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Especial: Disney on Broadway | Parte 1

“Ir ao teatro é como ir à vida sem nos comprometer.”

– Carlos Drummond de Andrade

É com esta frase que começo a primeira parte de  DISNEY ON  BROADWAY, meu primeiro artigo especial para o Disney Mania. Minha intenção não é explicar o que é o teatro e me aprofundar em cada tipo de arte derivada dele. Quero apenas abordar um único tipo de teatro; o que na minha opnião é o mais mágico, o mais incrível e especial: o Teatro Musical.

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Se você está aqui, provavelmente é amante de uma boa atuação, feita com dedicação, sangue e suor. E nós percebemos quando uma atuação é feita com estes ingredientes. Eles “vazam” no olhar, nos gestos, na voz do ator ou até mesmo da mão e da mente de um animador. A televisão e o cinema exigem tudo isto para que seja produzido entretenimento de qualidade aos telespectadores e o teatro musical, exige ainda mais!

Não só você precisa atuar como nunca, como  também precisa cantar, dançar e saber improvisar. Não, não é trabalho para qualquer leigo e as pessoas aptas para tal serviço, são poucas. Em alguns países (o Brasil é um deles), o teatro musical já atingiu um alto nível, tanto na qualidade quanto na valorização. A burocracia, questões financeiras e etc., são os motivos pelos quais este tipo de arte ainda não é tão popular fora de São Paulo e do Rio de Janeiro. E deve demorar para isto mudar.

Dinheiro é bom e os “chefões” querem. E muito! A nossa querida integrante do Dow Jones, a The Walt Disney Company, possui várias subsidiárias. Temos a Disney Interactive Media Group, a Pixar Animation Studios, a MARVEL Entertainment, Disney Consumer Products, Disney Parks and Resorts, os canais ESPN (dos quais a Disney é dona de pouco mais de 80%) e por aí vai…. Porém, as mais populares são estas:

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O logotipo em maior tamanho, representa o departamento que receberá quase total atenção neste especial. É a WALT DISNEY THEATRICAL, também conhecida como DISNEY ON BROADWAY em Nova York ou DISNEY THEATRICAL PRODUCTIONS, no Reino Unido. Esta subsidiária  da The Walt Disney Company também tem seus departamentos:

DISNEY LIVE FAMILY ENTERTAINMENT é responsável por shows dos selos DISNEY LIVE! e DISNEY ON ICE. Thomas Schumacher, que é presidente da WALT DISNEY THEATRICAL, é supervisor também da DISNEY LIVE FAMILY ENTERTAINMENT e participa bastante da produção de shows DISNEY ON ICE e DISNEY LIVE!

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Aqui no Brasil, já tivemos vários shows DISNEY ON ICE, sendo que o mais recente foi PRINCESAS E HERÓIS, levado para São Paulo, para o Rio de Janeiro e para Porto Alegre. Estes shows são compostos por músicas e histórias resumidas e/ou inspiradas em filmes Disney. Recentemente, houve a estréia do show de TOY STORY 3, que ainda deve demorar alguns anos para chegar ao Brasil. O elenco destes espetáculos costuma viajar pelo mundo e se apresentar ao vivo nas pistas de gelo que na maioria das vezes são instaladas em ginásios e campos cobertos.

Todo o áudio é dublado no idioma local e os responsáveis por este trabalho, costumam ser os mesmos estúdios e pessoas que fizeram as dublagens originais para o cinema. Os atores “dublam” e gesticulam de modo que quem está assistindo entenda tudo. Porém eles, mesmo tendo o texto todo decorado em Inglês, (as primeiras apresentações sempre ocorrem nos EUA e Canadá, seguindo para a Europa e para o resto do mundo) não entendem exatamente o que está sendo dito e cantado. DISNEY ON ICE é produzido em parceria com a FELD ENTERTAINMENT, que possui grande conhecimento na “impotação” e produção técnica de shows ao redor do mundo.

Patinadores que sonham em seguir carreira no DISNEY ON ICE, são bem remunerados e ganham em dólar, podendo assinar contratos que duram de cinco a dez anos, além de terem a chance de conhecer grande parte do mundo. Todos os anos, novos shows surgem e novos talentos são descobertos, mas quem pretende entrar neste meio, além de ser um grande atleta, precisa estar 100% preparado. Audições acontecem quase que “secretamente” em alguns países, até mesmo no Brasil, o que indica que é sempre bom o profissional ter seu próprio agente.

