Em 2009, quando a produtora Juliet Blake teve a oportunidade de dar uma lida em um romance escrito por Richard Morais, ela logo soube que ele renderia um grande filme. Uns cinco anos depois, e graças à equipe de cineastas estelar que inclui Lasse Hallström, Steven Spielberg, Oprah Winfrey e Helen Mirren, “A 100 Passos de um Sonho” concluiu sua viagem para a tela.
“Eu estava hospedada na casa de um amigo que é editor em Nova York e que sempre me dá livros para ler, quando recebi ‘A 100 Passos de um Sonho‘ em formato preliminar”, relembra Blake. “Fiquei muito intrigada com o título, pensando no que poderia significar. Eu li e me apaixonei pela história.”
“Descobri que Richard morava na Filadélfia, então liguei para ele e peguei um trem no sábado seguinte e levei-o para almoçar, e aquilo foi o começo de tudo.”
Instintivamente, ela soube que a história de uma família indiana que se estabeleceu no interior da França, onde abriu um restaurante do outro lado da rua de um estabelecimento muito requintado, com uma estrela do Michelin – administrado pela formidável Madame Mallory – tinha todos os ingredientes para um banquete cinematográfico de dar água na boca.
E a história também encontrava eco em suas origens. Blake é filha de imigrantes alemães judeus e nasceu e cresceu no norte da Inglaterra. “A ideia de uma família ser deslocada e levar com ela sua culinária – isso também foi uma grande parte da minha criação”, diz ela.
“Meus pais falavam alemão em casa e minha mãe era ótima cozinheira, mas seu repertório culinário não era muito inglês. Ela fazia strudel de maçã e sauerbraten, e tem uma parte no livro em que eles cozinhavam todos aqueles pratos indianos maravilhosos, que os franceses a princípio não compreendem, com a qual eu me identifiquei profundamente.”
“Eu realmente acreditei que o livro daria um filme excelente. Mas o que eu só vim a saber mais tarde foi que Richard Morais tinha escrito o livro para ser um filme. Ele tinha sido jornalista da Forbes Magazine em Londres, e nessa época, ficou amigo do cineasta Ismail Merchant, que ensinou Richard a fazer comida indiana, e o livro, na verdade, foi escrito tendo um filme em mente.”
Blake é ex-executiva sênior da National Geographic e a maior parte de seu histórico como produtora é na televisão. Assim que garantiu a opção sobre o romance, ela admite ter se dado conta de que precisaria de ajuda para levá-lo para a telona.
Depois de uma série de reuniões com executivos importantes do DreamWorks Studios, o estúdio fundado por Spielberg, Jeffrey Katzenberg e David Geffen, e da Harpo Productions, fundada por Winfrey, ela ficou muito satisfeita de colaborar com alguns dos cineastas mais experientes da indústria.
“Juliet me trouxe o livro e nós lemos e adoramos”, conta Winfrey, que lutou por “A 100 Passos de um Sonho” ao selecioná-lo para seu famoso Clube do Livro.
Spielberg acrescenta: “Stacey Snider me deu o livro para ler, eu adorei e vi que, nas mãos certas, um roteirista poderia fazer uma adaptação maravilhosa. E senti o mesmo que Oprah – essa era a oportunidade de trabalharmos juntos de novo. O último projeto em que trabalhamos juntos foi ‘A Cor Púrpura’, em 1985, então este seria o filme que nos reuniria como produtores.”
Assim como Blake, Winfrey e Spielberg comoveram-se com a história da família que fora forçada a se mudar e que lutava para se estabelecer em uma terra nova. “O que eu adorei foi a autodescoberta da família em um local novo e o fato de terem que lidar bem com a ideia de reinventar a vida e entender que precisavam se abrir e aceitar as outras pessoas – e serem aceitos por outras pessoas também – para que conseguissem ser bem-sucedidos. Para mim, é um filme que fala sobre abrir o coração das mais diversas formas”, relata Winfrey.
A família Kadam, liderada por Papa (Om Puri) fugiu de perseguições religiosas na Índia, deixando para trás um restaurante muito querido e bem-sucedido, por uma vida incerta na Europa.
