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Tomorrowland | A criação de um lugar onde nada é impossível

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Responsável pelo sonho de Tomorrowland, o desenhista de produção Scott Chambliss logo partiu para o trabalho. “No roteiro não há descrição da Tomorrowland”, diz Chambliss. “Isso significou que grande parte do tempo de preparação foi passada junto com Brad e Damon no desenvolvimento não apenas do visual de Tomorrowland, mas do que Tomorrowland significava. Criar uma civilização utópica única é uma tarefa muito complicada e assustadora. Mas é aí que está o potencial prazer de criar algo especial de um modo tal que o público talvez não espere”.

O que foi determinante logo no início é que a Tomorrowland de 1964, quando Frank a vê pela primeira vez, e a Tomorrowland de 1984, o ano da visão de Casey induzida pelo pin, eram “sociedades muito equilibradas”, diz Chambliss. “O Plus Ultra se sentiu responsável pelo ambiente, não só por torná-lo bonito, mas por nutri-lo; uma noção de que o homem é igualmente pioneiro e pastor do planeta. Então a cidade evolui gradualmente para longe da natureza e depois retorna à natureza. É uma declaração gestual ampla”.

Contudo, a cidade construída por visionários com tecnologias avançadas tinha que se parecer com uma cidade, e encontrar tal lugar não foi uma tarefa fácil. A princípio parecia que toda a Tomorrowland teria que ser construída do zero, uma proposta cara e que levaria muito tempo. Mas então, em uma série de coincidências notáveis, Tom Peitzman, o produtor de efeitos visuais e o coprodutor do filme, viram um anúncio de um carro logo no início da produção. O local do comercial parecia tão futurista que ele o gravou com seu celular e mostrou ao diretor Brad Bird. O local era a Cidade das Artes e Ciências em Valência, na Espanha, e foi desenhado por Santiago Calatrava, cujo trabalho já estava servindo de inspiração para o desenhista de produção Scott Chambliss.

A descoberta também se encaixava com a preferência do diretor Brad Bird por locações físicas, em vez de cenários virtuais. Uma equipe de locação foi enviada e Valência se tornou a estrutura de Tomorrowland — quase literalmente. “A arquitetura de Calatrava é simplesmente fenomenal, criativa e eletrizante”, diz o produtor Jeffrey Chernov. “É muito esquelético, como se você visse as vértebras de um dinossauro ou de um peixe pré-histórico. Você entra naquele lugar e não quer mais sair. Era a vibe que nós queríamos para Tomorrowland”.

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Sobre filmar na Cidade das Artes e Ciências, George Clooney comenta, “Eu nunca tinha estado em Valência, e olha que eu já estive por toda a Espanha, que é um país belíssimo, mas foi muito divertido ir para lá trabalhar e passar um tempo. A imaginação do arquiteto representa essa versão muito otimista da vida onde quer que você vá: ‘Eu quero construir isso’ e alguém constrói. É realmente incrível”.

Entretanto, nem toda a Tomorrowland poderia ser feita na Cidade das Artes e Ciências, em especial o monotrilho, a enorme esfera de energia e o gigantesco monitor, coletivamente chamados de cenário da Bridgeway Plaza. Embora parecesse que um cenário menor seria construído e ampliado com computação gráfica, acabou ficando decidido que um cenário muito dependente de tela verde não era a solução.

Em filmes com grandes efeitos visuais”, diz Tom Peitzman, “é preciso encontrar o equilíbrio entre o prático e o gráfico. Na maior parte das vezes, as pessoas confiam demais em imagens geradas por computador, e elas parecem imagens CGI. Eu sempre procuro abordar isso de um modo mais antiquado; eu gosto de desafiar o diretor a fazer o máximo possível com câmera, de modo que ele tenha algo para ver, tocar e iluminar. Eu prefiro ter 10% do quadro prático do que 100% do quadro digital; mesmo que seja só uma pequena porção, é algo em que o CGI pode se apoiar, e depois você consegue um visual mais natural e perfeito”.

