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Mogli – O Menino Lobo | Um longa-metragem de animação ou de ação ao vivo?

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Em 1967, chegava aos cinemas Mogli – O Menino Lobo. A animação se tornaria conhecida por ser a última produzida pessoalmente por Walt Disney e um dos principais motivos para Gregory Peck renunciar como presidente da Academia de Cinema, ao não conseguir indicá-la ao Oscar® de Melhor Longa-metragem.

Naquela época, era incomum termos humanos interagindo com personagens e objetos animados em tela, como em Mary Poppins (1964). O avanço da tecnologia e a computação gráfica tornaram tal prática mais popular, a exemplo de Alice no País das Maravilhas (2010) e Cinderela (2015). Então, tivemos a estreia da readaptação Mogli – O Menino Lobo, em Abril de 2016.

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Conforme comentamos em outro artigo, a linha divisória entre a animação e a realidade está cada vez mais inexistente. Nos últimos meses, houve muito debate quanto à espécie do longa-metragem dirigido por Jon Favreau. Afinal, o mesmo seria uma refilmagem em ação ao vivo do clássico de 1967 ou apenas uma nova e mais moderna versão animada?

A resposta não é tão simples, como era de se esperar. Pelas regras da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, um longa-metragem para disputar o prêmio de Melhor Filme de Animação deve possuir um tempo de duração superior a quarenta minutos, com movimentos e performances dos personagens criados a partir de uma técnica quadro a quadro.

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Também é importante ressaltar: a maioria dos personagens centrais deve ser animada; setenta e cinco por cento ou mais do tempo de duração deve conter animação; e captura de movimentos não é uma técnica de animação. Embora a captura de movimentos tenha sido usada em Mogli – O Menino Lobo (2016) para referência, o cerne de sua animação foi o quadro a quadro.

O único ator principal a aparecer em tela é Neel Sethi, o intérprete de Mogli. Toda a sua atuação foi filmada em um estúdio de Los Angeles. Com exceção de alguns poucos objetos, todos os cenários foram criados por computação gráfica. “A ideia de irmos até a uma floresta e filmar as cenas lá não parecia ter a mesma magia do filme de 1967,” explica Favreau.

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De acordo com Steve Hulett, um dos representantes do sindicato dos animadores, quase noventa e quatro por cento do longa-metragem fora criado por animação, além de apontar semelhanças com outro concorrente ao Oscar® do próximo ano: Zootopia (2016). Em ambos os títulos, o ambiente e os animais foram feitos por computadores, usando as mesmas tecnologias e até alguns dos mesmos animadores.

Sendo assim, qual a razão para um ser considerado um filme de ação ao vivo e o outro, um filme de animação? Infelizmente. tal segregação é fruto do preconceito da indústria cinematográfica. A animação é vista como uma arte inferior e menos digna de apreciação, mesmo sendo uma das mais lucrativas, faturando bilhões em bilheterias anualmente.

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Mogli – O Menino Lobo (2016), apesar de cumprir todos os requisitos da categoria, não deve entrar na corrida pela estatueta de Melhor Longa de Animação. Além da casa do Mickey Mouse já ter três possíveis concorrentes — Procurando Dory (30 de Junho de 2016) e Moana: Um Mar de Aventuras (05 de Janeiro de 2017) sendo os outros dois —, tal movimento minaria as suas chances nas demais categorias da premiação.

Pelo forte apreço recebido por parte do público e da crítica, a aventura de Mogli e Baloo é um forte candidato aos prêmios técnicos e talvez até ao de Melhor Filme. Porém, igual à época de Gregory Peck, o espaço para animações é bem limitado. Ao longo de nove décadas da premiação, apenas três animações foram indicadas ao prêmio principal e nenhuma saiu vitoriosa.

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Recentemente, Divertida Mente (2015), um dos mais aclamados filmes do ano passado, ficou de fora da disputa pela estatueta máxima, embora tenha concorrido à de Melhor Roteiro Original. Entretanto, Gravidade (2013), o qual se apoia quase exclusivamente em animação, recebeu uma indicação, além de concorrer e vencer em algumas das principais categorias, como aponta o The Washington Post.

Caso o estúdio decida inscrever Mogli – O Menino Lobo (2016) como animação, poderá fazê-lo, no entanto, será uma aposta arriscada capaz de gerar revolta nos mais puristas. A verdade é: o longa-metragem deixou ainda mais borrada a divisão entre animação e realismo. Tecnicamente, é um filme animado. Politicamente, não é. Até Gregory Peck estaria confuso com essa situação.

Vídeo dos bastidores de Mogli – O Menino Lobo:

M ogli (novato Neel Sethi), um menino criado por uma família de lobos, sente que não é mais bem-vindo na floresta quando o temido tigre Shere Khan (voz de Idris Elba), que carrega cicatrizes causadas por caçadores, promete eliminar o que ele considera uma ameaça. Forçado a abandonar o único lar que conhece, Mogli embarca em uma cativante jornada de autoconhecimento, guiado pela pantera e mentora Bagheera (voz de Ben Kingsley) e pelo alegre urso Baloo (voz de Bill Murray). Pelo caminho, Mogli encontra criaturas da selva que não são exatamente bondosas, incluindo Kaa (voz de Scarlett Johansson), uma cobra cuja voz sedutora e olhar penetrante hipnotizam o menino-lobo, e Rei Louie (voz de Christopher Walken), o nobre de fala mansa que tenta convencer Mogli a contar o segredo da ilusória flor vermelha mortal: o fogo.

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Escrito por Lucas

Um grande aficionado por cinema, séries, livros e, claro, pelo Universo Disney. Estão entre os seus clássicos favoritos: "O Rei Leão", " A Bela e a Fera", " Planeta do Tesouro", "A Família do Futuro" e "Operação Big Hero".