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Especial Walt Disney | Sonhos se Tornam Realidade

Dezembro é um dos meses mais mágicos no ano. Não apenas por ser o período de Natal, mas também por ser o mês de aniversário de um dos maiores contadores de história que já existiu, ao qual devemos boa parte de nossos sonhos de infância, o nosso querido Walt Disney.

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O que muitas vezes esquecemos é que Walt também já foi criança. Antes do grande artista e dono de um império do entretenimento, havia apenas um menino que gostava de desenhar. Um garoto que encontrou em seu irmão Roy um amigo e pai, e viveu suas maiores aventuras em uma pequena cidade no interior do estado de Missouri.

De modo a melhor entender Walt, precisamos voltar um pouquinho no tempo. A nossa jornada começa em 1834, na cidade inglesa de Liverpool, quando o irlandês Arundel Elias Disney embarcou com sua família em um navio rumo ao Canadá.

Flora Call e Elias Disney, pais de Walt Disney.

Ele se estabeleceu no novo país, se tornou fazendeiro e foi pai de nada menos que dezesseis crianças, oito meninas e oito meninos, entre eles Kepple Disney, o mais velho. Já adulto, Kepple se casou com uma jovem irlandesa chamada Mary. O casal teve seu primeiro filho no dia 06 de Fevereiro de 1859, o qual batizaram de Elias Disney.

Kepple cresceu cultivando a terra, como seu pai, mas não se sentia satisfeito apenas como fazendeiro. Quando o ramo da mineração de petróleo começou a crescer, ele decidiu partir em busca de novas oportunidades. Acabou passando cerca de dois anos longe de sua família e voltando sem sucesso. O campo voltou a ser seu sustento.

Em 1877, ele encontrou um novo sonho para seguir. O governo dos Estados Unidos, visando incentivar o crescimento econômico de novos negócios e cidades, começou a vender por preços muito baixos os terrenos ao redor das ferrovias que construía. Kepple não deixou a oportunidade passar, comprou um pequeno pedaço de terra e, para o Kansas, a família Disney se mudou.

Elias e Flora tiveram cinco filhos: Herbert Arthur, Raymond Arnold, Roy Oliver, Walter Elias e Ruth Flora.

O clima extremamente quente do estado não se mostrou hospitaleiro, nem para o plantio, nem para se viver, e logo Kepple começou a buscar outro caminho. Elias já era adulto quando ele e seu pai decidiram se mudar mais uma vez. Dessa vez, para a Flórida, o estado que décadas depois iria se tornar lar de uma das maiores conquistas de Walt e seu irmão Roy, o conjunto de parques Walt Disney Resort.

E eles não se mudaram sozinhos para o novo estado, foram acompanhados pela família Call. Os Calls eram muito mais refinados do que os Disney, possuíam hábitos intelectuais e elegância. No entanto, esse contraste não impediu que as famílias formassem uma grande amizade. A ligação entre as duas era tão grande, que anos depois Elias Disney e Flora Call se casaram.

Após a morte do pai de Flora, o casal se mudou para Chicago onde o irmão mais novo de Elias, Robert, já havia se estabelecido anos antes ao se casar com uma jovem rica da região. Robert era considerado o sucesso da família, pois tinha habilidades para negociar. Ele conseguia investir em diversos ramos — como o minério de ouro, petróleo e o mercado imobiliário — e conseguir gerar altos lucros.

Rara fotografia de Walt Disney ainda pequeno.

“Elias era como seu pai, não ficava contente por muito tempo em um mesmo lugar.”

Peter Contelen, primo de Elias

Elias porém, era exatamente o oposto. Não era apto ou extrovertido o bastante para se envolver em negociações. Além disso, não fazia parte de seu caráter agir de maneira que considerasse errado ou imoral. Com a ajuda do irmão, se tornou carpinteiro na nova cidade. Mais tarde, para aumentar a renda, ele também começou a construir e vender pequenas casas. Ele ganhava o suficiente para manter sua esposa, agora grávida, e seu filhos Herbert, Roy e Ray.

