Quem acompanha a história da Disney, observou que o cargo de presidência da empresa já teve seus altos e baixos. Por sorte, as coisas mudaram a partir de 2005, quando Robert Iger, atual CEO da The Walt Disney Company, foi nomeado presidente na empresa. Para entendermos sua importância, vamos caminhar para trás e entender qual era o contexto antes de Iger ter assumido o cargo.
Na época de ouro da Disney, quando os filmes Uma Cilada para Roger Rabbit (1988) e A Pequena Sereia (1989) estavam sendo lançados, o acionista Sid Bass e Roy E. Disney trouxeram Michael Eisner e Frank Wells, em 1984, para presidência da empresa, substituindo Roy W. Miller, genro de Walt Disney. Nesse período de 1984 até o começo dos anos noventa, o estúdio de animação da Disney estava a todo vapor e, como devem imaginar, ganhava diversas críticas positivas.
Até então tudo muito bem, tudo muito bonito. Porém, no começo dos anos 90, Eisner e seus parceiros resolveram criar a “The Disney Decade”, que visava aumentar o número de parques ao redor do mundo, novas expansões nos parques já existentes, novos filmes e investimentos em mídia.
Algumas dessas projeções deram certo, como a construção da Disneyland Paris, Disney’s Hollywood Studios, Disney California Adventure, Walt Disney Studios Park (antigo Disney-MGM Studios Paris), alguns filmes e a franquia do Roger Rabbit. Outros projetos não foram concluídos e, internamente, as pessoas começaram a ficar incomodados com a má gestão de Eisner.
Chegou a tal ponto que, em 2003, Roy E. Disney, sobrinho de Walt, resignou seu cargo como vice-presidente do Walt Disney Feature Animation (atual Walt Disney Animation Studios) devido à somatória de diversos problemas que estavam acontecendo. Entre eles, destacam-se: a temporada de filmes que tiveram baixo desempenho no início dos anos 2000, o fracasso com a programação da ABC – comprada em 1993 -, a falta de planejamento de Eisner e os atritos que já haviam entre eles.
A saída do sobrinho de Walt marcou a queda que a empresa estava tendo, tanto pela má administração quanto para a queda das vendas. Com toda essa crise e sabendo que poderia ser tirado fora a qualquer momento, Eisner anunciou em 2005 que sairia de seu cargo um ano antes de seu contrato expirar e então, no mês de março do mesmo ano, elegeu o até então presidente de operações, Robert Iger.
Quando Iger entrou como CEO da The Walt Disney Company, as pessoas não sabiam muito bem o que sentir, alguns estavam aliviados pela saída de Eisner, mas não sabiam como o atual faria para que a empresa saísse desse período difícil, no qual a empresa foi quase vendida e o estúdio de animação estava em grandes riscos. As melhorias começaram no mesmo ano de sua chegada quando, em Julho de 2005, Roy E. Disney decidiu voltar a trabalhar na empresa como consultor de Iger e a partir daí, as coisas só melhoraram.
Em 2006, em uma estratégia arriscada do presidente, a Disney comprou a Pixar pela bagatela de 7.4 bilhões de dólares e isso fez com que John Lasseter se tornasse o presidente criativo dos estúdios de animação e também conselheiro da Walt Disney Imagineering; e Steve Jobs se tornou o maior investidor da recém união.
Com essa aquisição, Roy ficou extremamente feliz e disse: “Animação sempre foi a alma e o coração da The Walt Disney Company e é incrível ver Bob Iger e a empresa abraçando essa herança trazendo o talento excelente do time de animação da Pixar de volta. Claramente isso solidifica a posição da The Walt Disney Company como líder de longa-metragens animados, e aplaudimos e apoiamos a visão de Bob Iger.”
A partir daí, as coisas só ascenderam, em 2006, recuperaram os direitos autorais de Oswald, o Coelho Sortudo; em 2009, compraram a Marvel Entertainment Inc. por 4 bilhões de dólares; em 2012, compraram a Lucasfilm por outra bagatela de 4 bilhões de dólares, sem contar os milionários sucessos de bilheteria, produtos, licenciamentos e, claro, as novas atrações dos parques e a futura Shanghai Disneyland. Com tudo isso, o lucro da Disney quadruplou, e este é o primeiro ano em que todos os estúdios da Disney estreiam filmes e, mesmo com alguns altos e baixos, o resultado tem sido de grande agrado para a empresa.
Será sorte? Será que Bob Iger tem mãos de Midas? As pessoas podem chamar do que quiser, acredito que ele tem uma visão de mercado sensacional e a vontade de levar a empresa pra frente e não fazer, como muitas fazem, que é se manter no passado. Gostem ou não, Iger fez o que Einser não fez: levar a Disney para o topo novamente e inseri-la no mercado com tudo aquilo que há de novo em tecnologia e junto àquilo que o público quer e que a nova geração anseia.
Claro, nem todos os tiros são certeiros, como os últimos filmes fracassados de live-action, incluindo John Carter – Entre Dois Mundos (2012), Cavaleiro Solitário (2013), e Tomorrowland – Um Lugar Onde Nada é Impossível (2015), mas o que vale é que, com erros e acertos, ele vem criando um império de sonhos e entretenimento, assim como Walt Disney provavelmente faria.
Sendo assim, por mais que amemos todos os filmes, produtos e seja lá o que for, o maior tesouro da Disney será Robert Iger, pois ele levantou a empresa de uma forma audaciosa em uma época em que muitos tinham diversas dúvidas pelo ar, ele entrou em um momento de crise e conseguiu sair dela de uma forma impressionante. Quando falamos de mercado, são necessários líderes com essa capacidade de se arriscar para que a inovação possa acontecer e que a empresa possa seguir em frente.
Ano passado, Bob Iger anunciou que se aposentaria em 2018, quando seu contrato irá expirar. Seu possível sucessor será Thomas Staggs, antigo presidente da Walt Disney Parks & Resorts e atual diretor de operações da The Walt Disney Company, mas como são somente boatos, apenas espero que até lá tenhamos um crescimento ainda maior da Disney e que seu sucessor consiga manter a mesma ou uma aprimorada visão estratégica para manter os altos lucros e inovações que a empresa vem adquirindo e desenvolvendo.