A Disney apresenta “Malévola”, estrelado pela atriz ganhadora do prêmio da Academia® Angelina Jolie no papel-título. O ano de 2014 marca o quinquagésimo-quinto aniversário da personagem que lançou um feitiço na jovem “A Bela Adormecida”, no longa de animação da Disney lançado em 1959. Desde sua apresentação, Malévola tem sido a vilã mais popular da Disney de todos os tempos. Agora, ela retorna na versão live-action da história clássica — e há muitas coisas sobre ela que nós nunca soubemos.
“Eu adorava a Malévola quando era menina”, diz Jolie. “Ela era minha personagem Disney favorita. Eu tinha medo dela, mas a adorava.” Essa dualidade intrigou o produtor Joe Roth também. “Este filme fala de uma personagem que nós conhecemos bastante e nossa história responde a pergunta ‘Por quê?’. Eu gosto quando o público tem a sensação de entrar num mundo que nunca foi visto antes com a Malévola e eu espero que todos saiam achando que ninguém está acima da redenção.”
“Malévola” explora a história não contada de uma das mais famosas vilãs do clássico “A Bela Adormecida” e os elementos de sua traição que acabaram transformando seu coração puro em pedra. Motivada por vingança e um impetuoso desejo de proteger a região que domina, Malévola cruelmente lança uma maldição irrevogável em Aurora, a filha recém-nascida do rei. Conforme a criança cresce, Aurora se vê no meio de um complicado conflito entre o reino da floresta no qual cresceu e ama e o reino humano que guarda o seu legado. Malévola percebe que Aurora pode ser a chave para a paz da região e é forçada a tomar medidas extremas que mudarão os dois mundos para sempre.
Dirigido pelo desenhista de produção duas vezes ganhador do Oscar® Robert Stromberg (“Avatar”, “Alice no País das Maravilhas”), e é sua estreia na direção, o filme é produzido por Joe Roth. O roteiro é de Linda Woolverton (“O Rei Leão”, “A Bela e a Fera”) e a produção executiva é de Angelina Jolie, Don Hahn, Palak Patel, Matt Smith e Sarah Bradshaw.
O filme é coestrelado por Sharlto Copley (“Distrito 9”), Elle Fanning (“Super 8”), Sam Riley (“Na Estrada”), Imelda Staunton (“O Segredo de Vera Drake”), Juno Temple (“Desejo e Reparação”) e Lesley Manville (“Segredos e Mentiras”).
A equipe técnica inclui o cinegrafista ganhador do prêmio da Academia® Dean Semler (“Dança com Lobos”, “Na Terra de Amor e Ódio”), os desenhistas de produção Gary Freeman (“O Resgate do Soldado Ryan”, “Supremacia Bourne”) e Dylan Cole, a figurinista duas vezes indicada ao Oscar® Anna B. Sheppard (“A Lista de Schindler”, “O Pianista”), o maquiador sete vezes ganhador do prêmio da Academia® Rick Baker (“Planeta dos Macacos”, “Homens de Preto”) e os montadores Chris Lebenzon (“Alice no País das Maravilhas”, “Frankenweenie”) e Rick Pearson (“Voo 83”, “Homem de Ferro 2”).
Adaptando a Fábula da Bela Adormecida
A personagem Malévola foi uma criação da Disney apresentada pela primeira vez no filme de animação de 1959, “A Bela Adormecida”. Mas a história da princesa que é amaldiçoada por um feitiço que a faz dormir eternamente é contada desde o início dos tempos das fábulas.
A história da Bela Adormecida evoluiu — com diferentes títulos — ao longo de aproximadamente 400 anos (1.000 se contarmos alguns elementos convergentes dos tempos medievais). As origens mais antigas escritas da história podem ser encontradas em um livro francês, Perceforest, (autor desconhecido) escrito em 1527 até num conto do autor italiano Giambattista Basile (1636) chamado Sun, Moon & Talia de uma coletânea intitulada The Tale of Tales, que em geral é aceita como a primeira coletânea de fábulas impressa.
Em 1697, uma versão da história, The Beauty Asleep in the Woods, foi publicada por Charles Perrault em seu livro, The Tales of Mother Goose. Os irmãos Grimm usaram essa versão como base para escreverem a história de 1812 de uma bela princesa que é despertada de um feitiço, Little Briar Rose.
A origem de Malévola como uma personagem feminina do mal não é tão clara. A história de Basile fala de uma rainha como uma vilã invejosa e vingativa, mas ela era casada com o rei e não uma forasteira independente que lança uma maldição na família real. A vilã foi mudada para uma fada malvada por Perrault, cuja versão era a mais próxima da de Disney. Perrault também inseriu o elemento de um belo príncipe cujo beijo poderia quebrar o feitiço.
Então ficou para os escritores, animadores e a atriz Eleanor Audley no século 20 reinventar Malévola no clássico da Disney “A Bela Adormecida”. O filme levou 10 anos para ser feito e custou $6 milhões. Foi o filme mais caro que o estúdio havia produzido até aquele momento. Malévola permanece a favorita e mais temida personagem da galeria dos vilões da Disney.
O produtor Joe Roth fez uma escolha ousada ao colocar o diretor estreante Robert Stromberg no comando de um filme tão grande. “Rob Stromberg havia acabado de concluir o trabalho junto comigo em ‘Oz: Mágico e Poderoso’”, diz Roth. “Eu conhecia seu trabalho com desenho de produção dos ganhadores do Oscar® “Avatar” e “Alice no País das Maravilhas””.
“Quando a Disney me falou sobre este projeto, eu já tinha feito vários tipos de filmes com grandes visuais e aprendido que as pessoas tomam a decisão de ir ao cinema muito antes de saber sobre o que é o filme”, continua Roth. “As pessoas pegam a ideia de alguma apresentação visual que viram antes de qualquer outra coisa. Então, eu pensei, Angelina é uma atriz experiente, Robert será um grande diretor e se ele conseguir conferir um estilo visual distinto como fez em “Avatar”, “Alice no País das Maravilhas” e em “Oz: Mágico e Poderoso”, eu acho que será um bom casamento”.
Stromberg não se intimidou com os desafios de uma atriz famosa e o grande orçamento em sua estreia na direção. “Eu comecei como artista — fazendo desenhos a lápis quando criança até pintura matte, direção de arte e desenho de produção”, diz o diretor. “Eu acho que como artista, você sempre procura as maiores telas que pode encontrar e esta foi mais uma grande tela a ser conquistada. Eu achei intrigante abordar algo que era maior que tudo que eu já tinha feito. E isto veio na hora certa, bem quando eu procurava o próximo desafio na minha carreira”.