No dia 05 de Dezembro de 1901, Flora e Elias aumentaram sua família, nascia Walter Elias Disney, nosso querido Walt Disney. Dizem que o nome de Walt foi escolhido devido a um acordo entre Flora e a esposa do pastor da congregação que eles frequentavam na época. Elas estavam grávidas e combinaram de dar aos filhos o nome do marido da outra.

Mesmo podendo ser apenas um boato, é fácil entender porque vários acreditam nessa história com facilidade. Os Disney eram extremamente religiosos. De fato, toda sua vida social girava ao redor da igreja, a qual frequentavam quase todos os dias.

Ruth, com sete anos, ao lado do irmão Walter, aos nove anos.

“Ele era um pregador muito bom. Ele pregava muito em casa, sabe.”

Flora Disney, sobre Elias

Em 1906, a família Disney se mudou mais uma vez. A cidade não parava de crescer, e com isso também aumentava a taxa de criminalidade. Elias e Flora temiam que os filhos seguissem maus exemplos e, pensando no melhor para sua família, se mudaram com seus filhos e a nova filha, Ruth, para o estado do Missouri, mais precisamente para uma fazenda na pequena cidade de Marceline. A cidade do interior mudaria para sempre a vida e personalidade de Walt.

Walt idealizou a cidade e sempre se referia a ela com carinho e nostalgia. Em sua memória, a pequena fazenda era perfeita. Era o lugar onde pode verdadeiramente vivenciar sua infância e exercitar sua imaginação, mesmo não tendo morado lá por muito tempo. Era livre para ser criança, passava seu tempo brincando no ar livre, cuidando de animais e construindo fogueiras no inverno.

Quando não estava brincando de faz de conta, Walt estava na escola. Ele começou tardiamente, já com sete anos. e sentia vergonha por isso. O garoto pouco se interessava pelas matérias tradicionais, no entanto, gostava de se apresentar e a escola se tornou um grande palco. Ele gostava de arrancar risadas e gritos de surpresa de professores e alunos ao fazer brincadeiras e pregar peças.

Fazenda da família Disney na cidade de Marceline.

“É isso que você experimenta quando vai para o interior. Você escapa da vida comum. (…) Você vai para um lugar onde tudo é livre e belo.”

Walt Disney

Você deve estar se perguntando quando a arte entrou na vida de Walt. Mesmo não existindo nada próximo a desenhos animados para o inspirar, Walt diz que começou muito novo a desenhar. Sua tia Maggie e Doc Sherwood, um vizinho que por não ter filhos passava muito tempo com Walt, foram as pessoas que mais o incentivaram. Os dois faziam festa quando o garoto terminava um desenho e pagavam alguns centavos pela obra. Walt não podia ficar mais feliz.

Apesar de parecer terem sido tempos tranquilos, a família Disney não era nada unida. Grande parte devido a sua condição financeira. Elias não tinha aptidão para o campo, com frequência tratava os animais incorretamente ou tomava decisões erradas relacionadas ao cultivo de lavouras.

Herbert e Ray decidiram pegar o dinheiro que pouparam nesse tempo e voltaram para Chicago, na esperança de que seu tio Robert arranjasse um emprego para os dois. A situação ficou ainda pior quando Elias adoeceu e ficou muito fraco para trabalhar. Ele vendeu sua fazenda e comprou uma pequena casa no centro da cidade e começou a trabalhar entregando jornais.

Museu dedicado a Walt Disney na cidade de Marceline.

A rota de entregas era enorme devido à popularidade do jornal. Por isso, Elias colocou Walt e Roy para ajudá-lo com as entregas. O trabalho ocupava quase todo o tempo do pequeno Walt, que na época tinha apenas nove anos. Ele acordava muito cedo, quando ainda estava escuro, e realizava a rota da manhã. Ele então ia para a escola e ao sair fazia as entregas vespertinas. Não havia descanso.

As entregas aconteciam todos os dias da semana, tanto no verão quanto no forte inverno. O fardo se tornou ainda mais pesado quando Roy começou a trabalhar em um banco e Elias passou para Walt a parte da rota do irmão. Após crescer, Walt se referia à rota de entrega de jornais como um período doloroso mas necessário para que ele aprendesse o valor do trabalho.

