Menu
in

Carros 3 | Crítica de Fã para Fã

carros-3-critica-inicio-camundongo

“Não tema o fracasso. Tema não ter a chance.”

Sally Carrera

Entre todos os filmes do Pixar Animation Studios, a franquia estrelada por Relâmpago McQueen se tornou um divisor de opiniões, pois, apesar da fraca recepção dos críticos e de boa parte do público, os longas-metragens geraram quantias impressionantes, em razão do grande apelo às crianças, não apenas nas bilheterias, como também pelos produtos inspirados nos personagens.

Depois da segunda aventura de McQueen ter fracassado em receber o apoio dos críticos especializados, o anúncio de Carros 3 foi recebido com grande desconfiança, afinal, parecia uma tentativa de produzir novos brinquedos e trazer ainda mais dinheiro. Parte dessa percepção começou a mudar quando a campanha de divulgação iniciou, ao mostrar o protagonista em um grave acidente.

Todo o material promocional indicava um fechamento de um ciclo. Após mais de dez anos do primeiro filme, no qual era apenas um novato arrogante, McQueen precisa encarar a realidade e aceitar o fato de não ser mais tão jovem, o que está impactando o seu desempenho nas corridas. E de fato, o terceiro filme da saga entrega o que prometia: o fim de um ciclo, com doses de drama e humor.

Considerando o histórico da franquia, Carros 3 é uma obra de alto nível, tanto nos aspectos visuais quanto em termos de roteiro. Os cenários são deslumbrantes e cheios de detalhes, muitas vezes parecendo filmagens de lugares reais – o que, em certos momentos, causa um estranhamento por ser um filme sobre carros falantes – e o visual dos personagens também impressiona, especialmente os novatos.

O roteiro da animação, embora longe de ser considerado um primor, consegue cumprir o seu papel de entreter e emocionar. A história ignora por completo os acontecimentos do longa anterior, servindo como uma sequência direta de Carros (2006). Não há quaisquer menções à trama de espionagem ou ao passeio global feito por McQueen e Mate, inclusive a namorada do guincho, Holly, sequer aparece.

Um dos pontos fracos do roteiro está justamente na exclusão de Mate, porque o caminhão enferrujado funciona como um ponto de equilíbrio para o protagonista, devido a seu carisma e inocência. Nas poucas cenas nas quais aparece, Mate consegue trazer pequenos momentos de emoção, a exemplo de quando conversa com McQueen pelo telefone e o ajuda a solucionar um de seus problemas.

Problemas, aliás, não faltam para McQueen. Além do já icônico acidente e da possibilidade de uma aposentadoria forçada, o corredor tem um novo inimigo: Jackson Storm. Vendido pelo estúdio como um vilão, o personagem foi subutilizado pelos roteiristas e em momento algum assumiu seu posto de antagonista, não sendo uma ameaça crível, apenas agindo como um babaca arrogante ao longo do filme.

No entanto, a outra novata, Cruz Ramirez, acaba por roubar todos os holofotes. Ramirez cumpre o papel de “companheiro do protagonista” no lugar de Mate e é a responsável por trazer mais uma dose de carga dramática para a história de McQueen. A jornada de amadurecimento da jovem treinadora se torna até mais interessante do que os conflitos internos e externos do piloto.

Ramirez e Doc Hudson são a principal razão da animação conseguir comover o público. Com o falecimento de Paul Newman, voz original do personagem, Doc foi excluído do segundo filme. Nessa sequência, é possível sentir sua presença em toda a trama e como o fabuloso corredor influenciou positivamente a trajetória de McQueen, a qual reflete a história de Doc em diversos momentos. É uma linda homenagem.

Também se faz necessário elogiar a dublagem. Com muitos nomes populares, como Fernanda Gentil e Rubens Barrichello, o elenco nacional não decepciona e entrega um trabalho primoroso, mas existem algumas ressalvas. Alguns personagens, como o Doc e a Lizzie, tiveram seus dubladores mudados. Outro ponto negativo é a interpretação de Giovanna Ewbank como Cruz Ramirez.

Giovanna Ewbank não chega a comprometer tanto o resultado final. Seu trabalho vocal é eficiente nos momentos mais cômicos da história, porém, sempre quando Ramirez precisa transmitir uma gama maior de emoções para o público, Ewbank falha e acaba entregando uma performance fraca e sem o mesmo brilho dos demais, dificultando um pouco a conexão dos espectadores com a personagem.

Longe de ser um dos melhores filmes do estúdio e cheio de referências à franquia, Carros 3 funciona como um bonito desfecho para as aventuras de McQueen, enquanto deixa uma abertura para outras histórias, caso o estúdio decida explorar esse mundo automobilístico no futuro. No geral, é uma obra superior aos dois longas anteriores, capaz de nos fazer rir e de nos envolver. Ka-chow!

Escrito por Lucas

Um grande aficionado por cinema, séries, livros e, claro, pelo Universo Disney. Estão entre os seus clássicos favoritos: "O Rei Leão", " A Bela e a Fera", " Planeta do Tesouro", "A Família do Futuro" e "Operação Big Hero".

Leave a Reply

Sair da versão mobile