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Especial Walt Disney | A América de Walt Disney

Com tudo ocorrendo bem, a televisão transformando Walt Disney em uma pessoa mais refinada, ele achava que o programa precisava de algo a mais e, por isso, desde o começo de Disneyland insistia em representar um herói americano e ele pressionava um dos departamentos focados na televisão, que nomeou Frontierland — Walt havia determinado os departamentos que faziam parte do programa de televisão através das áreas do futuro parque — para surgir com uma boa ideia, e isso aconteceu.

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Disneyland, o programa de televisão, estava realmente dando o que falar e impressionando a todos. Não somente pelo seu número de audiência, ou pela apresentação de Walt Disney, que se tornou “A” personalidade americana, mas pela série que foi criada, chamada Davy Crockett. Era uma sensação, a história era sobre um homem na fronteira do Tennessee que lutava contra índios. Sua estreia foi em 05 de Dezembro de 1954 e foi estrelada por Fess Parker e tinha tudo, tinha ação, aventura, música, a qual ficou na cabeça de muitas pessoas, e claro, uma enorme linha de merchandising de apoio.

Para vocês terem uma ideia, essa série aumentou a audiência para uma marca acima de 40 milhões, o que é um quarto dos Estados unidos. E como tudo que faz sucesso, Davy Crockett se tornou um símbolo para o país, segundo a biografia de Walt escrita por Neal Gabler “Walt Disney havia claramente tocado a sensibilidade nacional, mesmo que por acidente, ao reviver a ideia do herói franco, sem medo, idealista, compassivo, mas intrépido, em um tempo em que os americanos lembravam os valores do seu passado que, acreditavam, os distinguiam da conformidade e frieza do seu opositor global, a União Soviética, e que demonstrariam sua superioridade em relação ao comunismo, apesar da morte de Crockett em Álamo“.

Isso trouxe uma certa confiança nacional, mais prosperidade, o que acabou resultando em esperança. As pessoas simplesmente gostavam da forma que Walt retratava o país e isso só rendeu oportunidades para o programa, como o caso do Homem no Espaço, exibido no dia 05 de março de 1955, que fazia parte do momento Tomorrowland, em que era projetado ideias sobre a exploração espacial, e também o Our Friend the Atom, feito com a ajuda de cientistas nucleares. Ou seja, além promover valores simbólicos importantes para o país, Walt Disney apoiou a futura ciência do país.

A “América de Walt Disney” foi como ficou marcado os anos 50 nos Estados Unidos, uma época pós-guerra, na qual Walt e sua equipe propagavam certas tradições democráticas progressistas como a modéstia, ingenuidade, determinação, discrição e ainda por cima, apoio e confiança na ciência e tecnologia. Apesar de não ser o foco, o estúdio não ganhava muito lucro devido ao alto custo de todas essa produções. Como o foco de todo esse investimento na televisão tinha mais o objetivo de promover os filmes e afins, pareceu não afetar tanto assim os ânimos de Walt, mas os ânimos de Roy, por sua vez, pareceram ficar bem irritados quando as coisas não estavam indo muito bem com RKO, distribuidora de filmes.

Devido a problemas com a distribuidora, os últimos filmes lançados com a RKO foram 20.000 Léguas Submarinas, em Dezembro de 1954, e  A Dama e o Vagabundo, em Junho de 1955, depois disso, passaram a distribuir pela Buena Vista — criada durante o programa Disneyland, para Aventuras da Vida Real, a qual a RKO relutava em distribuir — e, dessa forma, o estúdio tinha liberdade em controlar toda a produção, distribuição e publicidade de seus filmes.

No mesmo ano, em 1955, o presidente da ABC sugeriu a Walt colocar em prática o Clube do Mickey Mouse (1955-1959), um programa que passaria cinco vezes por semana durante uma hora, o mesmo esquema de Disneyland, porém com uma única diferença. Walt teria absoluto controle criativo, pois o presidente acha que este programa seria o que engajaria o público matinal, trazendo, em suas palavras “uma nova dimensão à programação diária“.