Talvez a falta de tempo para se divertir tenha tornado Walt nesse Peter Pan que conhecemos. Em uma eterna criança de coração. De fato, Walt passou a vida tentando recriar o mundo perfeito que encontrou na fazenda em Marceline. E, de certo modo, conseguiu.

A arquitetura do centro de Marceline inspirou a criação da Main Street U.S.A., no Magic Kingdom.

“Eu estava trabalhando todo o tempo. Quer dizer, eu não tinha muito tempo para brincar.”

Walt Disney

Você pode não saber, mas talvez já tenha estado em Marceline. A arquitetura da cidade e suas principais ruas foram a inspiração direta para a criação da Main Street U.S.A., no parque Magic Kingdom, o mundo perfeito de Walt. Se já visitou os Parques Disney, você já andou pelo centro de Marceline.

Dentre as pessoas que mais influenciaram Walt, está seu pai. Elias Disney possuía um temperamento explosivo e controlador, sendo muitas vezes violento. Walt contava que era o principal alvo do pai devido às diferenças entre os dois. Enquanto Elias era sério e amargurado pelas tentativas fracassadas de melhorar de vida, Walt era extrovertido e carismático, um imã de atenção.

Apesar de Walt sempre se lembrar do pai com rancor, sua irmã Ruth diz que a infância deles não foi tão terrível quanto o irmão pregava. Ela alega que o pai era um homem que, apesar do temperamento forte, nunca deixou nada faltar, não era o monstro que Walt descreve.

Main Street U.S.A., no Walt Disney World, em Orlando.

Devido a esses problemas de convívio e diferenças de personalidade, Walt buscou e encontrou no irmão mais velho, Roy, a figura paterna que precisava. Era Roy que servia como exemplo de responsabilidade e que também proporcionava os poucos momentos de lazer de Walt e Ruth. Ele separava parte de seu dinheiro para mimar os irmãos com pequenos presentes e guloseimas.

Se Walt encontrou em Roy um pai, o irmão mais velho encontrou no caçula a alegria de viver. Os dois se completavam, pois provinham um ao outro o que não podiam gerar sozinhos. Apesar dos anos de diferença, eles formavam um dupla inseparável. Mais do que irmãos, eram melhores amigos. A coluna A Outra Ponta do Lápis contou um pouquinho mais sobre Roy O. Disney e sua importância na construção do império Disney em uma de suas edições.

A escola continuou servindo como um grande palco para Walt e ele não mais estava sozinho. O filho da família Pfeiffer, seus vizinhos, se apresentava com ele. Os dois eram treinados pelo pai da família, que incentivava as apresentações e participações em concursos.

Walt Disney na pré-adolescência.

“Eu gostava de atuar. Gostava dos aplausos. Gostava dos prêmios em dinheiro que nos eram dados.”

Walt Disney

Walt também continuou praticando a arte de desenhar. Mesmo cansado devido aos estudos e à rota de entrega de jornais, ele frequentava à noite a Chicago Academy of Fine Arts. No curso, ele percebeu que seu verdadeiro talento não estava na arte clássica, mas sim nas caricaturas, no desenho estilo cartoon.

Aliás, é importante quebrar o mito de que Walt Disney não sabia desenhar. Esse crença se disseminou entre os fãs já que, após a criação dos estúdios Disney, Walt recrutava profissionais que pudessem melhor executar suas idéias e não mais ficava atrás da prancheta.

Walt passava tanto tempo desenhando e entretendo os outros com sua arte, que ficou conhecido como o “Artista”. Apesar de parecer algo positivo, a fama não era tão boa já que, na época, desenhar era considerado “coisa de maricas”.

Walt Disney, à direita na parte inferior, em uma reunião de entregadores de jornais em 1912.

Ruth diz que Walt fazia sucesso com as garotas, chegava a ser visto com uma em cada braço andando na rua. Mas apesar de ter sido um jovem muito bonito, aqueles que estudaram a vida de Walt acreditam que seu sucesso se devia mais ao seu carisma do que suas habilidades sociais.

Quando Walt ainda era adolescente, a terrível Primeira Guerra Mundial começou. Ele sempre teve orgulho de ser estadunidense, e após seu irmão Roy se alistar nas forças armadas e partir para a Europa, Walt não conseguia pensar em outra coisa. Sentia vergonha de ficar em casa enquanto outros lutavam por seu país.

