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Eras da Disney | A Era da Renascença

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Olá, Camundongos! Bem-vindos de volta ao especial Eras da Disney. Hoje, vamos continuar nossa viagem pela história do Walt Disney Animation Studios!

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Após anos de declínio o estúdio aguardava uma oportunidade para mostrar que ainda havia na arte da animação algum brilho. Ao final da década de 1980, com a fantástica história sobre uma sereia, finalmente seriam abertas as portas da criatividade e inovação nos estúdios Disney.

A primeira ideia para a criação de A Pequena Sereia data da época de Fantasia (1940). Desenhos conceituais do conto que estavam guardados em arquivos acabaram servindo de inspiração para a nova produção. Com o lançamento do filme em 1989, os animadores tiveram a chance de mostrar novas potencialidades dos longas-metragens animados.

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Todo o ambiente aquático do filme fora cuidadosamente trabalhado para parecer natural, mas ainda assim chamar atenção às similaridades com o mundo humano. A nova criação do estúdio permitiu ao público enxergar que o novo time presente na Disney poderia realizar obras tão boas quanto os clássicos e ainda assim se manter atualizado aos tempos modernos.

Tal modernidade também poderia ser facilmente percebida nas canções do filme, em sua grande maioria pop. Aliás, o filme musical retornava à Disney após quase vinte anos. Desde Aristogatas (1970) não se ouviam tantas canções em um único longa e no decorrer da Era de Bronze pouquíssimas músicas foram introduzidas nos filmes.

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Apesar de Oliver e Sua Turma (1988) possuir uma trilha sonora consistente foi apenas em A Pequena Sereia que o estúdio voltou a produzir verdadeiros filmes musicais. O longa foi um sucesso de público como não se via há décadas. Entretanto, seus criadores ainda não haviam percebido que aquele era apenas o primeiro passo de uma reviravolta espetacular.

O lançamento seguinte, em 1990, Bernardo e Bianca na Terra dos Cangurus, serviria como uma continuação para a história contada no filme de 1977. A animação teve um resultado modesto, mas seu estilo não poderia ser comparado ao esplendor alcançado com A Pequena Sereia. Sua época de lançamento parece, no final das contas, uma confusão no tempo, uma vez que o longa estaria melhor localizado na Era de Bronze, devido à sua narrativa e construção mais próximas do que era feito no início da década de 1980.

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Entretanto, o filme foi o primeiro a usar uma tecnologia de animação revolucionária. Conhecida como CAPS, Computer Animation Production System (Sistema de Produção de Animação Computadorizada), essa tecnologia permitia copiar os desenhos feitos à mão para o computador, colorizá-los e até mesmo inserir elementos completamente digitais.

A criação do CAPS, feita em conjunto com um futuro parceiro do estúdio, a Pixar, tornaria desnecessárias as células pintadas individualmente, o que economizaria tempo e custos de pós-produção. O sistema não substituía o desenho manual, que ainda era a matéria prima do filme, mas suas novas possibilidades traziam praticidade e tornaram-se um dos maiores avanços tecnológicos na animação desde a câmera Xerox, usada pela primeira vez em 1961 com 101 Dálmatas.

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Unindo a virada dramática e narrativa de A Pequena Sereia com a tecnologia trazida em Bernardo e Bianca na Terra dos Cangurus, o estúdio estava pronto para renascer completamente. Iniciada em 1989, a Renascença seria confirmada nos anos seguintes.

É difícil caracterizar a entrada de uma nova era com apenas dois filmes. Entretanto, após o lançamento do terceiro longa-metragem deste período, não haveria dúvidas de que a inspiração do estúdio estava totalmente voltada para a animação. E o que durante uma época fora o objetivo de Walt Disney agora seria realizado: o lançamento de um filme por ano.

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A Bela e a Fera (1991) era o projeto seguinte do estúdio. Tal história já havia sido pesquisada por Walt na década de 1940 e sua intenção era de lançá-la antes mesmo de Cinderela (1950). Entretanto, Walt achou que a animação ainda não estava avançada o suficiente para a representação animada de certos momentos da história e o projeto acabou sendo abandonado.

Desde o início da produção de A Pequena Sereia, cada vez mais artistas eram recrutados para trabalhar no estúdio. Com o projeto de A Bela e a Fera tornando-se realidade, a equipe já era grande o suficiente e bem mais preparada. Toda essa evolução contribuiu para que o design do filme fosse impecável e os personagens bem construídos dramaticamente.

