The Muppets | 1×05 – Walk the Swine

Acompanhar The Muppets tem sido uma curiosa experiência, quase uma montanha-russa. De modo algum a série é ruim, porém, apresenta certos problemas, os quais já deveriam estar sendo tratados pela equipe criativa, e o principal deles é o cinismo dos personagens.

Walk the Swine exemplifica essa questão de forma clara através da trama de Fozzie. Por algum motivo obscuro, os roteiristas decidiram isolar o urso de seus companheiros e parecem determinados a acabar com nossa imagem inocente e amável do personagem.

Fozzie humilhando sua namorada em um palco foi cruzar a linha do bom-senso. O urso em momento algum faria isso, ainda que significasse arrancar algumas risadas do público. O coração bondoso e ingênuo dele não permitiria, assim como se deixou enganar por Statler no episódio passado, por simplesmente acreditar no melhor das pessoas.

Qual a explicação racional para um comportamento como esse, então? Não há. Os roteiristas simplesmente acharam conveniente quebrar tudo o que o urso representa. A graça do personagem está justamente em suas piadas sem graça, aquelas mesmas feitas por tios em almoços de domingo.

Para fins de comparação, semanalmente, às sextas-feiras, o canal oficial da franquia no YouTube publica uma série de vídeos com Fozzie contando uma piada mais sem graça do que a anterior. Esse é o verdadeiro Fozzie, aquele que usa “sapato-pum” e tem uma galinha de borracha.

No mundo dos fantoches, a ideia de The Muppets é inovadora e bem promissora, porém, não tem sido bem-sucedida por afastar vários personagens de suas origens. Kermit, por exemplo, se mostra um chefe manipulador e pouco amigável em vários momentos.

É divertido ver Miss Piggy em um duelo de egos com Reese Witherspoon, pois é totalmente coerente com a personagem. A nossa Miss Piggy nunca aceitaria perder para ninguém, especialmente para uma mulher. É evidente que ela moveria mundos e fundos para superá-la – mesmo em um pedido de desculpas.

Também é interessante ver Gonzo se aventurando no mundos dos encontros virtuais ou as referências ao fato da banda estar sempre “feliz” e a uma possível relação amorosa entre Bunsen e Beaker, porque são situações condizentes com eles.

Claro, a proposta do seriado é apresentar um lado mais adulto dos personagens, mas eles sempre foram responsáveis por trazerem a terceira maior dádiva do mundo, e sempre conseguiram cumprir essa missão sem apelar. Por que fazê-lo agora?

Os Muppets simbolizam uma brecha de alegria em um mundo tão cínico e cruel. Torná-los cínicos e cruéis não é a solução, obviamente, e talvez seja por essa razão que a resposta da audiência não esteja sendo a melhor. Ninguém está interessado em ver personagens tão queridos sendo transformados em versões amargas de si mesmos.

Se tivessem seguido a linha da história de Miss Piggy, Walk the Swine poderia ter sido o episódio mais fantástico da série. Whiterspoon não tem vergonha de brincar com sua imagem, e abraça com orgulho uma versão tão diva e egomaníaca quanto Piggy.

Devido a erros assim, The Muppets está desperdiçando seu potencial. A movimentação dos fantoches, a edição, a direção e tantos outros aspectos técnicos são tão perfeitos, a ponto de nos fazerem esquecer que são simples marionetes, e é triste ver tanto talento não sendo aproveitado como merecia.

Obs. #1: Rizzo é o último rato a quem se deve pedir conselhos ou ajuda…