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Sua pouca idade, tinha apenas dezesseis anos, impossibilitou Walt de se alistar no exército, e então, ele decidiu servir a Cruz Vermelha. Após chegar ao acampamento, ele adoeceu. Por isso, perdeu sua vez de embarcar rumo à Europa e, quando melhorou, era tarde demais, pois a Guerra terminou pouco tempo depois. Ele ficou desolado. Felizmente, para ele, foi convocado e partiu para a França e ajudou a ocupação.

Walt Disney durante seu trabalho para a Cruz Vermelha, na França.

Ir para a Europa mudou toda a perspectiva que Walt tinha do mundo. Ele fazia um serviço simples, dirigia os carros e caminhões da Cruz Vermelha, mas isso possibilitou que ele conhecesse diferentes países e culturas, lugares que visitou apenas pelos livros. Ele também continuou desenhando em seu tempo livre, mantendo sua prática viva.

O tempo passou, e ele sentiu falta de seu lar. Um ano após sua partida, ele estava de volta aos Estados Unidos. Walt decidiu que usaria o dinheiro que juntou para se manter enquanto procurava um emprego na indústria artística, mas Elias foi extremamente contra, não acreditava que essa carreira tinha futuro. Walt não desistiu. Ele era um Disney, afinal, e iria atrás de seus sonhos.

Os Estados Unidos entraram em um período de grande crescimento econômico devido ao fim da guerra. Consequentemente, começava a surgir o mercado da propaganda, os comerciais e campanhas publicitárias como conhecemos hoje. Walt procurou empregos em jornais sem sucesso. Um amigo de seu irmão Roy conhecia um escritório que estava contratando e bastou Walt mostrar seus desenhos para ser contratado na hora.

Walt Disney e seu novo colega de trabalho, Ub Iwerks.

Mesmo o emprego não sendo muito desafiador criativamente, já que ele apenas reproduzia o que lhe mandavam, Walt estava extremamente feliz e orgulhoso de si. Estava ganhando a vida através de sua arte! E era muito bom nisso. Infelizmente, o mercado perdeu força após as festas de fim de ano e Walt foi despedido.

Apesar de ser algo desanimador, ele voltou suas forças para seu sonho inicial: se tornar um cartunista de jornal. Walt era convencido, e decidiu que abriria seu próprio escritório com outro ex-empregado da empresa onde trabalhava, Ub Iwerks. Identificou o nome? Sim, era o mesmo Ub que anos depois seria responsável por refinar o design e animar um dos personagens mais famosos que já existiu, Mickey Mouse.

Os dois se completavam. Walt era extrovertido e usava essa qualidade para atrair novos negócios. Ub tinha medo de tentar qualquer coisa inovadora, não se preocupava com sucesso a longo prazo, e sim, com seu salário para pagar contas mensais. Não demorou muito para os dois desistirem do escritório e começarem a trabalhar lado a lado na Kansas City Slide Co., uma empresa de propagandas.

Do lado esquerdo ao fundo e de cachimbo, Walt Disney trabalhando na Kansas City Slide Co.

A maioria dos comerciais eram feitos com filmes e atores reais, mas Walt trabalhava na pequena parcela de comerciais feitos com animação. Não era nem de longe a animação como conhecemos hoje. Era uma técnica crua, onde os artistas cortavam partes dos personagens, as mexiam, e batiam fotos das diferentes posições criando uma ideia fraca de movimento. Era um stop-motion primitivo.

Walt não fazia ideia, mas sua paixão por animação surgiria ali. Ele ficou obcecado. Buscou materiais em bibliotecas e departamentos de arte, mas não havia muito que pudesse aprender já que quase nenhuma técnica havia sido desenvolvida. Com a ajuda de Roy, ele montou um estúdio amador para praticar e instalou uma câmera em sua garagem.

Disney passava horas experimentando e descobrindo esse novo mundo. Criava curtas e chamava aqueles que conhecia para assistir. Somado à sua paixão por tecnologia, estava seu encantamento por poder criar um mundo só seu.

Um jovem Walt Disney, ainda sem o seu característico bigode.

“O truque de fazer as coisas se mexerem no filme foi o que me pegou.”

Walt Disney

Walt não era apenas talentoso, era também ambicioso. Após treinar produzindo curtíssimos filmes, juntou seu trabalho e os mostrou para um grande produtor de sua cidade, Newman. Ele gostou da amostragem e encomendou novos projetos. Os curtas de Walt Disney estrearam no Newman Theater em Março de 1921, ele era oficialmente um animador.

Produzir esses curtos e amadores desenhos era trabalhoso, logo Walt deixou de conseguir fazê-los todos sozinho e começou a recrutar jovens artistas e cartunistas. Ele tinha apenas dezenove anos quando começou a se tornar famoso localmente por suas produções, sua pouca idade e experiência dificultavam encontrar alguém que aceitasse financiá-lo.

Animações são produtos caros para se produzir. Por isso, Walt começou a experimentar também com atores reais. Não demorou muito para ele unir as duas técnicas. Após décadas veríamos o resultado disso em Mary Poppins (1964).

Cartão de visitas de Walt Disney.

Após seu sucesso inicial, Walt Disney começou a planejar animações que durassem um pouco mais, entre seis e sete minutos. Desse modo, poderia criar uma narrativa, mesmo que nada refinada. Sua maior dificuldade ainda era encontrar alguém interessado em investir em uma área tão nova do entretenimento e sem garantia de retorno.

Felizmente, Walt era carismático. Sua empolgação e confiança em seu trabalho foram suficientes para que ele conseguisse vender seus curtas para pequenos distribuidores. Ele e seus artistas trabalhavam incansavelmente em seu estúdio improvisado. Animando pequenos curtas conseguiam dinheiro para financiar produções mais elaboradas. Qual o tema desses desenhos? Contos de fada, é claro! Sendo o primeiro deles Chapeuzinho Vermelho.

Os outros estúdios pequenos começaram a ver Walt como um real adversário e pararam de cooperar e disponibilizar materiais e espaço para ele. Elias o incentivava a desistir do ramo, dizia que o filho iria falir. Roy se manteve firme, e continuou dando total apoio ao irmão. Creio que ninguém acreditava em Walt tanto quanto seu irmão. Roy foi seu primeiro e maior fã.

A série Newman Laugh-O-Grams foi composta pelos primeiros curtas produzidos por Walt Disney.

“Eu meio que me tornei uma celebridade no meio.”

Walt Disney

Disney então tomou uma das primeiras grandes decisões de sua carreira. Em Maio de 1922, uma licença foi emitida em nome de Walt pela prefeitura da cidade. Esse documento permitia que Walt produzisse e distribuísse seus próprios filmes, bem como comprar, emprestar e conseguir os empréstimos necessários. Tornava Walt presidente de uma pequena empresa. Ele não fazia ideia do que estava por vir, mas esse foi o início do Walt Disney Studios.

Aos poucos, Walt conseguiu vender seus curtas, mas tornar o pequeno estúdio no que conhecemos hoje não foi um caminho fácil. Para ele, era imprescindível que seus produtos tivessem uma qualidade jamais vista, por isso, várias vezes Walt Disney prometeu mais do que podia cumprir e gastou muito mais do que suas condições permitiam.

Ele quase foi a falência diversas vezes. Felizmente, Roy estava sempre a postos para o ajudar. Os dois gastaram tudo o que tinham e pegaram com frequência empréstimos enormes no banco para seguir o sonho de Walt. O caçula era uma gênio criativo, mas sem Roy para organizar as finanças a empresa nunca teria conseguido se manter.

Roy e Walt, em frente ao Disney Brothers Cartoon Studio.

A pressão constante para gerar lucro com produtos de alta qualidade deixou Walt doente diversas vezes. E também o tornaram um chefe extremamente exigente . Ele tinha o dom de fazer com que os artistas ao seu redor quisessem agradá-lo e impressioná-lo, sempre queriam dar o seu melhor, mesmo que isso custasse dias presos em uma pequena sala desenhando ou noites em claro sobre uma prancheta.

Apesar de sempre exigir os melhores resultados, Walt também proporcionava o melhor que podia para sua equipe. Fazia questão de bancar aulas de desenho para que todos pudessem evoluir sua habilidades. E mesmo quase sempre sem dinheiro extra em caixa, pagava o máximo possível para seus artistas.

Em 1923, quando tudo parecia perdido, Walt se mudou para a Califórnia, onde abriu com Roy o Disney Brothers Cartoon Studio, e o resto é história. Os dois se mostraram a combinação perfeita entre criatividade e logística. Isso, somado aos excelentes profissionais que contrataram, garantiram que o sucesso da empresa fosse apenas uma questão de tempo e perseverança.

Lillian, Walt, Ruth, Roy e sua esposa Edna, no primeiro estúdio na Avenida Kingswell, em Los Angeles.

Logo veio a criação do tão famoso camundongo, nosso querido Mickey Mouse. O estúdio também continuou animando curtas, como as Silly Symphonies, as quais misturavam pioneiramente animação, som e cor. O estúdio se consolidou verdadeiramente em 1937, com o lançamento do primeiro longa-metragem animado do estúdio, Branca de Neve e os Sete Anões.

O fascínio de Walt por novas tecnologias e técnicas de animação nos permitem inferir que ele seria um grande entusiasta da animação feita por computadores, mesmo os fãs gostando de pregar o contrário. É impossível saber como sua presença influenciaria as animações do estúdio, mas gosto de pensar que ele usaria a computação gráfica com sabedoria, para melhor contar a história do filme, e não, apenas para impressionar com realismo.

Walt construiu um império. Sua empresa expandiu seu alcance e criou redes de televisão e parques temáticos. Para conhecer um pouco mais sobre como Walt desenvolveu sua empresa, não deixe de ler as três primeiras partes do especial sobre Walt Disney que preparamos esse mês: A Construção de um Império; Do Cinema para a Televisão; e A América de Walt Disney. Walt Disney morreu dia 15 de Dezembro de 1966, em Burbank, na Califórnia.

Walt Disney desenhando Mickey Mouse.

A lenda americana do contador de histórias, Walt Disney, é fascinante. Ele foi um dos melhores que já existiu em toda a indústria cinematográfica. Era tão bom, que mesmo após ter uma equipe imensa, todos dizem que sua habilidade de empolgá-los ao contar suas idéias para um novo filme era insuperável. Suas obras tinham alma e influenciaram cineastas ao redor de todo o mundo.

No entanto, para mim, o homem por trás do mito sempre foi muito mais interessante. Ele nos ensina que os lemas que apresentou em seus filmes, como “Sonhos Se Tornam Realidade”, não foram apenas frases planejadas para iludir crianças, eram crenças reais.

Ele provou ser possível. Com persistência e fé. Fé para seguirmos nossa intuição. E persistência para acreditarmos que algo dará certo mesmo quando indica o contrário. Walt não sentia pena de si quando algo não dava certo, ele seguia em frente.

Walt Disney cercado por pelúcias de sua maior criação, o camundongo Mickey Mouse.

Nunca devemos esquecer de uma coisa: tudo começou com um camundongo”, disse ele uma vez. Desculpe-me Walt, mas você estava errado. Tudo começou com um menino que conseguia ver o lado bom de passar sua infância entregando jornais. Começou com uma criança em Marceline, uma criança com grande imaginação que não deixou a realidade do mundo a destruir quando cresceu.

Obrigada pelo exemplo, Walt. Serei eternamente grata. Caso tenha se interessado pela vida de Walt e queira se aprofundar, não deixe de conferir a biografia Walt Disney – A Triumph of the American Imagination, escrita por Neal Gabler.

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Também recomendo assistir aos filmes Walt Before Mickey (2014), disponível na Netflix, e Walt nos Bastidores de Mary Poppins (2013). E você, Camundongo, o que aprendeu com Walt? Tenho certeza que deve conhecer vários fatos e curiosidades que não mencionei, não deixe de comentá-los!

Escrito por Caroline

Designer Gráfico, Disney freak, viciada em café, quer ser roteirista e princesa quando crescer. Têm mais livros do que deveria e leu mais vezes “Orgulho e Preconceito” do que têm coragem de admitir.

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