesito.
Quanto ao figurino, categoria na qual o “Caminhos da Floresta” está concorrendo ao Oscar, Colleen Atwood realizou um ótimo trabalho. Atenta aos detalhes e aos elementos que o filme lhe forneceu, a música definiu o humor do figurino e, conforme a história ia ficando mais obscura, as roupas ganhavam um tom mais escuro também, ou seja, o figurino acompanhou todas as mudanças temporais e emocionais do filme.
“Caminhos da Floresta” é um filme promissor a ganhar as categorias indicadas ao Oscar, mesmo tendo sido ignorado ao título de melhor filme. Além de todas essas questões técnicas, observando-o com mais atenção, é possível notar que ele carrega temas que levam a uma profunda discussão atualmente. Em primeiro lugar, a mensagem que o filme passa é que ninguém está sozinho. Parece totalmente clichê, ainda mais se tratando de um filme da Disney, mas se pararmos para pensar e esquecer um pouco a fantasia, é possível notar que, sim, ninguém está sozinho.
Todo mundo já passou por alguma situação de perda, confusão ou medo e, muitas vezes, estávamos do lado de alguém que poderia nos ajudar, mas não efetivamente pedimos ajuda, por acharmos que ela não nos entenderia. No fim das contas, sempre teremos alguém por perto para nos ajudar e sempre precisaremos de companhia. Outra detalhe bem interessante foi a questão levantada sobre que nem sempre o bom é o legal ou certo, vai de você decidir quais coisas se encaixam nesses aspectos.
Agora, subjetivamente falando, a cena do Lobo com a Chapeuzinho Vermelho, pode ser considerada uma alusão à pedofilia, devido ao conteúdo da letra da música, que possui aspectos de desejos e luxúria. Eu sei, parece estranho, porém, da mesma maneira que a retirada das asas de Malévola foi considerada uma metáfora de estupro, essa é uma teoria que não se pode deixar de lado, porque é um assunto sério e a Disney vem tratando disso de uma forma subjetiva e que tem funcionado.
Não percam a chance de assistir a este musical. Ele carrega, sim, fatores importantes que merecem uma reflexão. O filme é bom, as músicas são belíssimas e vale a pena ir ao cinema ver em ótima qualidade de som e imagem. Por isso, não percam! E aí, o que vocês acharam? Compartilhem suas opiniões aqui n’O Camundongo.