Stromberg chegou à produção com uma clara ideia de como o filme deveria ser apresentado visualmente. “O que eu queria neste filme era não só ter um elemento de fantasia e uma qualidade surreal, mas que “Malévola” fosse um pouco mais fundamentado na realidade”, explica Stromberg. “Em alguns dos meus filmes anteriores, eu peguei elementos surreais e os tornei os pontos mais fortes. Nós usamos a abordagem oposta: começamos com o real e engrandecemos. Então, eu acho que é uma nova visão”.
“Para mim, como diretor, era importante reter elementos suficientes de “A Bela Adormecida” para que as pessoas que são fãs do original não fiquem decepcionadas quando assistirem a este filme”, explica Robert Stromberg. “Achei que era importante que as pessoas não só vissem a personagem clássica com uma nova luz, mas também vissem a origem dos elementos da história dos quais elas se lembram do filme original”.
Para mesclar o velho e o novo em um roteiro final, a Disney contratou a escritora Linda Woolverton. “No tempo em que estive na Disney como executivo e também produtor, Linda Woolverton é a escritora mais importante que a Disney já teve”, diz o produtor Joe Roth. “Ao longo dos últimos 20 anos, ela escreveu “A Bela e a Fera” e “O Rei Leão” na área de animados e “Alice no País das Maravilhas” na de live-action. Mais do que qualquer outro escritor, ela realmente teve a noção do que é um filme da Disney”.
Woolverton começou seu processo de descobrir a vida secreta de Malévola assistindo ao filme de animação da Disney “A Bela Adormecida”. “Depois que eu assisti ao filme, eu tive umas ideias que revelam mais sobre a personagem”, explica Woolverton. “Eu criei um passado para ela que leva a um momento singular no qual ela amaldiçoa a bebê Aurora e a partir daí nós vemos o ponto de vista da Malévola até o fim do filme. Mas é uma reinvenção; não estamos contando a mesma história”.
Além do desafio de reinventar um conto de fadas marcante para todas as crianças nascidas nos últimos 50 anos, Woolverton teve que honrar a icônica personagem que Disney criou e a talentosa atriz que interpreta o papel. “A personagem realmente é fantástica e assim que confirmamos Angelina Jolie, minha tarefa foi fundir com perfeição as duas em uma para recriar a clássica, mas inteiramente única Malévola”, diz a escritora.
Compondo o Elenco
Angelina Jolie interpretando o papel-título de “Malévola” foi uma decisão tomada bem longe das salas comuns de teste. “Mesmo antes de estar envolvido com este projeto, eu soube que Angelina estaria envolvida e eu pensei, ‘Que escolha perfeita’”, recorda-se Stromberg. “Basta olhar uma foto dela e a imagem da Malévola para ver que é uma combinação dos céus.”
“Eu fiquei muito comovida com o roteiro quando o li pela primeira vez”, diz Jolie. “Foi como desvendar um grande mistério. Todos conhecemos a história da Bela Adormecida e conhecemos a Malévola e o que aconteceu no batizado, porque nós crescemos com isso. Mas o que nunca soubemos é, o que aconteceu antes?”.
Malévola é uma personagem complexa com muitas camadas; ela é motivada por vingança, mas protege ferozmente a terra que ela ama e todos que vivem lá. Falando da personagem e o que ela gostaria que as pessoas levassem para casa depois de assistir ao filme, Jolie diz, “Eu espero que especialmente as meninas vejam a importância de ter senso de justiça e pelo que vale a pena lutar. Elas verão que podem ser guerreiras e ao mesmo tempo doces, femininas e sentir profundamente, com todas as complexidades que as mulheres têm”.
Se Malévola há muito tempo é um símbolo de uma mulher obscura, a personagem Aurora sempre simbolizou a leveza e a inocência. Ao escolher a atriz para o papel da princesa que é alvo do feitiço de Malévola, os cineastas escolheram uma das atrizes mais talentosas de sua geração, Elle Fanning.
“Elle é Aurora”, comenta Jolie. “Desde o momento em que a conheci, ela é simplesmente a luz do sol. Ela é uma jovem mulher maravilhosa, gentil e inteligente”.
“Elle é fantástica e eu tenho muito respeito por ela”, acrescenta o diretor. “Ela não é só bonita, é também uma tremenda atriz; ela fará coisas maravilhosas no futuro e é um prazer trabalhar com ela no set. Ela tem um sorriso para cada pessoa”.
Para Fanning, conseguir o papel foi um sonho que se realizou. “É tudo que eu sempre sonhei”, diz a jovem atriz. “Acho que a partir do momento em que vesti seu primeiro figurino, fiz o cabelo e tudo mais, tem sido muito especial interpretar uma personagem tão icônica”.
O pai da Aurora no filme, o rei Stefan, era motivado por uma ambição cega de se tornar rei e nada o deteve até conseguir seu objetivo. Sharlto Copley interpreta o complexo personagem cuja jornada de um rapaz inocente a um monarca vingativo é uma revelação para as pessoas que conhecem o original.
“Eu gosto de personagens que passam por uma jornada significativa e Stefan passa por uma bem profunda, a de um plebeu que se torna um rei poderoso”, diz Copley. “Stefan é ambicioso e acha que ele merece mais respeito do que recebe do mundo”.
Embora Stefan comande o reino humano, ele tem aliados no reino mágico da floresta. Três fadas—Knotgrass, Flittle e Thistlewit, que temem e se sentem alienadas por Malévola — são escolhidas por Stefan para criar sua filha até o dia após seu 16º. aniversário. O rei não podia ter feito pior escolha com relação às guardiãs com habilidades para cuidar de criança.
“As fadas são o aspecto cômico”, diz Roth. “O trabalho delas é criar Aurora até que ela complete 16 anos de idade e elas têm tanto talento para cuidar de criança quanto eu para pilotar uma nave espacial. Nós escolhemos duas atrizes mais velhas e experientes e uma mais jovem. Knotgrass, que é a líder das três, é interpretada por Imelda Staunton, que foi indicada ao Oscar® por “O Segredo de Vera Drake” e fez parte do elenco de “Harry Potter”. Sua parceira é Lesley Manville, que interpreta Flittle. Na vida real, Imelda e Lesley são melhores amigas e têm ótima química juntas.
“Nós decidimos ter alguém bem mais jovem para a terceira fada, Thistlewit. Escolhemos Juno Temple, que atuou em Batman. Eu a conhecia porque ela foi uma das finalistas para interpretar Alice em “Alice no País das Maravilhas”. Então, eu a guardei na cabeça e quando nós decidimos escalar uma atriz mais jovem, bonita e com cabelos cacheados louros, ela foi a escolha”.
“Knotgrass é a fada mais importante para ela mesma”, diz Imelda Staunton. “Ela é bem mandona, muito organizada e tem tudo sob controle. Ela se autodenomina a adulta entre elas”.
