“O par perfeito. Um dragão que não é um dragão, e um rei que não é um rei.”
Galavant
Depois de dois pares de episódios muito bons, a equipe de roteiristas por trás de Galavant se descuida um pouco e apresenta algumas tramas aquém da qualidade dessa segunda temporada. A começar pela história paralela de Isabella e sua procura pela Princesa Jubilee (Sheridan Smith), devido à sua falta de resposta ao convite de casamento com Príncipe Harry.
Pelo ponto de vista narrativo, a participação de Princesa Jubilee é inútil e foi utilizada como recurso para, de forma surreal, livrar Isabella da tiara encantada de Wormwood, um fato positivo, pois seria desnecessário arrastar essa ideia por mais alguns episódios. Assim, vemos o planejador de casamentos se transformando no novo grande inimigo.
Antes de partir de Hortênsia, Wormwood revela para Isabella a única arma capaz de matá-lo: a espada do verdadeiro rei, a qual, curiosamente, está sob a posse do atrapalhado Richard. Isso levanta algumas perguntas quanto às origens e ao passado do vilão. Até o momento, não tivemos demonstrações dos seus verdadeiros poderes e habilidades — e devemos descobri-los em breve.
Galavant e Richard, por outro lado, continuam em sua jornada para reunir um exército. Porém, em sua inocência, o antigo rei troca a joia de Valência por um “dragão” batizado de Tad Cooper, com a intenção de ajudar nosso herói, o qual se enfurece e despeja a verdade nua e crua em cima de Richard, ferindo seus sentimentos.
Claro, para trazer ainda mais drama para o conflito entre os personagens, os roteiristas os colocam em lados diferentes de uma antiga disputa entre gigantes muito baixos e anões muito altos, uma sensacional paródia da briga de facas de Amor, Sublime Amor (1961). E cabe à Roberta trazer bom senso aos dois e explicar o quanto um precisa do outro.
Em seguida, reencontramos o pai de Galavant, dessa vez interpretado por Greg Wise (Razão e Sensibilidade). A trama explica o porquê de Galavant se comportar de tal forma, sendo mais reservado e emocionalmente distante. E durante todo esse tempo, Arnold treinava crianças abandonadas e tricotava para lidar com o fato de ser um pai ausente na vida do filho.
Fora do núcleo principal, a aproximação de Gareth e Madalena em Bewitched, Bothered, and Belittled se transformou em paixão. A dinâmica inescrupulosa estabelecida entre os dois nobres é um dos pontos altos da temporada. A forma como ambos são cruéis e frios é muito divertida de se assistir, e cria um contraponto ao excesso de bondade dos outros personagens.
Sid tenta persuadir o brutamontes a desistir da ideia, afinal os últimos relacionamentos da rainha terminaram em tragédias, mas é forçado a fugir do reino para evitar ser decapitado. Sid vai para a Floresta das Coincidências, onde encontra Wormwood e Barry. A dupla segue para Valência e propõe o início de uma guerra com Hortênsia, como presente de aniversário para o novo rei.
Uma das qualidades de Galavant é a criatividade de seu roteiro. A Floresta das Coincidências não passa de um “deus ex-machina”, no entanto, o uso do recurso é muito bem-feito e enriquece o mundo da série. Outra são as piadas visuais, a exemplo das listas de afazeres de Wormwood, com direito a esnobar Alan Menken no Emmy, matar Jon Snow e desprezar o índice de audiência.
Tivemos, por fim, um novo — e bizarro — gancho para o próximo episódio. Se não devemos duvidar da possibilidade de Tad Cooper ser um dragão de verdade, tampouco devemos ter como garantida a sobrevivência de Galavant. Porque vindo dessa equipe de roteiristas podemos esperar de tudo e mais um pouco, ainda mais em termos de loucuras.