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A loja Casas Bahia trouxe em 2007 e no ano seguinte, espetáculos ao estilo DISNEY LIVE! Estes shows costumam ter pequena duração, entre 15 e 45 minutos, no máximo. São resumos das histórias tanto de filmes live-action, quanto de filmes animados Disney. Normalmente parte das canções são gravadas e algumas cantadas ao vivo. Não há orquestra ao vivo e as fantasias dos atores, efeitos e o próprio modo de contar as histórias, mostra que os shows DISNEY LIVE! são voltados para o público infantil, mesmo encantando toda a família.

Espetáculos baseados em séries do PLAYHOUSE DISNEY, por exemplo ou mesmo em filmes como “O Rei Leão”, fazem tour por pequenos teatros nos EUA, já que a estrutura não necessita ser tão grandiosa como para shows da Broadway, por exemplo. O número de pessoas que assistem todas as noites varia dependendo da casa de espetáculos e os shows costumam ser feitos entre duas a cinco vezes ao dia. Alguns artistas que hoje estão na Broadway, já passaram pelo elenco de algum show DISNEY LIVE! no início de sua carreira.

É realmente uma boa “escola” para quem quer seguir a carreira do teatro musical. Infelizmente estes shows não são trazidos ao Brasil com frequência, deixando ilegalmente peças similares e de qualidade duvidosa serem apresentadas Brasil á fora. Falta fiscalização e o nome Disney com certeza acaba sendo denigrido com produções deste tipo. Nos EUA, mesmo grupos amadores de teatro precisam pagar pelos direitos autorais destes pequenos shows, quando desejam apresentá-los em escolas, em festas de aniversário, por exemplo. O contrato é feito com a MTI (Musical Theatre International) e quando não há a compra dos direitos destas peças, as consequências podem ser severas.

THOMAS SHUMACHER: Ele se formou em Teatro pela Universidade da Califórnia, em Los Angeles e trabalhou para a Walt Disney Animation Studios, entre 1988 e 2001. Esteve na produção de vários clássicos durante esta época, foi produtor de “Bernardo e Bianca na Terra dos Cangurus” e produtor-executivo de “O Rei Leão”. Em 1999, se tornou presidente da WALT DISNEY THEATRICAL, está no cargo até hoje. Durante três anos (1999-2001) ainda supervisionava alguns filmes animados, além de ser dono do cargo mais alto na divisão teatral da Disney.

Quando as produções internacionais aumentaram de maneira expressiva e novos projetos Disney para a Broadway começavam a engatinhar, ele decidiu colocar 100% de seu foco nos musicais, pois seria necessário. O que levou Thomas a ser presidente deste departamento da Disney, foi o fato de ter se dedicado de maneira excepcional na produção de “O Rei Leão” para os palcos da Broadway.

A idéia para o projeto foi de Michael Eisner, o próprio presidente da The Walt Disney Company, que ficou no cargo por mais de 20 anos, até 2005. Grande parte do time que trabalhou no filme dem 1994, foi trazida para transportar a história ao palco e Shumacher se dedicou de uma maneira especial, afinal, teatro foi a área em que ele dedicou seus estudos. Após o sucesso de “O Rei Leão” na Broadway, em 1997, dois anos depois ele recebeu a tão importante função.

“Disney on the Record”, um show do selo DISNEY LIVE!, também foi produzido por Thomas, o espetáculo, que era mais simples, fez grande tour pelos EUA. Sua atenção ficou totalmente voltada, também, na produção dos grandes sucessos de bilheteria em Nova York, como “Aida”, “Mary Poppins”, “Tarzan”, “The Little Mermaid” (A Pequena Sereia) e outros. Neste momento, ele já trabalha em futuros projetos que prometem revolucionar a Broadway da mesma maneira que o musical “A Bela e a Fera” fez quando suas cortinas abriram pela primeira vez em 1994. Em 2007, ele lançou o livro “How Does the Show Go On? – An Introduction to the Theatre”, pela Disney Publications.

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A Theatre Under the Stars, também conhecida como TUTS, é um grande grupo de teatro musical, localizado em Houston, Texas. Na TUTS, jovens que nunca tiveram acesso ao teatro musical, podem frequentar aulas de ótima qualidade, participar de grupos de viajem para a Broadway, em NY e assistir espetáculos, se apresentar em escolas, hospitais, teatros e etc. com produções de qualidade regular, dentro do possível.