“Flittle consegue fazer tudo ficar azul”, diz Lesley Manville sobre sua fada. “E ela acha que tudo deveria ser azul. Há uma cena na qual ela transforma o vestido de alguém de amarelo em azul e fica indignada quando a pessoa quer que o vestido volte a ser amarelo”.
“Thistlewit é a mais jovem”, explica Juno Temple. “Ela é ingênua, inocente e distraída por natureza; ela só quer sentir o perfume das flores e dançar”.
Malévola tem uma companhia constante que foi vista apenas como um corvo no original de animação, mas que neste filme, Malévola transforma em homem quando lhe convém — ou em cavalo, dragão ou lobo. Em qualquer forma, o personagem Diaval, interpretado por Sam Riley, é o leal companheiro de Malévola. Durante os 16 anos que eles ficaram juntos observando o crescimento de Aurora, ele desenvolveu uma ternura por Malévola.
“Meu personagem é essencialmente um corvo, mas ele é um corvo bem orgulhoso — quase vaidoso”, explica Riley. “Ele foi salvo por Malévola de um fazendeiro e seus cães e se tornou seu leal aliado, ele é capaz de voar e espionar por ela. O relacionamento deles floresce e Diaval desenvolve uma afeição por ela. Ele é o único personagem capaz de dizer a ela quando ela exagera e que de fato sabe o que ela pensa”.
Completando o elenco, os cineastas escolheram Kenneth Cranham para o benfeitor de Stefan, rei Henry, e o novato Brenton Thwaites, como o belo príncipe Phillip.
O Visual de Malévola
Dar vida a malvada Malévola em um filme de ação ao vivo envolveu não só talentos aclamados como a atriz ganhadora do Oscar® Angelina Jolie, como também uma equipe de artistas e desenhistas que se dedicaram a criar o estilo único da vilã.
Todos que conhecem o clássico da Disney “A Bela Adormecida” sabem como era a Malévola da animação, então acertar esse visual para um filme com atores era uma tarefa importante para Stromberg e Angelina Jolie. “Angelina era realmente apaixonada não só por quem a personagem era, mas pelo visual dela”, conta Stromberg. “Nós trabalhamos juntos para criar uma personagem que não fosse uma imagem estereotipada, mas ficasse tão parecida quanto possível para que as pessoas a reconheçam imediatamente como Malévola.”
Recriar os trajes de Malévola do filme de animação para um filme live-action ficou a cargo da figurinista baseada em Londres, Anna B. Sheppard, conhecida pelo trabalho em “A Lista de Schindler”e “O Pianista”, ambos indicados ao prêmio da Academia®. A figurinista ficou responsável por criar dois mundos bem diferentes, um com criaturas que vivem numa floresta de fábula e o outro com humanos. Sheppard começou seu processo com uma pesquisa que a guiou do século 15 até o período da Renascença com artes da França e Itália, incluindo pinturas, desenhos e esculturas.
O visual da personagem Malévola do filme animado de 1959 foi feito pelo animador Marc Davis, que tem crédito pela criação dos chifres de Malévola e do desenho de seu estilo elegante, com capas fluidas e golas altas, então Sheppard começou com essas referências para o estilo específico de Malévola. Depois de assistir ao clássico “A Bela Adormecida”, Sheppard incorporou os elementos de desenho e observa, “A persona que chega diretamente a você neste filme é Malévola. As cores que eu usei são semelhantes às dos desenhos animado da Disney. Eu acho que na cena do batizado, Malévola está exatamente como todos esperam que ela esteja. É a Malévola da versão animada, só que mais bonita”.
Embora Sheppard tenha desenhado o estilo e o formato dos trajes de Malévola, ela diz que não teria conseguido o visual completo sem a colaboração de desenhistas especializados que foram contratados para trabalhar com Angelina Jolie para ajudar a criar o estilo da personagem. “Os trajes da Malévola evoluíram de cores musgosas e tecidos esvoaçantes para se tornar mais escuros e com formas esculturais, com tecidos bem mais pesados e muito volume”, explica Sheppard. “Para conferir um visual muito mais sinistro e obscuro à personagem, desenhistas especializados criaram acessórios com pelo, couro e penas artificiais”.
Um dos primeiros elementos do figurino a ser criado foram os chifres e o contorno facial da Malévola já que esses elementos eram intrínsecos para criar o estilo total da Malévola. O maquiador de efeitos especiais sete vezes ganhador do prêmio da Academia®, Rick Baker, ficou responsável pelo processo. Baker logo começou com uma pintura digital do que ele achava que deveria ser o visual da Malévola. “Eu achei que para Angelina Jolie não é preciso fazer muito. Para mim, talvez fosse o caso de fazer só os chifres e as orelhas. Eu não mexi muito no rosto dela”, diz Baker.
Mas com as ideias de Angelina Jolie, o desenho evoluiu. Como explica Baker, “Angelina queria usar acessórios para o visual de Malévola, então eu fiz alguns desenhos com acessórios bem sutis. Ela também queria um nariz, que na verdade eu achava que poderia dar a ela um visual mais Malévola. Acabamos com vários conjuntos de bochechas, orelhas e chifres nos estágios iniciais. Primeiro fizemos esboços e depois esculpimos com gesso a cabeça dela, e fizemos peças para ela analisar”.
Baker criou bochechas, um nariz e orelhas de silicone e gel para Jolie. As bochechas da Malévola parecem bem proeminentes no filme, mas a peças são, na verdade, bem pequenos. Baker explica, “É incrível porque as peças têm menos de 0,6 cm nos pontos mais grossos e só uns 1,3 cm de largura. Elas se encaixam no topo das maçãs do rosto”.
O artista de efeitos especiais de maquiagem Arjen Tuiten estava diariamente no set para transferir os desenhos de Baker para Angelina Jolie. “Era importante para Rick [Baker] que todas as próteses de Angelina se ajustassem aos ângulos do rosto dela”, explica Tuiten. “A partir do molde em gesso de sua cabeça, nós criamos bochechas e orelhas de borracha, seguindo o contorno. Todo o processo de aplicação, incluindo o cabelo, que levava uma meia hora, durava cerca de quatro horas todas as manhãs. Angelina foi muito paciente durante o processo.”
Voltando sua atenção para os chifres, Baker enfrentou vários desafios. “Os chifres acabaram sendo uma das maiores questões porque ninguém ia querer andar por aí com grandes chifres na cabeça”, conta Baker. “Então, eu quis fazê-los os mais leves possíveis, e removíveis porque quando você tem algo espetado 30 cm acima da cabeça e não está acostumado, você acaba batendo nas coisas.”
Baker e sua equipe esculpiram pelo menos quatro tipos diferentes de chifres. “Eu fiz alguns desenhos e modelei alguns deles no computador”, diz Baker. “E acabamos esculpindo todos. Escolhemos um que gostamos mais e fizemos todo o trabalho usando esse desenho.”