O cenário da Bridgeway Plaza levou seis meses para ser construído e tinha quase o tamanho de meio campo de futebol. O cenário era tão gigantesco que não havia um estúdio de som que pudesse abrigá-lo. E ainda havia a exigência de uma altura considerável, tendo em vista o trabalho aéreo sobre o cenário e para as enormes gruas que seguravam as luzes necessárias para iluminar o cenário. Acrescentando à complexidade estava o fato de que o cenário teria de atender a diferentes períodos de tempo ao longo do roteiro: 1964, quando o jovem Frank faz sua primeira visita; 1984, o período na visão de Casey, induzida pelo pin; e 2014, quando o restante da história acontece. Isso exigiu um intervalo de seis semanas entre as filmagens para que a equipe de desenho de produção pudesse redecorar e alterar o cenário para cada período.

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A princípio, ter cenários ao ar livre não parecia ser um problema já que a produção iria filmar no auge do verão em Vancouver, mas isso mudou quando George Clooney confirmou que ainda estaria filmando Caçadores de Obras-Primas, o que causou um atraso de cinco meses no início de Tomorrowland – Um Lugar Onde Nada É Impossível e adiou a filmagem das sequências de Clooney na Bridgeway Plaza para o final de novembro e início de dezembro – uma estação fria e chuvosa em Vancouver.

O produtor Jeffrey Chernov, a princípio, não acreditava que isso seria um problema “porque as equipes de construção daqui estão habituadas ao clima; eles já construíram abrigos e diferentes sistemas de lona para manter o cenário seco. Nós só tínhamos que descobrir uma maneira de cobrir, e torná-lo impermeável a qualquer tipo de clima. Eles tiveram algumas ideias que custariam milhões de dólares e não havia a garantia de que dariam certo, então eu disse, ‘Certo, nós vamos precisar ter sorte’”.

Para combinar com o otimismo do filme — ou talvez a produção tivesse um anjo da guarda de plantão — o clima cooperou de forma sem precedentes. “Nós construímos muitas coberturas para poder correr para lá, caso o clima se virasse contra nós, mas isso nunca aconteceu. Aparentemente, foram as seis semanas de inverno mais secas que Vancouver teve desde 1952— o interessante sobre isso era que o título original do nosso filme era ‘1952’. Todos acharam que estávamos loucos de tentar, e eu concordei com eles. Foi um grande alívio quando terminamos”.

Deixando os pequenos milagres de lado, talvez a parte mais impressionante do cenário da Bridgeway Plaza fosse o monotrilho totalmente funcional. “Assim que o monotrilho estava concluído e as luzes e os vidros foram colocados”, diz o coordenador de efeitos especiais Mike Vezina, “o peso chegou a quase 16 mil quilos”. Isso significava que a equipe tinha que descobrir como mover com segurança o pesado monotrilho — carregado com o elenco principal — em um trilho elevado a quase 5 metros e pará-lo exatamente na mesma posição várias vezes.

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A equipe de efeitos especiais criou ganchos hidráulicos que podiam ser fechados bem rapidamente em caso de emergência, e freios que podiam ser usados sempre que quisessem levar o monotrilho a uma marca específica e parar, abrir a porta automaticamente e deixar o elenco sair. A equipe usou uma bomba hidráulica gigante de 500 hp e pesados cabos para movimentar o monotrilho com dois ganchos, para trás e para frente. Vezina acrescenta, “Para o posicionamento usamos raios laser que nos diziam em milionésimos de centímetros se o monotrilho iria passar da marca, e aí nós podíamos pará-lo. Felizmente nós não tivemos que usar os mecanismos de segurança, porque tudo funcionou perfeitamente o tempo todo”.