A TUTS possui seu grupo profissional de artistas, assim como os grupos amadores, composto principalmente por estudantes que frequentam a instituição. Tanto os profissionais quanto os amadores costumam ter a chance de no final do ano se apresentarem em algum espetáculo produzido pela TUTS. Os grupos já criaram diversos musicais originais para encenar, assim como já encenaram produções famosas como “O Fantasma da Ópera”, “Cats”, entre outros… tudo sempre feito legalmente, com todos os direitos adquiridos, que na maioria das vezes são cedidos pela MTI, já que a TUTS é uma instituição que não visa lucros. Foi com esta instituição, que a Disney resolveu fazer parceria para a criação do musical “Beauty and the Beast”. Sim, para promover o musical, não foi uma das melhores escolhas. E houve quem criticou a Disney, dizendo que se aproveitavam da TUTS e de seus profissionais e aprendizes, sendo que nada era cobrado.

No entanto, foi a maior e melhor oportunidade para a instituição até hoje. Não é todo dia que eles conseguem ver um espetáculo produzido alí, chegar na Broadway! A visão final, foi de que todos na TUTS ajudaram a Disney e a Disney ajudou a TUTS. Todos sairam satisfeitos. Poucas pessoas sabem, mas muitos musicais antes de estrearem na Broadway, passam por previews em cidades de vários estados americanos, para testar a reação do público. Costumam ser apresentados por lá durante um mês e se tudo der certo, o próximo caminho é a tão cobiçada Nova York.

Como “Beauty and the Beast” foi produzido em parceria com a TUTS, obviamente, o musical teve sua estréia em Houston, Texas na casa de espetáculos Music Hall. Ficou em cartaz de Novembro a Dezembro de 1993 e foi um sucesso absoulto. Todos na TUTS ficaram orgulhosos com o resultado. A perfeita junção de muito dinheiro, criatividade e emprenho, vindo da Disney e de muita mão-de-obra, dedicação e sabedoria vinda do pessoal da TUTS. Em Dezembro “Beauty and the Beast” saiu do Texas e o sonho foi confirmado; em Abril de 1994, a Bela e a Fera já estariam dançando sua valsa no luxuoso Palace Theatre, em Nova York, no coração da Broadway.

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O musical estreou na Broadway em Abril de 1994, ficando no Palace Theatre até Setembro de 1999, mudou-se para o Lunt-Fontanne Theatre em Novembro do mesmo ano e lá permaneceu até Julho de 2007, onde a magia deste musical encantou pela última vez as férias dos turistas em NY. “Beauty and the Beast” foi indicado para nove categorias do Tony Awards, incluindo a de melhor musical, mas venceu apenas uma; melhor figurino.

A satisfação da Disney, que durante todo o processo de criação fundou oficialmente a WALT DISNEY THEATRICAL, foi imensa. Em menos de quatro meses, o musical já recuperou todos os milhões de dólares investidos nele desde a criação do mesmo em Houston até a chegada na Broadway. Em 1998, “Beauty and the Beast” inovou, trazendo a primeira Bela negra. Toni Braxton, que não era atriz de musicais, topou o desafio e integrou o elenco, até ofuscando um pouco os outros atores com sua beleza diferente das Belas anteriores e com sua voz de timbre bem diferente.

Foi quando Toni Braxton entrou, que uma nova canção foi feita para o musical; “A Change in Me”, escrita por ela mesma, que é cantada apenas por Bela, ainda vestindo o famoso vestido amarelo/dourado logo após a famosa valsa ao som de “Beauty and the Beast” e antes da fuga da moça para a aldeia, determinada em ajudar o pai. Quando Toni Braxton saiu do musical, dando lugar para outra atriz no papel de Bela, a canção “A Change in Me” foi cortada, deixando o show com aproximadamente cinco minutos a menos.

Algumas produções internacionais até hoje trazem esta canção, principalmete pelo fato de que Bela está em 90% das cenas do musical, mas canta muito pouco e tem apenas uma canção solo; “Home”. “Beauty and the Beast” deixou a Broadway em 2007 para a entrada do musical “The Little Mermaid” (A Pequena Sereia), sendo que a DISNEY THEATRICAL achou que poderia haver rivalidade entre as produções, afinal, ainda estavam em cartaz “Tarzan” e “The Lion King” (O Rei Leão).

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Na segunda parte do especial DISNEY ON BROADWAY, vamos nos aprofundar em “The Lion King” (O Rei Leão), na primeira produção da DISNEY THEATRICAL no exterior, “Der Clöckner von Notre-Dame” (O Corcunda de Notre-Dame), em “Aida” de Elton John e Tim Rice e nas produções enviadas ao exterior, em tours e a outras cidades.

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Escrito por Nicolas Marlon

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