Por questões de conforto, os chifres são muito leves e finos, e feitos de resina de uretano. “Depois de muita experimentação, acabamos basicamente com um capuz de grande formato que tinha na base uns 2,5 cm dos chifres”, explica Baker. “O resto dos chifres era preso com um ímã. Eram ímãs bem fortes que seguravam os chifres no lugar, mas podíamos tirá-los entre as cenas.”
Os ímãs também protegiam Angelina Jolie enquanto realizava trabalhos com cabo ou cenas de ação. “Se algo batesse, eles se desconectavam facilmente”, diz Baker. “Mas, por causa disso, tivemos que fazer muitas duplicatas porque se eles caíssem, quebravam. Também tivemos que fazer uma versão dos chifres que tinha mais borracha para as cenas de ação, para que ninguém se machucasse. Fizemos muitas experiências para descobrir como mantê-los presos na cabeça dela e como torná-los facilmente removíveis. Felizmente, os chifres tinham uma textura esculpida de linhas, basicamente como uma linha de crescimento, que se tornaram bons pontos de conexão. Nós certamente fizemos pelo menos 20 conjuntos de chifres de diferentes tipos e substituições.”
A pele verde de Malévola em “A Bela Adormecida” não é vista no live-action “Malévola”. “Nós queríamos que ela tivesse um visual bonito e atraente”, informa Baker. “Isso era importante e não queríamos que ela ficasse com uma aparência de criatura. Manter o visual identificável pareceu a coisa certa a fazer neste filme.”
Baker também mandou fazer lentes de contato para complementar o visual da Malévola de Jolie. “Angelina as desenhou”, diz Baker. “As lentes foram pintadas à mão por um artista que é especialista no ramo. Eu conheço uma moça que sempre faz as lentes para nós e nós tiramos fotos desses olhos um pouco maiores.”
Depois que os chifres foram desenhados e construídos, o chapeleiro Justin Smith veio a bordo para desenhar a cobertura dos chifres e todos os adereços de cabeça para a Malévola de Jolie. Seu primeiro passo foi ter uma noção dos figurinos que Anna Sheppard havia criado para a personagem, e depois ele aplicou seus talentos específicos para ajudar a criar um visual icônico baseado na personagem original do filme de animação. Ao explicar sua abordagem, Smith comenta, “Eu criei vários adereços de cabeça para ela. Os desenhos emergiram da história de Malévola e, é claro, inclui chifres. Eu trabalhei no desenho e na criação dos visuais que capturariam a tensão entre perigo e mágica para se tornar uma versão de alta-costura contemporânea do animado dos anos 1950”.
Para fazer o desenho básico dos adereços de cabeça, Smith conversou com a estrela do filme Angelina Jolie. “Angelina queria algo que cobrisse a cabeça e o cabelo não aparecesse, mas também não queria um turbante ou um tecido enrolado na cabeça. Então, foi uma conversa bem específica e levou um tempo até eu entender aonde ir, e tentar criar uma identidade para ela.”
“Tem pele de cobra, couro bem fino e pele de peixe, e tudo se baseou em silhuetas bem simples, com uma técnica que parece que está torcido e enrolado ao redor da cabeça de uma maneira fácil”, conclui Smith.
Para criar seus desenhos, Smith buscou referências que já estivessem estabelecidas e depois expandiu a partir de lá. “Obviamente, há um tema que tínhamos que criar e muitos dos tecidos já haviam sido fornecidos”, diz Smith. “Então, eu analisei tudo e vi um visual que podia usar para combinar com todo o resto dos figurinos. Eu usei muitas das minhas próprias técnicas e habilidades para desenvolver o ofício de chapeleiro nos dias modernos. Muitas das minhas referências são artistas como Michael Parkes, que é um dos meus favoritos, especialmente suas belas e elegantes litografias. Depois, eu usei vários livros que sempre uso no meu trabalho.”
Com esses recursos, Smith manipulou suas técnicas e ideias junto com os figurinos. “Eu tentei criar, espero, coisas novas e um pouco ousadas, um pouco futurísticas, mas nada tão assustador que se destacasse de tudo mais”, explica Smith. “Tem a ver com complementar o visual todo para que tudo funcione em harmonia.”
Usando a história como guia, com suas várias referências de animais e criaturas do reino da floresta, Smith trabalhou para agregar influências animais ao visual de Malévola. “A ideia era de que o adereço de cabeça não fosse estruturado, que não tivesse costura”, explica o chapeleiro. “Eles parecem muito manufaturados, com mais peles e tecidos que seriam obtidos a partir da floresta. Era como se Malévola tivesse os enrolado na cabeça. A ideia era que eles parecessem muito fáceis e naturais.”
Smith criou seis diferentes adereços de cabeça que correspondem às estações e cenas específicas. Ao descrever alguns dos diferentes visuais, Smith diz, “Tem o visual verão, que é uma pele de cobra enrolada na cabeça. Temos o do batizado, que é um turbante de couro com espinhos cobertos com couro. Temos o visual primavera, que é uma tira estreita de couro costurada de modo a criar um efeito de nervuras e depois fortemente envernizado e pintado. E temos o adereço de arraia. Tem uma arraia no topo e couro nas laterais”.
Nenhum figurino estaria completo sem os sapatos e os acessórios, então Rob Goodwin, um designer de sapatos, assumiu a função de especialista em couro. Goodwin abordou sua tarefa com uma visão, como ele explica, “Malévola é uma personagem obscura e complexa, então busquei inspiração nas tendências mais ousadas da moda contemporânea que contrastam e complementam a abordagem e a visão da equipe de figurino já estabelecida. Eu queria inserir um toque ousado, estiloso e um componente estético mais agressivo na mistura, o que eu acho que nos ajudou a criar uma nova e marcante versão desta vilã de conto de fadas. Eu trabalhei com uma pequena equipe de desenho e com Angelina para encontrar e refletir a personalidade distinta de Malévola nas roupas que ela usa”.
Goodwin admite que a maior parte de sua inspiração veio de Angelina Jolie. Ele comenta, “A maior parte da minha inspiração veio de conversas com Angelina, que incorporou inteiramente a personagem. Ela conhece muito sobre a cultura visual do passado e do presente, então partimos de nosso próprio conhecimento e de referências para desenvolver a aparência de Malévola”.
Goodwin trabalhou com couros, e combinou tudo com penas, contas e outros materiais. “Esses materiais têm uma elegância selvagem, as escalas e as texturas das superfícies sugerem que Malévola é, de alguma maneira, não humana”, explica Goodwin.
Os maiores desafios de Goodwin foram as cenas de batalha. “Desde o início, eu tinha uma ideia para o capacete e os sapatos para ela usar nas cenas de batalha, que precisavam ser fortes, eficientes, mas elegantes. A forma esculpida do capacete é coberta com couro que parece de réptil, e este detalhe também se vê nas botas, que têm saltos customizados como ossos. Juntas, essas peças foram as mais desafiantes e também as minhas favoritas.”