Outro grande desafio de Vezina foi o cenário da Torre Eiffel, que tinha que se dividir ao meio para mostrar o foguete The Spectacle. “Nós tivemos que construir uma réplica da seção superior da Torre Eiffel”, diz Vezina, “e depois colocar tudo em uma base de metal que desenhamos e construímos com rolamentos. Havia uma rampa que abria e sacudia a torre e também fazia as outras coisas que precisavam ser feitas. O cenário pesava algo em torno de 45 toneladas, por isso embaixo tínhamos um sistema de airbag para flutuação do cenário. Isso permitiu o movimento e o balanço em rampas menores. Também havia um sistema de trilhos para separá-la suave e repetidamente, já que, é claro, uma filmagem nunca é feita de uma vez só”.

Os cenários com certeza impressionaram Hugh Laurie, que se refere a eles como “absolutamente magníficos”. Ele acrescenta, “É assustador pensar que isso tudo foi construído e que eu posso entrar lá e dizer as minhas falas. Considero essencialmente o equivalente ao Cairo sendo construído atrás de mim. A escala é espetacular e, com certeza, qualquer desenhista ficaria empolgado com as possibilidades do desenho futurista porque eles não são ligados a nada — pode-se deixar a imaginar correr solta, e é o que acontece”.

Na história, uma busca na internet leva Casey a Houston, no Texas, e à bizarra loja de itens colecionáveis chamada Estouro do Passado, que foi completamente construída do zero em um estúdio de som. “Estouro do Passado é uma amálgama de lojas de gibis de que o diretor Brad Bird e eu nos lembramos da nossa juventude”, diz o desenhista de produção Scott Chambliss. “Cidades e lojas diferentes, mas a mesma sensação que se tinha quando criança, e tudo que você queria era passar um bom tempo naquela loja, mexendo em tudo. O cenógrafo Lin MacDonald passou meses reunindo a coleção; há milhares de itens, comprados e fabricados pela produção, e muitos originais, incluindo alguns da própria coleção de Brad”.

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Keegan-Michael Key cujo personagem Hugo Gernsback é o dono da loja com sua esposa Ursula, acrescenta entusiasmado: “Nós temos pôsteres clássicos de ficção científica, o boneco original de Luke Skywalker de 1970, e itens de Space 1999 com Martin Landau. E prateleiras e prateleiras de gibis. O lugar é o meu sonho realizado. Eles basicamente construíram uma loja e a colocaram no meio de um estúdio de som. É incrível”.

A casa de Walker foi um cenário que também exigiu um toque especial da equipe de desenho de produção — mas de modo contrário do que se pode pensar. “A casa de Frank não viu amor por muito tempo”, diz o desenhista de produção Scott Chambliss, “e é o reflexo do próprio Frank, que também não vê amor há muito tempo. Nós paramos bem próximos de algo com o visual do lar de um sujeito assustador, mas ele passa por um período sombrio na vida: a casa é repleta de paranoias. Ele também tenta recriar um pouco do que vivenciou em Tomorrowland, mas agora tem mais a ver com seu medo do que seu sentimento anterior de alegria com invenções e exploração”.

Um desafio para Chambliss foi recriar a Feira Mundial de 1964 para o filme, mas os cineastas tiveram a sorte de descobrir que uma das peças mais icônicas, a Unisfera, estava, na verdade, em Flushing Meadows, Nova York, do lado de fora do USTA National Tennis Center. As fontes do enorme globo ainda estão no lugar assim como os jardins. Os cineastas enviaram um fotógrafo para Nova York para tirar fotos de modo que pudessem usar as imagens reais como um elemento de composição nas cenas.

Embora esses cenários fornecessem uma grande sensação de realização para os cineastas, só um cenário tinha o fator surpresa que o filme incorporava: a plataforma de lançamento real da NASA no Cabo Canaveral. Brad Bird diz, “Para muitos de nós no filme, a NASA e a missão da NASA estão próximos de nosso coração, então estar lá e poder filmar uma parte do filme lá foi um bônus. Nossa filmagem se encaixou com o lançamento da sonda Maven para Marte, então nós pudemos assistir a esse lançamento que deu início a muitas missões da NASA”.