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Além da preocupação estética, que era crucial para a construção da Fera, por exemplo, grande atenção fora dada à narrativa. Os roteiristas trabalharam os personagens individualmente para que cada um tivesse seu peso na história e não se tornassem apenas adereços aos cenários. Sendo assim, personagens secundários, como Lumière, o castiçal, ganharam destaque e tiveram papel importante ao adicionar o humor necessário à história, que por vezes tornava-se sombria demais.

O resultado do belíssimo design de produção somado a personagens profundos, narrativa fluída e ótimas canções pôde ser visto pelo público em 1991. O longa foi um sucesso espetacular, encantando o público infantil e atraindo também adultos às salas de cinema, como já havia acontecido no lançamento de A Pequena Sereia.

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Logo, o filme se tornaria a animação mais rentável de todos os tempos até então e ainda seria indicado à categoria de Melhor Filme no Oscar®. Aliás, A Bela e a Fera foi o primeiro longa metragem de animação a alcançar tal feito. Todo o trabalho de reconstrução da imagem do estúdio, desde A Pequena Sereia, parecia ter chegado ao seu resultado. Entretanto, muito ainda seria apresentado na Renascença da Disney.

O próximo sucesso, Aladdin (1992), pouco tinha a ver com A Bela e a Fera. Enquanto a história de Bela buscava explorar as emoções, a nova empreitada do estúdio era mais espirituosa e estilizada. Tal mudança tinha o objetivo de manter a inovação e evitar que o público pensasse que o estúdio estaria se aproveitando de uma possível fórmula do sucesso.

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O longa conta com cenários exuberantes, animação de primeira linha e personagens cativantes, todos cuidadosamente inspirados por contos de origem árabe. O jovem protagonista cumpre seu papel de modernizar a história, enquanto o vilão, Jafar, tem a missão de manter-se à altura dos outros grandes vilões Disney. Entretanto, quem acaba por roubar a cena é o Gênio, dublado em inglês pelo ator Robin Williams. O personagem dá o tom cômico necessário à história e consegue manter o filme em um bom ritmo.

Ainda durante a produção de Aladdin, outros artistas se preparavam para um novo projeto, que só seria iniciado por completo quando os melhores animadores estivessem totalmente disponíveis. Então, algum tempo depois, O Rei Leão (1994), começaria a tomar forma. A nova produção seria a primeira a contar uma história completamente original e após décadas voltaria a apresentar animais selvagens em seu habitat natural, o que não era feito desde Bambi (1942).

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Com o enorme sucesso dos lançamentos anteriores, a expectativa para O Rei Leão era gigantesca. Ainda antes de sua estreia, o filme já era apontado como a grande atração das férias norte-americanas. O longa tinha tudo para dar certo graças ao excelente trabalho tanto dos animadores quanto dos roteiristas. Apenas restava saber se ele conseguiria manter o legado que vinha sendo construído pelos outros filmes da Renascença.

Com seu lançamento em Junho de 1994 não restaram mais dúvidas, O Rei Leão era um fenômeno mundial. O longa arrecadou mais do que todos os seus antecessores e logo fora anunciado como a melhor animação de todos os tempos. A beleza do filme e sua representação da natureza captavam o olhar das crianças enquanto sua densidade narrativa prendia os adultos às poltronas.

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Tal aceitação não era vista desde a Era de Ouro com o lançamento de Branca de Neve e os Sete Anões (1937). Como já se tornara evidente nos filmes da Renascença, a trilha sonora de O Rei Leão também foi de altíssima qualidade. Inclusive com Can You Feel The Love Tonight, composta por Elton John, o longa recebeu o Oscar® de Melhor Canção.

Seguindo então com os lançamentos anuais, o estúdio se preparava para trabalhar outra história conhecida, desta vez real e de origem estadunidense. Pocahontas (1995) reviveria a lenda da índia americana focando no choque cultural entre a protagonista e os exploradores ingleses. O projeto do filme usou relatos históricos, diários, e pinturas dos exploradores do século XVII como inspiração para a construção dos personagens.

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A protagonista tinha a missão de transmitir a carga emocional da maior parte do filme, uma vez que ela era o centro de toda a dualidade da narrativa. Deste modo, a criação de Pocahontas foi uma tarefa árdua para os animadores pois ela deveria ser cativante, de modo a conquistar a emoção do público, e ao mesmo tempo firme o suficiente para mostrar seu valor como heroína.