Manuel Albarran se juntou à equipe para desenhar os acessórios de Malévola, tais como as joias e golas que complementam o visual. Albarran fala sobre sua contribuição, “Eu desenhei principalmente os acessórios para Malévola: golas, anéis, broches, pulseiras, peças de ombro, espinhos”.
Albarran imaginou o visual de Malévola como muito orgânico e com base na natureza, maximizando o uso de materiais naturais. “Como estou acostumado a usar metais e materiais incomuns nas minhas criações, eu busquei lendas, história e arquitetura como inspiração inicial para meus desenhos. E depois, eu inventei e desenvolvi as técnicas necessárias para criar minhas visões e as peças de verdade.”
Os materiais que Albarran usou para criar seus desenhos incluem vários metais, como ouro, latão e cobre, pedras preciosas e cristais, diferentes couros, penas e outros materiais naturais para “criar trajes que seriam belos, mas também sombrios e poderosos — como a própria Malévola”, diz o desenhista.
As golas que Albarran desenhou para Malévola eram todas diferentes na estrutura e nos materiais. “As golas eram todas femininas e elegantes na personagem, mas também poderosas e obscuras no ambiente”, explica Albarran. “Realmente orgânicas. Algumas tinham estruturas bem detalhadas. Por exemplo, eu criei golas em que a gola, os ombros e a espinha eram todos conectados como uma peça única em couro para formar uma base estrutural, onde depois eu acrescentei várias peles, penas, etc, para criar o desenho final.”
Ao descrever seu desenho favorito, Albarran diz, “Minha peça favorita foi a gola com penas nos ombros presa a um delicado espinho. Eu coloquei camadas pintadas à mão de penas de pato, as cores variavam de diferentes tonalidades de cinza até azuis e verdes, para a estrutura, que forma os ombros e o espinho, criando um visual bem orgânico. O espinho, eu criei usando uma base de metal, que cobri com couro. A silhueta desta peça é muito elegante e feminina, mas também poderosa”.
Solicitado a usar suas habilidades com couro de diferentes maneiras, Albarran recebeu a tarefa desafiante de criar o traje completo que Angelina Jolie usa na cena final de batalha do filme. Albarran explica, “Desenhar o figurino foi o primeiro passo. Depois era necessário dar vida ao desenho. Isso envolveu muitas complicações técnicas, já que eu tinha que garantir que ela pudesse se movimentar, pular e lutar enquanto usasse o figurino. Eu precisei fazer muitas amostras diferentes para poder verificar a mobilidade e o equilíbrio antes que o desenho pudesse ser finalizado”.
Nenhum visual estaria completo sem a bela maquiagem, e é aí que entra Toni G, o maquiadora pessoal de Angelina Jolie. Para começar o processo de desenho da maquiagem de Malévola, Toni G buscou inspiração na natureza. Ela explica, “A história tem muito a ver com natureza e isso com certeza deflagrou um visual mais ligado à natureza e aos tons marrons. Com a paleta nós queríamos uma combinação de cores que pudesse ser usada em variações, tais como concreto, marrom-acinzentado, para dar um contorno mais natural e um marrom mais escuro (terra) e preto (carbono) para acrescentar um toque dramático aos olhos, com um pouco de dourado para iluminar que complementaria o amarelo das lentes de contato”.
Como os lábios vermelhos faziam parte do desenho clássico de Malévola, foi um elemento importante de reter nesse visual no personagem live-action. “Nós experimentamos muitos vermelhos; queríamos um vermelho muito vivo, mas também precisava ter a uniformidade certa e ser totalmente pigmentado com um toque de brilho. Adorei a cor que acabamos escolhendo, é muito dramática!”
Depois que o artista de maquiagem especial Arjen Tuiten aplicou as próteses e fez uma pintura leve para combinar com a pele, Toni G começou seu trabalho. “Nós começamos destacando e iluminando o triângulo embaixo dos olhos e indo para a parte externa das bochechas até a parte inferior do nariz. Basicamente o mesmo princípio de uma maquiagem normal.”
A abordagem de Toni G da maquiagem para Malévola foi “encontrar uma maneira de dar vida à animação”. Ela elabora, “Além das próteses, seus olhos foram o modo perfeito de alcançar isso. Eu me inspirei na pedra labradorita. Os esquimós a chamam de Aurora por causa das mudanças dimensionais de cor dependendo de como a luz incide nela. Lindos verdes, azuis e amarelos. Ela usou lentes de contato muito detalhadas pintadas com essas cores. Foi a maneira perfeita de ajudar para que ela parecesse mágica”.
Trabalhar com lentes de contato e maquiagem de olhos foi o equilíbrio perfeito para Toni G. “Essas lentes faziam seus olhos sobressaírem muito mais, então se usássemos cores mais fortes nos olhos, perderíamos o equilíbrio”, afirma a maquiadora. “As lentes deviam ser uma parte de quem ela era com seu rosto natural. Quisemos manter uma sensação de identificação natural, mas com uma noção forte da Malévola clássica. Queríamos encontrar o que funcionava na história e também garantir que não se tornasse uma distração exagerada como uma maquiagem teatral.”
As unhas de Malévola também tinham um visual especial. Elas foram pintadas por baixo com preto e por cima com um esmalte perolado, mas para a cena do batizado, as unhas foram pintadas de vermelho sangue por baixo.
Embora Toni G tenha gostado da transformação que levou Angelina Jolie de seu estilo estrela do cinema para a malvada Malévola, ela ficou preocupada com o uso da cola para aplicar as próteses. “Foi eletrizante para Angelina usar próteses e aquela transformação toda, mas eu fiquei preocupada com a pele dela ao colar peças durante quatro meses! Mas deu tudo certo. Nós optamos por uma mistura de coco e óleo de argan para remover, o que pareceu realmente ajudar a evitar que sua pele ficasse irritada com removedores de cola fortes.”
Mas Toni G admite que o aspecto mais desafiante do desenho de maquiagem foi encontrar o equilíbrio. Ela explica, “A questão sempre foi encontrar o equilíbrio certo de tudo. Quando víamos um novo traje, tínhamos de decidir o que queríamos fazer com seus olhos e pensar sobre a emoção da cena. Sempre parecíamos girar em torno de termos de encontrar um equilíbrio entre figurino e onde ela estava no filme”.
O Figurino
Ao assumir a tarefa de criar figurinos para o restante do elenco, Anna Sheppard enfrentou o desafio de criar uma realidade híbrida, misturando os limites do mundo das fábulas e o mundo humano medieval. “Minha primeira impressão foi a de que eu teria que basear meus figurinos em um período específico”, explica Sheppard. “Mas logo ficou claro para mim que eu devia esquecer isso e deixar minha fantasia fluir com as visões de Rob, porque ele é incrivelmente visual e é capaz de descrever as coisas muito bem. Então, eu sabia que eu teria de ultrapassar o limite e entrar totalmente na terra da fantasia.”