O programa era apresentado por um mestre de cerimônias, o mouseketeer, chamado Jimmie Dodd e seu parceiro Roy Williams — que trabalhou com Walt na criação de piadas para curtas de Mickey —, um grupo de crianças, chamadas mouseketeers, e a ordem do programa era um filme sobre crianças, um show de talentos, as séries Hardy Boy (1955-1959) e Spin and Marty (1955-1957) e um desenho animado diário da coleção da Disney.

https://www.youtube.com/watch?v=qq6Kgf6Tnus

O programa estreou em Outubro de 1955, e ele tinha um diferencial que era o elenco, as crianças com chapéu de orelhas pretas na cabeça, a música tema, e a simplicidade. O programa era feito para as crianças e o sucesso foi marcado em sua primeira temporada assistida por mais de dez milhões de crianças todos os dias. Novamente, o estúdio acabou não obtendo lucro, por mais simples que fosse para fazer esse programa — que levava literalmente somente um dia —, Walt estava interessado no dinheiro que vinha da ABC que ajudava na construção de seu grande sonho, o parque temático.

Walt Disney pensava apenas no parque, todos sabiam e percebiam que ele estava frequentemente pensando no seu sonho. Em 12 de Julho de 1954, quando começaram a construção do parque, todos tiveram que correr devido ao prazo estipulado por Walt para inaugurar seu parque em 1955, então o ritmo de trabalho foi intenso. Isso gerou um certo estresse com todos os envolvidos, pois algumas pessoas deixavam de trabalhar devido ao ritmo corrido, as estruturas e fundações foram feitas antes de alguns detalhes arquitetônicos, teve greve na fábrica que distribuia o asfalto, enfim, sempre tinha algum problema.

Mas Walt jamais foi um homem ausente na construção da Disneyland. Durante a construção, ele andava por todos os locais do terreno, apressando ou diminuindo o ritmo de trabalho para que tudo ficasse exatamente do jeito que ele queria. Ele almejava perfeição, queria que a sua visão fosse transportada para realidade com todos os detalhes possíveis.

E mesmo com alguns investimentos aqui e ali, Walt e Roy buscavam mais pessoas para investir no parque, já que 50% do primeiro montante de dinheiro havia sido direcionado para as estruturas do parque. Empresas como Coca Cola, Ford, Pepsi Cola, Kellogg, Standard Oil, B.F. Goodrich acabaram investindo uma quantia de dinheiro no parque porque acreditavam que isso seria algo realmente grande e que, com o sucesso, o nome deles estaria lá, seria como uma via de duas mãos.

Disneyland custou dezessete milhões de dólares para ser construída e uma Universidade Disney para ficar da melhor forma possível. Alguns aspectos tiveram que ser adaptados no quesito visual, mas Walt Disney testou todos os brinquedos e, claro, não deixaria que os funcionários estragassem sua fantasia, então criou a tal Universidade Disney, a qual deu início à imagem de cast member tão reconhecida hoje, ou seja, funcionários sempre alegres, sem pelos faciais, com boa apresentação e pronto para atender a todos com sorriso no rosto.

E chegou 17 de julho de 1955. A tão esperada data para inauguração da Disneyland tinha chegado. A ABC tinha investido quarenta mil em publicidade e na transmissão foi feita ao vivo com vinte e nove câmeras espalhadas pelo parque. A transmissão foi um pouco conturbada, pois acabou mostrando alguns defeitos do parque — devido à falta de dinheiro para finalizar — e também, devido ao parque não estar 100% finalizado, alguns convidados, especialmente mulheres, ficavam com os saltos presos no asfalto, mas nada disso tirou Walt Disney do sério. Segundo sua filha, Diane, Walt era o homem mais feliz do mundo.

Apesar dos defeitos, não deixou de ser um dia marcante na vida dos estadunidenses. Cummings, apresentador da transmissão, disse: “Acho que todos aqui algum dia se sentirão tão orgulhosos de terem estado presente como as pessoas que estavam na inauguração da Torre Eiffel“. Enquanto uns viram como uma extensão dos desenhos animados com o dobro do tamanho, outros viam Disneyland como a utopia física da América de Walt Disney, era uma mistura de bom gosto com fantasias e sonhos de um futuro talvez não tão distante, nada mais era do que um cenário de um filme.