Além da trilha sonora espetacular, também vencedora do Oscar® de Melhor Canção, por “Colors of the Wind“, o longa mistura perfeitamente o naturalismo à fantasia ao retratar paisagens belíssimas, trazendo para o espectador uma visão única do que seriam as terras pré-colonizadas. Lançado em 1995, Pocahontas, não obteve o mesmo retorno comercial de seus antecessores, mas cumpriu seu papel trazendo a combinação de visuais espetaculares e narrativa atraente.

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O lançamento seguinte, O Corcunda de Notre Dame (1996), também partiria de uma história conhecida, desta vez de um livro escrito pelo francês Victor Hugo. Ao utilizarem a fonte literária como ponto de partida, os criadores do filme tiveram uma surpresa ao descobrirem que o protagonista, Quasimodo, era na verdade um jovem. Em outros longas-metragens, o personagem sempre fora retratado como um homem de meia idade. Com um adolescente como protagonista, o filme teria um apelo maior, e assim foi feito para que a história não fugisse de seu público alvo.

Apesar da grandiosidade da narrativa, o filme sofreu com a pressão gerada pelos lançamentos anteriores. Com a proposta de um lançamento por ano, por vezes o estúdio deixou que o resultado final não fosse excelente para que a data de lançamento fosse mantida. Com isso, em cenas chave do filme, a animação fora feita pelos animadores mais experientes, enquanto em momentos menos importantes narrativamente, artistas mais jovens trabalhavam para entregar tudo a tempo, neste caso um ano após Pocahontas, em 1996.

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Enquanto O Corcunda de Notre Dame era um projeto ambicioso que não triunfou por conta do processo acelerado do estúdio, Hércules, lançado em 1997, decepcionou ao trazer uma narrativa morna e sem grandes atrativos. Assim como todos os filmes da Renascença, a saga do semideus possui bons momentos, animação interessante e canções empolgantes. Entretanto, o filme falha ao entregar uma história que não consegue prender a audiência durante toda sua duração.

Apesar de Hades, o vilão da trama, roubar os holofotes com seu sarcasmo impecável, Hércules parece nunca alcançar o status de estrela da história. Apenas no ano de 1998 teria-se então uma personagem com maiores características de protagonista. Produzido completamente na Flórida, em estúdios hoje desativados, Mulan traz uma heroína que se destaca por sua bravura equilibrada à delicadeza.

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Novamente buscando inovar em seus personagens, assim como foi feito com Pocahontas, Mulan é uma guerreira chinesa que luta pela honra de sua família. O visual do filme é extremamente reconhecível graças às inspirações em pinturas chinesas e paisagens do país oriental. O longa gerou grande satisfação, porém sem o mesmo frenesi dos lançamentos do início da década de 1990. Em sequência ao lançamento de Mulan, veio, em 1999, Tarzan, uma história já contada diversas vezes pelo cinema.

O que torna Tarzan especial são suas impecáveis cenas de ação. Os movimentos do protagonista ao desbravar a floresta são tão bem executados que permitem ao público sentir que se movimenta com ele. O personagem do homem da selva criado junto aos gorilas consegue mostrar empatia e agradar o público mesmo em momentos de comunicação ininteligível com seu par, Jane. Apesar de não ser uma obra-prima, o filme ainda rende bons momentos, característicos da época da Renascença.

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Após o lançamento de O Rei Leão, a pressa em alimentar o público com seus filmes parece que não permitiu ao estúdio refletir sobre o futuro. As produções continuaram a todo vapor, mas com o passar do tempo a criatividade começou a falhar. Com isso, as produções seguintes sofreram gradualmente com a falta de inovação.

Os longas se distanciavam tanto em qualidade quanto em aceitação e já não era possível dizer que, no ano 2000, o estúdio ainda se aproveitava do florescer criativo da Renascença. Para seguir em frente, era necessária uma renovação ou o Walt Disney Animation Studios passaria a viver à sombra de glórias passadas.

Camundongos, a quinta parte do nosso especial Eras da Disney fica por aqui. Na semana que vem, vamos conhecer a Pós-Renascença!

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Escrito por Paulo

Mouseketeer desde que me entendo por gente! Finalmente realizei meu maior sonho de Camundongo e visitei todos os parques da Disney no mundo!