Mas além de alternar seus desenhos entre o mundo das fadas e o dos humanos, havia um número de categorias dentro desses mundos que tinha que ser criado. No geral, ela e sua equipe criaram mais de 2.000 trajes à mão.
“Minhas maiores preocupações eram os dois exércitos, porque eu tenho que admitir, sou melhor com trajes civis do que com trajes de exército medieval”, diz Sheppard. “Foi muito arriscado porque eu decidi fazer o exército do rei Henry de amarelo — um amarelo meio mostarda — com acabamentos em vermelho. Eu estava meio entediada com o fato de todos os exércitos usarem marrom; eu apenas imaginei este exército na floresta verde usando amarelo. E quando a primeira amostra da minha armadura chegou, fiquei extasiada.”
Sheppard criou 300 desses uniformes e mais 300 trajes humanos para cortesões, servos, visitantes nobres do batizado e outros, incluindo 35 ferreiros que forjam a proteção para as muralhas do castelo. Só Stefan de Sharlto Copley tinha 17 trocas de figurino.
Ao comentar sobre os vários trajes de Stefan, Sheppard conta, “Sua história no filme cria essa linha, porque ele começa como um menino humano em um traje camponês. Depois, vai para a corte do rei Henry, torna-se um servo e usa trajes dados pelo rei. E, é claro, ele sobe de posto e cria seu próprio reino, no qual modifica tudo. Minha ideia era criar duas cortes diferentes, uma em tons de vermelho, dourado, cores quentes, amarelo e cores muito pitorescas para o rei Henry, e para a corte de Stefan, cores frias, azuis, pretos, cinzas, verde musgo e roxo escuro. É um mundo completamente diferente que ele criou para si. Então, Sharlto acabou com mais trajes do que Malévola e Aurora juntas”.
Sheppard manteve os figurinos de Elle Fanning para Aurora bem simples para se adequar à natureza da personagem. “Os figurinos de Elle são bem simples porque ela interpreta uma personagem muito inocente e bela. Ela é muito bonita, e eu não queria que o traje dominasse quem ela é no filme. Eu não queria trajes muito complicados. Nós só precisávamos de formas e cores bonitas que combinassem com ela.”
Além desenhar os figurinos que se encaixassem na personalidade de Aurora, Sheppard criou um padrão sutil de cores para conectar Aurora à sua mãe, a rainha Leila. “Todos os meus figurinos, de alguma forma, têm ligação com o passado. Eu uso as mesmas cores para Aurora e para a mãe dela. Então, quando vemos a mãe dela pela primeira vez, ela usa um belo vestido amarelo claro. Quando vemos Aurora adulta, ela usa um vestido amarelo.”
A figurinista acrescenta, “Eu percebi que o vestido mais importante, que nós vamos ver por um longo tempo, é o vestido no qual ela adormece. Eu segui a mesma cor que usei para a mãe dela no batizado, que é azul. Então, quando Stefan a encontra depois de 16 anos, ela se parece muito com a mãe, nas cores”.
Encontrar o visual de Diaval foi um desafio interessante para Sheppard. “Eu baseei Diaval em um astro do rock e achei que ele poderia usar preto. Sam Riley é muito bonito, então eu só o vesti com calças e botas de couro e um grande casacão — um casacão bem surrado. Depois, em nossas conversas com Rob Stromberg, ele disse que as roupas viriam de um espantalho na cena. Então, eu disse, ‘Ah, então será um espantalho muito moderno, porque ele vai usar preto’.”
Para um ator, o figurino pode ajudar a definir um personagem. O traje da fada de Juno Temple traz a luminosidade e diversão à sua personagem, Thistlewit. “Eu adoro meu figurino”, diz Temple. “É extraordinário — tipo um grande corpete verde. Eu sou muito verde porque sou a fada verde. É um corpete justo de renda que amarra nas costas, um lindo vestido longo em tom amarelo mostarda, e um toque manchado em verde na bainha. Eu uso meias amarelas e sapatos verdes. Também uso uma bolsa feita de couro verde e tenho várias camadas quando estou ao ar livre. Meu cabelo é feito de dentes-de-leão incríveis e eu uso lentes de contato verdes brilhantes.”
Embora o guarda-roupa tenha ajudado os atores a definirem seus personagens, os astros ficaram ocupados desenvolvendo seus personagens de outras maneiras, estudando sotaques e movimentos. “Os cineastas tinham a ideia de que todas as criaturas de contos de fadas seriam de origem celta”, explica Riley. Então, o sotaque irlandês ou escocês ajudou a acrescentar um tom engraçado. Então, eu estudei com um professor de dialeto e havia dois professores fantásticos no set para nos ajudar o tempo todo.
“Eu estive com especialistas em movimento em Berlim, onde eu moro, e também em Londres, que me ajudaram a estudar sobre o movimento dos corvos. Esses foram os momentos mais constrangedores pelos quais já passei para me preparar para um filme — correr sem parar dentro de uma sala enorme batendo os braços, fazendo barulhos. Mas depois que você passa por isso e ninguém está assistindo, aí você fica bem menos envergonhado de fazer essas coisas estranhas diante de 50 pessoas.”
Magia nos Bastidores
A produção de “Malévola” teve início em 11 de junho de 2012, no famoso Estúdio Pinewood da Inglaterra, onde a maior parte da filmagem foi feita. Foram necessários cinco meses de filmagem em seis estúdios de som e milhares de quilômetros de terreno e áreas verdes para completar a fotografia principal.
A produção tinha um número extraordinário de cenários físicos. Os desenhistas de produção Gary Freeman e Dylan Cole, junto com o decorador de cenário Lee Sandales, trabalharam com Stromberg para criar cenários de interior e exterior à altura de uma filmagem épica. “Nós construímos muitos cenários”, diz Freeman. “Uns 40 cenários, de um quarto com 13 metros quadrados a um salão de 465 metros quadrados. Eram cenários bem complicados, do ponto de vista de arquitetura e técnico. São vários tipos desenhos, de paisagens pitorescas do norte europeu a inóspitos castelos, até cabanas típicas de fábulas.”
O diretor Robert Stromberg, cujo talento artístico como desenhista de produção é aclamado em todo o mundo, passou sua visão de “Malévola” para sua equipe de desenho de produção, que ficou encarregada de dar vida aos mundos. Ao descrever o trabalho de Stromberg, Freeman diz, “Robert foi bem específico com relação ao que queria. Ele queria criar um mundo que fosse familiar, mas que tivesse elementos fantásticos, então você não se sente afastado dele. Você sente como se já tivesse visto tudo anteriormente, seja num livro de histórias ou num passeio por uma bela floresta. Mas há algo mágico e diferente. Isso afeta a arquitetura também. Nós todos visitamos castelos e ficamos encantados com eles, mas, de novo, nós queríamos levar para outro nível”.