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Lembrando a empolgação daquele momento, o produtor executivo John Walker diz, “Só de estar lá já foi incrível. Eu me lembro que quando criança assistia na televisão a esses fantásticos foguetes sendo lançados. Nós pudemos ver a sonda Maven ser lançada ao vivo e de um lugar mais próximo do que a impressa. Foi fantástico. Valeu a pena fazer o filme só para poder fazer isso”.

Embora tenha sido de longe o espetáculo mais emocionante, o Cabo Canaveral foi só uma das muitas locações do filme. O filme iniciou a fotografia principal numa fazenda em Pincher Creek, Alberta, onde os cineastas pagaram a um fazendeiro para plantar trigo de inverno, que tinha uma coloração especial âmbar — a visão do diretor Brad Bird da perfeição rural. Depois, a equipe seguiu para uma fazenda em Enderby, em Okanagan, na Colúmbia Britânica, para filmar a fazenda Walker e os campos de milho, também cultivados especialmente para a produção.

Filmar nos campos de trigo acabou sendo uma experiência especial para Britt Robertson. “Minha primeira semana de filmagem foi nos campos de trigo. Nós fomos para o interior de Alberta e a produção plantou muitos hectares de trigo lá. Só de estar perto daquilo, já era algo surreal; era bonito e muito diferente de qualquer outra experiência que eu já tive. Poder filmar lá nem foi atuar, porque eu estava impressionada com aqueles campos de trigo. Toda a produção foi muito inteligente ao criar essas experiências para o público, mas não só para o público, para os atores também, de modo que você pode ver os atores vivenciando esses momentos únicos e reais”.

Além das locações no Canadá, havia os cenários citados anteriormente na Espanha e em Vancouver, com locais adicionais em Vancouver que se passaram pelo Hall of Invention e pela Unisfera da Feira Mundial. Além do tempo de filmagem na atração It’s a Small World na Disneyland em Anaheim, dois dias numa praia das Bahamas, e uma cena da segunda unidade em Paris. E se contar com as imagens do globo da Feira Mundial do produtor de efeitos visuais Tom Peitzman, que agora é o parque Flushing Meadows, o lugar no Queens onde a Feira Mundial de 1964 foi realizada, também deve-se contar Nova York como uma das locações. No total, o filme teve mais de 90 combinações diferentes de cenários e locações, e se mudou dez vezes, algo quase sem precedentes na indústria.

Eu nunca havia trabalhado em um filme tão grande antes”, comenta o produtor executivo John Walker. “Toda semana acontecia um milagre em cena. Havia cenários gigantescos em plataformas, um foguete antigo, uma tela circular de 360 graus transmitindo cenas que filmamos para uma sequência tipo Google Earth, um menino de onze anos voando em um simulador — era uma surpresa atrás de outra. Foi muito complexo; foi necessário muita preparação, trabalho e tecnologia para realizar tudo isso, mas ficou fantástico”.

Do diretor ganhador de dois Oscar® Brad Bird, e estrelada pelo ganhador do prêmio da Academia® George Clooney, chega a eletrizante aventura de mistério “Tomorrowland – Um Lugar Onde Nada é Impossível”. Ligados por um destino, Casey (Britt Robertson) uma adolescente otimista e vibrante com curiosidade científica e Frank (Clooney) um gênio desiludido embarcam em uma missão repleta de perigos para desvendar os segredos de um local enigmático em algum lugar no tempo e no espaço conhecido como “Tomorrowland”. O que eles precisam fazer lá mudará o mundo — e eles — para sempre.

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Escrito por Lucas

Um grande aficionado por cinema, séries, livros e, claro, pelo Universo Disney. Estão entre os seus clássicos favoritos: "O Rei Leão", " A Bela e a Fera", " Planeta do Tesouro", "A Família do Futuro" e "Operação Big Hero".