Com todas as ilusões de ótica para fazer com que o convidado sinta-se no mundo em que eles eram considerados pessoas importantes, o parque contava histórias em que o convidado é o protagonista. Toda a transição do mundo externo para a fantasia que ocorre no parque foi planejada e ainda, acima disso tudo, Disneyland foi o clímax na vida de Walt.

De acordo com a biografia escrita por Neal Gabler: “Na Disneyland, os visitantes faziam parte de uma atmosfera geral de felicidade e se deliciavam com a sua própria manipulação, porque ela era tão bem executada, tão confortável e revigorante, e talvez mais que tudo, porque saber que alguém de fato havia conseguido aquilo dava uma sensação de poder muito grande. No fim, não era o controle ou a imaginação que tornavam a Disneyland tão impressionante para os que visitavam; como tantas coisas mais na carreira de Walt Disney, era a maravilha do controle. “

Na primeira semana, 161.657 pessoas visitaram o parque e, ao final do mês, vinte mil pessoas frequentavam o parque diariamente. Depois de dois anos e meio, o parque já havia recebido o milionésimo visitante e, depois de dezessete anos, finalmente, a Walt Disney Productions não estava mais nadando em dívidas. Em 1955, a empresa faturou 24,5 milhões de dólares bruto e isso, apesar de trazer grande satisfação para a empresa, não trazia tanta felicidade assim para a família de Walt.

Parece até estranho, não é mesmo? Apesar de amar Lílian, Walt sempre tinha desentendimentos com ela devido à personalidade possessiva dela. Além disso, Diane não era muito fã das coisas que o pai fazia, e Sharon era vista como a menina tímida da família que preferia andar a cavalo do que estudar. Por conta desses altos e baixos familiares, Walt passava diversas noites no estúdio ou em seu apartamento da Disneyland.

Walt Disney, desde a construção de Disneyland, passou a se devotar mais ao parque do que às animações, alguns animadores inclusive afirmavam que ele havia perdido o interesse porque já tinha feito tudo o que queria e todo esse comportamento era visível. Enquanto antigamente Walt passeava entre as mesas para ver o que estava acontecendo, nos anos 1950 ele tinha que ser chamado para ser inteirado e dar sugestões das animações que estavam sendo produzidas. Acaba sendo um comportamento um tanto quanto compreensível, já que Walt tinha essa personalidade agitada que sempre estava buscando por coisas novas para fazer, coisas para inventar.

Após a inauguração do parque, a qualidade das animações caiu bastante, e Walt estava ciente disso e acreditava que isso levaria a ampliar ainda mais o parque. No entanto, devido à concorrência que foi sendo criada dentro do mundo da animação em que os traços estavam mais modernos, músicas modernas, desenhos como Magoo estavam ganhando espaço e se sobressaindo aos desenhos da Disney.

Por isso, Walt começou a planejar uma animação mais ambiciosa, A Bela Adormecida (1959). Transferiu por um tempo alguns animadores que estavam na produção de A Dama e o Vagabundo (1955) e começou a se preparar para o que seria um grito de saudação planejado para mostrar conclusivamente a superioridade do estilo Disney. Novamente, ele reforçou a utilização de modelos vivos para as criações dos personagens, seria como se fosse a última palavra em animação e, para Walt, levaria o tempo necessário para ficar pronto.

E levou muito tempo. Muito mesmo. Até mais que Branca de Neve e os Sete Anões (1937). Todo o estilo aplicado nos cenários em A Bela Adormecida (1959) era diferente, tinha técnica, era mais abstrato e menos realista, isso dava um trabalho diferente e até difícil para alguns animadores. O filme teve início em 1951, teve a discussão do storyboard em 1955 e sua distribuição foi adiada para o Natal de 1958. O filme foi feito com tantos detalhes que, obviamente levou mais tempo. Infelizmente, quando o filme foi lançado em Janeiro de 1959, não teve o sucesso esperado.

Os desenhos não tinham o encanto esperado de um filme da Disney, o roteiro estava monótono e as próprias ambições de Walt atrapalharam o filme, isso fez com que eles perdessem 900 mil dólares naquele ano, em grande parte por conta do longa-metragem e, então, Disneyland virou o refúgio da empresa e a esperança de Walt. Em 1957, a Disney renovou o acordo com a ABC produzindo Disneyland, o Clube do Mickey Mouse, agora com meia hora de duração, e a transmissão da série Zorro (1957-1959), que, por sinal, foi quando os Irmãos Sherman fizeram a melodia de abertura.

Primeira formação de Clube do Mickey Mouse

Já para a Disneyland, Walt tinha várias ideias. Vivia indo à Europa atrás de ideias e inovações. Criou a praça Edison com arquitetura do século XIX, exposições de ciência e tecnologia, Walt imaginou o Salão dos Presidentes com animatronics de cada um, mandou pessoas para Nova Orleans para tirar fotos e poder fazer um quarteirão inteiro inspirado na cidade que teria uma casa assombrada, Walt simplesmente não parava.

Walt Disney era uma celebridade, uma personalidade, um símbolo para o povo americano. Apesar dessa imagem não ser tão reforçada assim lá fora, todo o mundo queria conhecer Disneyland, era parada obrigatória para qualquer viagem aos Estados Unidos. Aparentemente, Walt parecia estar em paz, feliz, mas as pessoas mais próximas sabiam que por dentro ele nunca estava cem por cento satisfeito, ele não acreditava veemente no seu sucesso ou na tranquilidade. Como dito por alguns dos animadores, Walt precisava de um pouco de tensão, ação, dessa forma, ele tinha como dirigir sua energia nervosa.

Desenho da Praça Edison na Disneyland

Até então, o programa da Disneyland pertencia à emissora ABC, e como a emissora começou com uma conversa de que o custo dos programas estavam ficando altos, Walt e Roy, em Junho de 1960, compraram o programa e tentariam exibi-lo em outro canal, e os outros dois programas, Clube do Mickey Mouse e Zorro, foram cancelados.

Já em Outubro do mesmo ano, eles fizeram um acordo com a NBC e foi de forma rápida, porque como as novas tecnologias da televisão estavam se evoluindo para telas com cores, claro que Walt Disney, pioneiro dos desenhos animados com cor no cinema, não iria perder a chance de ser pioneiro também nos desenhos animados com cor na televisão e, então, o programa Disneyland deu lugar ao O Maravilhoso Mundo Colorido de Walt Disney (1961-1969).

Nesse momento, Walt era o líder. Se antes ele tinha sido pioneiro no cinema, agora ele era líder da transformação televisiva do preto e branco para o colorido, como ele mesmo disse “Sou um ditador absoluto do que acontece no meu programa“. A estreia aconteceu em 24 de Outubro de 1961 e fez um enorme sucesso. Segundo críticos: “aqui, numa mudança maravilhosa, houve alguma coisa fora de Hollywood que contribuiu para o esclarecimento e o completo entretenimento de toda a família.” E como todo efeito Disney, as vendas de aparelhos de televisão coloridos subiram 105% e a emissora renovou o contrato por mais dois anos.

O parque e o programa de televisão estavam indo de acordo com o que Walt esperava e naquele momento ele se via como um planejador visionário que podia fazer o que quisesse com a tela, enquanto o parque era o local físico daquilo tudo que ele podia construir. Muitas propostas e ideias vieram e foram oferecidas como um local só para crianças chamado Kiddieland, que seria uma rede de espaços infantis, um local da Disney com neve também foi uma das ideias, mas nada encantava tanto Walt Disney quanto a possibilidade de montar uma cidade.

A ideia, que na época era chamado de “Cidade das Artes”, era, segundo ele “uma cidade inteira ou área de vale e desenvolvê-la do início ao fim, fazer desta cidade uma atração turística e de entretenimento internacionalmente conhecida e o centro educacional que precisa ser para ter sucesso.”

Ele criaria uma utopia real. Em 1960, Robert Moses — homem com sonhos e visões tão grandes quanto Walt Disney — era chefe da Feira Mundial de Nova Iorque e tinha reservado uma área de oito acres que seria a “cidade das crianças” e, obviamente, queria que Walt desenhasse essa área, mas ele sabia que a cidade não disponibilizaria os recursos necessários e, para Moses não perder o homem, fez uma contraproposta, para Walt desenhar os pavilhões das empresas que iriam ser exibidas nas feiras.

Nesse ponto Walt viu vantagem, pois segundo ele: “isso nos ajudará. Aprenderemos muito, e isso nos dará oportunidade de desenvolver a tecnologia em que estamos trabalhando,” essa feira de fato ajudaria também na publicidade do parque e muitas das atrações que criariam, poderiam ser colocadas na Disneyland, o que deixou Walt ainda mais animado.

A primeira empresa que fechou foi a Ford. Walt planejou mostrar por doze minutos a história das invenções através de 160 conversíveis da Ford que guiavam o percurso do quadro de figuras audioanimatrônicas. Com a GE, foi usada a ideia de Walt da praça Edison, porém mostrando o progresso da eletricidade através dos produtos da empresa dentro de um “Carrossel do Progresso” em que também eram usadas os animatronics.

Durante esse processo viu que os animatronics poderiam ser muito mais aproveitados em uma atração que impressionaria a todos, por essa razão insistiu em achar alguma empresa que pudesse bancar seu Salão dos Presidentes, mais especialmente uma versão do tamanho real de Abraham Lincoln e, ainda, para tentar seduzir a Coca-Cola, Walt pediu que fizessem a Tiki Room, uma sala com pássaros animatrônicos, que acabou virando atração na Disneyland.

Com um ano antes da feira, a Pepsi-Cola entrou em contato com Walt e disse que queria que ele projetasse algo no espaço deles de 94 mil pés e surgiu a ideia de um passeio de barco. Primeiramente, Walt pensou em fazer crianças de todo o mundo cantando seus respectivos hinos, mas isso geraria uma certa cacofonia, então ele pediu aos Irmãos Sherman para comporem uma música para ser cantada por todas as crianças e hoje ela é conhecida como “It’s a Small World“.

https://www.youtube.com/watch?v=WhunBntaYsE

Quando chegou a época da feira em 1964, apesar de Lincoln ter dado alguns problemas, os quais depois foram consertados, os resultados foram ótimos. O Carrossel do Progresso foi a terceira atração mais vista, a da Ford a quarta, e a de Lincoln não se classificou devido ao tamanho do pavilhão, mas nada impediu para que Walt pedisse que fizesse outro para colocar no parque. Depois da primeira temporada da feira, Walt estava extasiado.

Não somente por ter triunfado na feira, mas porque finalmente conseguira os direitos para produzir Mary Poppins (1964), apesar de altos baixos com a escritora, os quais podem ser conferidos no filme Walt nos Bastidores de Mary Poppins (2013). O filme foi lançado em Agosto de 1964 e encantou a todos, a reação foi muito maior que Branca de Neve e os Sete Anões (1937) e isso se revelou no faturamento que foi próximo aos 50 milhões de dólares.

Durante esse tempo, Walt não deixava de pensar em uma coisa: qual seria o seu legado para a empresa e para o mundo. Ele dizia “Quero que essa coisa Disney continue por muito tempo depois que eu me for.” Seu nome havia virado sinônimo de entretenimento saudável, mas dentro de sua mente, Walt não queria apenas entretenimento, queria também poder deixar sua marca na educação e, como acreditava que nunca se podia chegar ao patamar da perfeição porque sempre podemos aprender algo novo, ele abriu mão da sua cidade das artes e focou em fundar um local em que os estudantes pudessem se misturar entre eles e com o público, podendo também vender sua arte. Este lugar então, onde era o Chouinard Art Institute — que se juntou em 1962 com o Conservatória de Música de Los Angeles — virou o CalArts (California Institute of the Arts).

Lá, Walt disse: “Não quero uma porção de teóricos. Quero uma escola que forme pessoas que conheçam todas as facetas da produção de um filme: fotografá-lo, dirigi-lo, desenhá-lo, animá-lo e gravá-lo“. Seria um local com artes gráficas, artes aplicadas, dança, atuação, música e cinematografia, tudo debaixo de um mesmo teto. Tudo isso encantava Walt, fazia ele pensar no futuro diversas vezes e ele conseguia enxergar um universo de possibilidades.