Falando sobre as diferenças entre os dois mundos da perspectiva do desenho, Freeman diz, “No mundo humano, temos um castelo enorme, com uma silhueta muito forte. Ele não combina com a paisagem; ele se torna uma declaração. Enquanto no mundo das fábulas, as criaturas evoluem das árvores e estão muito sintonizadas com elas mesmas e com o ambiente, o castelo com sua declaração forte se destaca do ambiente que o cerca”.
O castelo do rei Henry foi, na verdade, uma realização física semelhante, tanto no interior quanto no exterior, do castelo do filme de animação de 1959. “A animação original é uma obra de design fabulosa”, diz Freeman. “Era muito avant-garde quando foi lançado. O artista de fato teve uma abordagem extraordinária da cor e dos conflitos de cor. Você olha para cada item individualmente e pensa, ‘isso não deveria funcionar’, mas quando tudo está junto, funciona.”
No aspecto arquitetônico, o castelo no filme de animação era uma coletânea de elementos de vários tipos de castelos de épocas, mas esse tipo de desenho não funciona em filmes live-action. Freeman explica, “Nós não podíamos fazer isso porque o público moderno não pode entrar num castelo meio que vitoriano, gótico e romanesco simplesmente porque não faz sentido. Então, nós tivemos que nos concentrar em um visual, e foi o que fizemos. Também é um híbrido, mas com um pouco mais de lógica: estilo de arquitetura de Praga com formatos fortes romanescos. Então, nós analisamos a ideia do arcobotante e isso se tornou um tema que uniu todos os espaços.”
Continuando, Freeman acrescenta, “Nós usamos muitas referências do St. Michael’s Mount; formas fortes com um relevo sutil. Há uma grande influência do próprio castelo de Disney, porque tem uma silhueta muito forte. Teve uma grande influência, mas nós refinamos os detalhes, então ficou com um visual um pouco menos de fábula. Você consegue entender o aspecto arquitetônico e faz sentido. Além da escala, nós usamos materiais mais luxuosos do que se vê nos típicos castelos normandos. Nós fizemos chãos de mármore, por exemplo, então é uma paleta bem rica e forte”.
O grande salão do castelo, onde o batizado de Aurora é realizado, é um exemplo deslumbrante da habilidade britânica com destaques de antiguidades autênticas e também copiados dos desenhos da animação original. O desenho grandioso fez o cinegrafista vencedor do Oscar®, Dean Semler exclamar: “Este é possivelmente o cenário mais impressionante que eu já vi”. O Grande Salão levou 14 semanas para ser construído, empregando uns 250 trabalhadores e um departamento de arte com umas 20 pessoas.
Também para o reino dos humanos, Freeman e Cole construíram um grande reino de fábula na área do Pinewood, que incluía uma cachoeira, um vale com rio, um campo de flores e um riacho, que conecta a colina das fadas, uma parte importante do filme.
Mas não parou aí. Freeman explica, “Nós criamos, no estúdio, outra versão de nosso mundo de contos de fadas que poderia ser iluminado como uma cena noturna. Tudo foi construído. Obviamente para pequenos verdes nós trouxemos flores e folhagens para uma escala maior. Mas as árvores são baseadas em carvalhos antigos que nós pesquisamos e que têm 800 anos. Nós queríamos dar um visual Arthur Rackham. Uma ideia de curva e movimento, mas que quando você olha acha que uma árvore real, só que é feita de gesso e espuma”.
O mundo de Aurora foi outro ambiente que os desenhistas tiveram de construir e consistia de uma cabana com telhado de palha em uma floresta não mágica. “A floresta de Aurora fica ao lado do lugar onde está a cabana na qual ela vive”, conta Freeman. “Essas árvores são mais naturalistas; elas não são tão cheias de galhos como na floresta das fadas. Mas têm uma grande escala e um belo visual. Nós alteramos a paleta de cores. Usamos rosas e azuis na floresta das fadas e cores mais quentes, como amarelos e laranjas, na floresta da Aurora, então tem uma diferença, mas bem sutil.”
A cabana com telhado de palha que se tornou o lar da infância de Aurora foi construída do zero na área do Estúdio Pinewood. A cabana tem uma estrutura de madeira e um autêntico telhado de palha que foi feito à mão por artesãos tradicionais.
O esforço da equipe de desenho de produção de “Malévola” não passou despercebido pelos atores, especialmente Sam Riley, que trabalhou em um ambiente de estúdio pela primeira vez. “Os cenários nos estúdios de som são impressionantes e os cenários externos têm até cachoeiras com rochas que parecem de verdade”, conta Riley. “Tem até uma cabana de verdade, com um telhado de palha. É de fato fantástico ver o talento e o trabalho que são necessários. É realmente surpreendente trabalhar num estúdio, algo inédito para mim, e ver como tantos departamentos conseguem se reunir e de fato fazer algo acontecer.”
“Não estamos no estúdio com chão e tela azuis. São coisas muito tangíveis. Coisas que você pode tocar. Isso é algo que realmente ajuda a sentir que de alguma maneira você é mágico. Ainda fico fascinado toda vez que chego para trabalhar”, conclui Riley.
“Malévola” tem escopo e escala enormes, com vistas abrangentes tanto no mundo humano como no das fadas — além de fantásticas criaturas e transformações mágicas. É uma história que não poderia ter sido contada sem efeitos visuais. Carey Villegas, que trabalhou com Robert Stromberg nos últimos 15 anos em muitos filmes, se uniu à equipe de produção como supervisor sênior de efeitos visuais. “O último filme que eu fiz com Robert foi “Alice no País das Maravilhas”, e tudo que criamos foi feito na pós-produção, onde Rob desenhava coisas no computador e nos dava as imagens de como elas deveriam ser”, conta Villegas. “Estamos construindo mais cenários, coisas muito mais reais. Com certeza tem uma sensação diferente, mais realista, mais granulada. É um filme elegante, mas também tem uma qualidade bem realista.”
Fazer um filme em que muitos dos panos de fundo e dos personagens existem apenas na imaginação é um desafio em muitos níveis. “Interpretar com tela azul ao fundo é um desafio especial, mas nós temos um elenco muito talentoso e ele faz você esquecer que há um mundo de fábula ao redor deles”, diz Robert Stromberg. “Tivemos desempenhos fantásticos dos atores que têm que imaginar o mundo em que estão — até mesmo o tamanho dos corpos que eles habitam.”