Quando eles se estabeleceram no pitoresco vilarejo de Saint-Antonin-Noble-Val no sul da França, eles logo abrem o Maison Mumbai, oferecendo orgulhosamente culinária indiana preparada pelo talentoso Hassan (Manish Dayal), filho de Papa.
O que eles não queriam era começar uma guerra culinária com Madame Mallory (Helen Mirren), a dona do restaurante premiado com uma estrela do Michelin, o Le Saule Pleureur, que fica indignada com os iniciantes que têm a ousadia de abrir um restaurante a apenas cem passos de seu reverenciado estabelecimento. A princípio, desdenha de qualquer cozinha que não seja alta culinária francesa.
“Você pode imaginar que em uma cidade pequena, onde já não há espaço para tantos restaurantes, surgir um que resolve abrir as portas do outro lado da rua do seu, já seja algo bem irritante”, diz Mirren, atriz vencedora do Oscar por seu brilhante desempenho em “A Rainha”. “Acho que qualquer pessoa tomaria isso como uma ofensa. E acima de tudo, é uma ofensa a seu senso de propriedade, elegância e gosto e à cultura francesa, porque é um restaurante indiano. E não só é um restaurante indiano, mas é colorido, com decoração típica, com música alta, luzes piscando, e é meio que o oposto do símbolo da elegância que Madame Mallory se considera.”
A fria Madame Mallory quer deter esses intrusos tout suite. Mas a crescente amizade de Hassan com sua sous-chef, Margueritte (Charlotte Le Bon) constrói uma ponte entre os dois campos, especialmente quando a Madame descobre que o jovem chef nutre uma paixão genuína por comida – e é dotado de um raro talento para prepará-la – que vai além do dela mesma.
“Senti que se tratava de uma história em que a comida poderia ser usada como uma arma ou um ramo de oliveira”, diz Spielberg. “E é maravilhoso ver como a história utiliza a comida. Essas pessoas começam sem nenhum entendimento cultural, mas aprendem através da fusão de dois tipos diferentes de culinária que eles poderiam se entender muito bem.”
Toda a equipe de produção concordou com a escolha de Lasse Hallström para ser o diretor do projeto. Há muito Hallström é reconhecido como um diretor que se destaca na narração de histórias muito humanas com personagens convincentes e lindamente caracterizados. Seus filmes anteriores, como “Minha Vida de Cachorro”, “Gilbert Grape – Aprendiz de Sonhador”, “Chocolate” e “Amor Impossível”, são ótimos exemplos.
Hallström cria uma atmosfera colaborativa, criativa e amistosa, diz Winfrey, que visitou o set durante a filmagem em locação na França. “Eu simplesmente adorei a forma como ele administra o set”, diz ela. “Ele obviamente estabelece um certo controle, mas faz isso de forma tão cuidadosa, sempre dando apoio a todos os integrantes do elenco, que parece que estamos em um ambiente familiar. Todos se dão bem e há um grande respeito.”
Hallström ficou muito feliz de participar. “Histórias baseadas em personagens sempre me atraem”, diz ele. “E eu sou claramente atraído por histórias que misturam comédia e drama. Eu não adoro a ideia de trabalhar numa comédia grande, mas gosto muito das comédias que têm uma pegada emocional, como ‘Chocolate’ e ‘Gilbert Grape’ e esta também. Todas elas misturam drama e comédia e isso me atrai.”
Com a questão da imigração dominando os debates nas manchetes por toda a Europa, a história também é um lembrete de que povos de diferentes culturas podem se dar muito bem, diz ele.
Trailer legendado de “A 100 Passos de um Sonho”:
“É oportuno, com todo o atrito que acontece no mundo e na Europa. É um pouco uma fábula que tem a ambição de apresentar desempenhos autênticos e realistas. Foi a oportunidade de contar uma história dos chamados ‘estrangeiros’ – dessa família da Índia – que não faz acusações nem cria caricaturas, que faz culturas diferentes ganharem vida. Ele nos leva a entender culturas diferentes e como temos mais em comum e mais similaridades do que imaginamos.”
A escolha de Mirren no papel de Madame Mallory foi essencial, diz os cineastas. “Quando Steven me disse que estava pensando em Helen, eu fiquei torcendo muito e esperando para ver se ela aceitaria”, diz Winfrey. “E quando ela aceitou, eu vibrei muito e disse: ‘Nós temos um filme!’”
Spielberg acrescenta: “Achei que ela seria a pessoa certa porque é uma ótima atriz que já interpretou uma enorme variedade de papéis e raramente interpretou a mesma personagem duas vezes. Nunca tive dúvida de que ela conseguiria fazer o sotaque francês e que encontraria o lado arrogante da Madame Mallory alternado com seu lado misterioso, oculto e acolhedor.”
Filmar as cenas de cozinha foi um desafio para Hallström porque ele é vegetariano há muitos anos e criar as maravilhosas imagens de carne e peixe sendo preparados por talentosos chefs foi meio desconcertante.
“Comida é uma de suas paixões, e eu definitivamente acho que temos isso em comum, então o fato de eu ser vegetariano atualmente – e há 2 ou 3 anos – fez dessa uma oportunidade apetitosa de uma forma muito tentadora. Eu conseguia olhar para a carne e o peixe e não conseguia mais comer, então foi meio pornografia gastronômica para mim!”
E a comida, é claro, é um ingrediente essencial na história. “Acho que demorou muito tempo para as pessoas entrarem em guerra contra hambúrgueres e cachorros-quentes e encontrar algum tipo de alternativa sensual que desafiasse suas papilas gustativas e as transformasse em verdadeiros apreciadores da arte de comer e não só consumo de massa comercial”, diz Spielberg.
Spielberg cozinha? “Eu faço o melhor matzah brei de todos”, diz ele, rindo. “Faço há muitos anos para os meus filhos, e atualmente faço para meus netos e sempre faço para a minha equipe quando estou dirigindo um filme. Às vezes, quando o período de montagem é muito longo, eu vou para o trailer de refeições e faço matzah brei para a equipe.”
Winfrey revela que sua presença no set – e ter assistido à cena-chave em que a Madame Mallory testa as habilidades culinárias de Manish pedindo a ele que lhe faça um omelete – certamente aprimorou suas habilidades culinárias. “Agora, eu sempre faço o melhor omelete que posso”, diz ela, rindo. “Porque agora eu sei que o teste é o omelete, então nunca mais olhei para um omelete da mesma forma!”
Filmando em locação na França, a equipe foi bem recebida na comunidade local. Foi um período idílico, diz Blake. “É um lugar lindo, e é exatamente como aparece na tela”, diz ela. “E eu pretendo voltar lá assim que puder. Eu moro no Brooklyn, mas é o lugar com que sonho. Foi uma bela experiência.”
Mirren acrescenta: “Eu quis participar disso porque eu adoro a França e a ideia de estar em um belo local da França como estivemos – por dois ou três meses era simplesmente um trabalho que caiu do céu para mim.”
Foi de fato uma jornada formidável, diz Hallström. “Foi uma das minhas melhores jornadas – talvez até a melhor. Eu me apaixonei por todos aqueles atores maravilhosos e foi como se estivéssemos em família no set – foi uma experiência realmente excelente. Eu já tive outras, também – nós filmamos ‘Chocolate’ na França e foi uma experiência adorável. Tive muita sorte, mas essa talvez tenha sido a melhor de todas.”
“A 100 Passos de um Sonho” estreia nesta quinta-feira, 28 de Agosto, nos cinemas de todo o país.
Clipe “Tempo Suficiente”:
Estrelado por Helen Mirren, “A 100 Passos de um Sonho” conta a história de um jovem culinarista , Hassan Kadam que junto com sua família acaba se estabelecendo no sul da França. Cheio de charme, o local é pitoresco e elegante, ideal para morar e abrir um restaurante indiano, o Maison Mumbai. Isso até que a proprietária e chef do Le Saule Pleureur, um restaurante francês clássico e estrelado do guia Michelin, gerenciado por Madame Mallory (ganhadora do Oscar® Helen Mirren), fica sabendo. Repleto de sabores que explodem no paladar, o drama é um triunfo estimulante sobre exílio, cheio de paixão e emoção, com manjeronas e madras, é a retratação de dois mundos colidindo na motivação de um rapaz para encontrar o conforto do lar em cada panela, onde quer que ele possa estar.
Observação: Este título é uma produção da Dreamworks Pictures, com distribuição através do selo TouchStone Pictures, uma empresa subsidiária da The Walt Disney Company, com foco voltado ao público juvenil e adulto.