Walt discutindo sobre CalArts

Depois do sucesso da feira, Walt era cobrado se não faria algum outro parque. Ele dizia que não queria, especialmente em Nova Iorque, mas ele acabou indo atrás de lugares — inclusive em Brasília — e se recusava a criar um parque na Flórida. Acabou comprado o terreno para criar o Disney World, mas Walt não tinha interesse em fazer outro parque, seu único interesse era que lá poderia construir sua cidade utópica. Seria a respostas àqueles que diziam que Walt ignorava os problemas, essa cidade seria a solução.

Walt sabia que não poderia resolver todos os problemas imediatamente, então essa cidade utópica seria uma forma de comunidade experimental, chamada de Experimental Prototype Community of Tomorrow ou EPCOT. Esse projeto só mostrava como Walt Disney foi um homem à frente de seu tempo, porque tudo o que ele estava planejando era algo que as pessoas esperavam que acontecesse daqui vinte ou trinta anos, eram coisas que hoje são possíveis, mas muitos não se atentam em trazê-las para a realidade.

EPCOT seria o primeiro centro urbano livre de acidentes, ruído e poluição dos Estados Unidos, aquilo seria um avanço absurdo da sociedade, mas infelizmente não havia tecnologia suficiente para tornar tudo aquilo possível, por isso chamava as empresas presentes na feira de Nova Iorque para testar suas tecnologias. Além dessa possível sociedade, o EPCOT seria uma amostra do know-how americano.

A partir de 1965, Walt estava cortando os custos da animação, pois ao mesmo tempo que queria desistir delas, não podia já que sentia que devia algo aos animadores. Apesar de animações como 101 Dálmatas (1961) e A Espada Era a Lei (1963) não faturarem muito, os cortes de gastos continuaram. O departamento de animação não tinha mais o espírito de camaradagem e inclusive, animadores brigavam entre si. Em 1966, na produção de Mogli – O Menino Lobo (1967), Walt voltou a participar do filme o que fez com que a história fosse refeita e assim, ganhou um novo brilho.

Gravação da música “Quero Ser Como Você”

Walt estava envolvido em diversos projetos, inclusive EPCOT, mas o corpo de Walt não estava mais respondendo a toda essa atividade. Ao fazer alguns exames, os médicos viram que ele tinha manchas nos pulmões, além de, no raio X, encontraram uma massa sólida, o que significava câncer de pulmão. Walt era um fumante assíduo, seus dedos eram manchados de nicotina, sua voz já estava rouca e grossa. Infelizmente, quando foram fazer a cirurgia para retirar, o médico disse que era um tumor maligno e já havia feito metástase, ou seja, não podiam retirar e foi dado uma expectativa de vida de seis meses a um ano.

A família ficou devastada, Walt continuou indo ao estúdio, mas depois que piorou, foi levado ao hospital e acabou falecendo às 9h35 da manhã do dia 15 de Dezembro de 1966, devido a uma parada cardíaca causada por um carcinoma broncogênico. Em nota, seu irmão Roy escreveu “A morte de Walt Disney é uma perda para as pessoas de todo o mundo. Não existe forma de substituir Walt Disney. Ele foi um homem extraordinário. Talvez nunca vá existir outro igual a ele. Continuaremos a operar a companhia de Walt como ele estabeleceu e orientou. Continuaremos a tocar todos os planos para o futuro que Walt começou.”

O legado que Walt Disney não foi pequeno e ele ainda se repercute até hoje. Com certeza, é uma personalidade que jamais será esquecida enquanto houver pessoas que acreditem em tudo aquilo que ele fez e continua fazendo através de uma equipe incrível de pessoas que administram a empresa. Se existe alguém que qualquer pessoa devia se inspirar é nele. Visionário, sonhador e empreendedor, Walt Disney sempre será um sinônimo de esperança, de conquista e de visão.

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E assim termina a vida de Walt Disney, mas sua memória sempre será preservada por todos ao redor do mundo. No entanto, nosso especial continua! Por isso, continuem nos acompanhando para saber mais destalhes da história dessa lenda do entretenimento.

Escrito por Catarina

Colecionadora de tsum tsums, seu filme favorito da Disney varia de acordo com o humor. Apaixonada pelas trilhas sonoras da Disney e o mascote do site é o seu maior xodó gráfico.

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