Continuando, Stromberg acrescenta, “As fadas são um bom exemplo. Em parte do filme, elas têm na verdade apenas 75 centímetros de altura e voam sem parar. Mas nós tínhamos essas atrizes maravilhosas agregando humor e personalidade aos papéis, e eu poderia ficar lá assistindo as atuações delas e esquecer totalmente que estão dizendo os diálogos penduradas em um cabo, usando trajes que parecem trajes espaciais com todos os pontos pintados nos rostos delas”.
Para Villegas e sua equipe, criar as personagens das fadas foi um dos maiores desafios do filme. “Nós temos atrizes brilhantes que interpretam essas personagens e queríamos garantir que cada nuance do desempenho delas fosse passado para a personagem porque as personagens têm 53 centímetros de altura e são bem rápidas, como abelhas; elas conseguem se movimentar velozmente e ir pra lá e pra cá, num piscar de olhos. Então, nós sabíamos que teríamos que criá-las inteiramente como personagens de computação gráfica.”
Villegas e sua equipe usaram captura de desempenho para as três fadas (Imelda Staunton, Lesley Manville, Juno Temple) quando elas estavam no tamanho original de 53 centímetros de altura para poder capturar todas as sutilezas das talentosas atrizes. A equipe de efeitos visuais usou 150 marcadores em cada um dos rostos para rastrear as expressões faciais e usar nas personagens geradas por computador. As divertidas personagens eram ligeiramente caricaturadas no tamanho de 53 centímetros, com cabeças grandes, olhos grandes e tudo mais exagerado.
Outro desafio técnico e criativo para os efeitos visuais foram as asas da Malévola. “Malévola é uma fada com asas e por ter asas, ela é capaz de voar e suas asas são quase um personagem por si só. Elas têm mente própria, uma vida própria. Elas devem ter movimento e por isso nós decidimos logo no início criar asas inteiramente no computador. É uma daquelas coisas que se tecnicamente não conseguirmos acertar, você não vai acreditar no personagem desde o início. Então, era crucial que fizéssemos isso o mais perfeito possível.”
Por sorte, Villegas tinha algo tangível com que trabalhar, já que o maquiador de efeitos especiais David White e sua equipe criaram asas em tamanho real para Malévola. “Uma das melhores coisas que podemos fazer com efeitos visuais é ter referências fotográficas reais ou algo tangível para segurar e sentir a textura e a qualidade, e depois levar para condições de iluminação reais para ver como o sol reflete no objeto e ver como se forma a sombra”, explica Villegas. “Sempre que podemos construir algo à mão, embora não necessariamente fotografemos no filme, dá à versão gerada por computação mais realismo e detalhamento.”
Diaval, que muda de forma a cada instante, também foi um desafio para Villegas e sua equipe de efeitos visuais. Originalmente só um corvo no filme de animação, Malévola consegue agora transformá-lo em qualquer animal que desejar, incluindo um homem. “Tais transformações tornaram a criação desse personagem muito complexa, especialmente porque você vê as diferentes transformações ao longo do filme. Você quer que cada uma das transformações não seja exatamente igual, então o que nós tentamos fazer é ter o que estiver acontecendo na cena, seu movimento corporal ou o corpo de corvo como se estivesse voando através da cena, ajudando a motivar algumas dessas transformações.”
Acrescentando mais uma camada de dificuldade, Villegas decidiu incorporar elementos de ave no personagem de Diaval quando ele se transforma. “Nós tentamos incorporar as penas de alguma maneira em cada uma das formas em que ele se transformava”, explica Villegas. “Para o lobo, nós obviamente pegamos os pés do corvo e transferimos para um lobo. Mas os pés do corvo são tão delicados que é bem desafiante fazer essas estruturas delicadas se encaixarem em uma criatura grande como o lobo.”
Dar vida a todas as criaturas que habitam o reino de fadas de Malévola também foi tarefa da equipe de Villegas. “O processo de criar todos os personagens do filme, desde fadas até criaturas da terra dos Moors, foi um processo contínuo. Você nunca finaliza um personagem até colocar os toques finais numa cena em particular. Estamos muito envolvidos porque temos que criar todos os aspectos dos personagens, como o modo como o cabelo reage à gravidade ou ao vento e cada pequena nuance da pele ou do pelo ou da roupa que eles usam.”
O processo começa com discussões sobre esboços para decidir o estilo ou desenho do personagem e o que os cineastas querem que o personagem transmita. O passo seguinte é ver o personagem em movimento e totalmente criado e dimensional colocando a imagem artística num programa de computador especialmente projetado para transformar imagens em modelos 3D.
A equipe de efeitos visuais de Villegas também criou a gigantesca Muralha de Espinhos que Malévola usa para proteger o mundo das fadas. Ao descrever o muro, Villegas diz, “É basicamente como a Muralha da China, mas tem o tipo de escala parecida com a de João e o Pé de Feijão. É muito orgânico, e nós a vemos crescer na tela. A Muralha de Espinhos também está na batalha onde muitos soldados tentam derrubá-la, e ela se torna um personagem nessas cenas. Nós tínhamos que inserir qualidades orgânicas nela, mas também algumas características que nos permitissem fazer coisas que mãos fariam ou braços fariam, como pegar soldados e lançá-los”.
Quando as pessoas se sentarem na poltrona do cinema para assistir a “Malévola”, Angelina Jolie espera que tenham uma ótima experiência. “Todos os envolvidos estão torcendo para levar às pessoas o sentimento de que nós respeitamos o filme clássico e se elas gostarem do clássico, nós tentamos levar a elas o que elas se lembram e adoram nesta história”, diz Jolie. “Mas nós tentamos engrandecer isso e também torná-lo belo e comovente. Esperamos que as plateias se preocupem com os personagens, Aurora, Malévola, Stefan e todos os envolvidos; seja gostando deles ou os odiando em certos momentos, e que de alguma forma os conheçam melhor e que sejam bons e profundos personagens. Mas nós também esperamos levar um mundo real que nunca vimos, e também as sequências de ação e tudo que o público quer em um filme”, conclui Jolie.
Como diz o produtor Joe Roth, “Um filme da Disney tem que ser um excelente entretenimento, tem que oferecer algo novo e também algo subliminar que possa ser levado com você. Tem sempre a ver com o tipo de roupagem que você utiliza. Então, os cenários grandiosos e belos são novos. E o que as pessoas levarão do filme é que não importa o quanto você se sinta mal consigo mesmo ou o quanto sua vida está ruim, aqui está alguém que teve o coração transformado em pedra, mas aprendeu a amar apesar de tudo”.
Elle Fanning está empolgada para que o público assista ao filme e diz, “Há alguma coisa para todos de certa maneira, para meninos, meninas e para adultos também. O filme engloba muitas diferentes emoções de modo que quanto você sai do cinema estará rindo e chorando. E também terá um visual incrível porque Robert Stromberg cria os cenários mais magníficos”.
“Maldade”: