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O que significa o prejuízo de Tomorrowland para nós e para a Disney?

A última edição do Camundongo Repórter trouxe uma notícia que já está se tornando comum no meio cinematográfico. Tomorrowland – Um Lugar Onde Nada é Impossível deve gerar um prejuízo de mais de cem milhões de dólares ao Walt Disney Studios, o qual teria investido cerca de US$400 milhões (somando custos de produção e de divulgação). Mas o que isso significa para nós enquanto público?

Brad Bird pode ser considerado um diretor muito bem-sucedido. O Gigante de Ferro (1999), Os Incríveis (2004) e Ratatouille (2007) foram extremamente bem recebidos pela crítica especializada – os dois últimos, inclusive, abocanharam três Oscars, além de outras seis nomeações ao prêmio. Missão: Impossível – Protocolo Fantasma (2011), sua primeira incursão fora do mundo animado, também recebeu boas críticas e faturou quase US$700 milhões mundialmente.

Qual seria o problema de Tomorrowland – Um Lugar Onde Nada é Impossível, então? O The Hollywood Reporter especula que adultos o consideraram infantil demais, e em contrapartida, as crianças pensaram se tratar de um filme para adultos. Alguns ainda apontam que o problema foi a concorrência durante o fim de semana de estreia, competindo contra Mad Max: Estrada da Fúria e A Escolha Perfeita 2.

Muitos também criticaram o roteiro e o fato de todos os conflitos desenvolvidos no decorrer do filme serem resolvidos em questão de poucos minutos. Segundo a nossa Crítica de Fã para Fã, o texto “não oferece solidez à trama, deixando o filme arrastado e fora de tempo. A impressão que fica é que a ideia original era ótima, mas tantos ajustes foram sendo feitos ao decorrer do tempo que o resultado foi uma história confusa e com pouco apelo narrativo.

Eric Handler, analista, declarou: “Há uma razão para estarmos vendo tantas sequências, prelúdios e propriedades conhecidas, porque nunca se sabe como filmes como Tomorrowland e O Destino de Júpiter vão se sair.” O Destino de Júpiter, que estreou em Fevereiro desse ano e custou cerca de US$180 milhões para ser produzido, causou um prejuízo de US$120 milhões para a Warner Bros. Ambos os longas-metragens tinham diretores renomados à frente – no outro caso, os Irmãos Wachowski, da trilogia Matrix – e eram bem ambiciosos, além de partirem de ideias originais.

Não é a primeira vez – e, certamente, não será a última – que o estúdio sente o gosto amargo do fracasso. John Carter – Entre dois Mundos (2012) e O Cavaleiro Solitário (2013) causaram, juntos, um estrago de quase US$400 milhões. Aqui, também nota-se a formação de um padrão. Enquanto a ficção científica era dirigida por Andrew Stanton (Procurando NemoWall-E), o faroeste era encabeçado por Gore Verbinski, dos três primeiros Piratas do Caribe. Ou seja, os diretores não podem ser responsabilizados totalmente pela falta de sucesso dos filmes.

Ao contrário do longa de Brad Bird, os de Stanton e Verbinski eram baseados em materiais já existentes, uma série de livros escrita por Edgar Rice Burroughs e um popular programa de rádio, respectivamente. Pela lógica, os dois projetos deveriam gerar rios de dinheiro, porém, quando Handler comenta a respeito de filmes inspirados em propriedades conhecidas, se refere a livros como A Culpa é das Estrelas, Jogos Vorazes e Cinquenta Tons de Cinza. Nesse quesito, eles se tornam quase ideias originais, pois são desconhecidos do grande público.

Há muito tempo tem se alardeado uma crise criativa que aflige Hollywood e não à toa as salas estão repletas de adaptações de livros, sequências, filmes derivados, prelúdios e todo tipo de produção que capitaliza em cima de algo já conhecido. E parte da culpa disso é de quem vai aos cinemas. O público atual se arrisca muito menos ao escolher os filmes que irá assistir, talvez pelo preço exorbitante do ingresso e todos os custos que envolve sair de casa e ir ao cinema.

Não é surpresa alguma, portanto, que clássicos do cinema de antigamente estejam ganhando novas versões – alguns até trocando os personagens masculinos por femininos – ou continuações depois de anos, e que esse fenômeno se repercuta até mesmo na televisão, até o Disney Channel ressuscitou O Mundo é dos Jovens (1993-2000) e e irá trazer novos episódios de Ducktales (1987-1990).

Para a Disney, o impacto causado é pequeno, especialmente quando já faturou quase dois bilhões de dólares através de CinderelaVingadores: Era de Ultron e ainda tem Homem-FormigaStar Wars: O Despertar da Força em sua cartela de lançamentos para esse ano. Logo, os executivos do estúdio concluem que vale mais investir nesse formato do que se arriscar em territórios inexplorados.

Exemplo disso é que, nos próximos anos, veremos ainda mais refilmagens de animações, como as de Mogli – O Menino Lobo (1967) e A Bela e a Fera (1991), além de Dumbo (1941) e Mulan (1998); diversas sequências, incluindo Procurando DoryToy Story 4Frozen 2. Excluindo o sétimo episódio, a franquia Star Wars deve receber mais duas continuações, além de três filmes derivados.

Já para nós, meros espectadores, representa que veremos menos riscos sendo tomados, menos criatividade e menos ideias originais ganhando a tela com grandes orçamentos, os tais blockbusters ou arrasa-quarteirões. Afinal, se não há quem se dispõe a ir assistir, então, não há necessidade alguma de se produzir esse tipo de filme.

Escrito por Lucas

Um grande aficionado por cinema, séries, livros e, claro, pelo Universo Disney. Estão entre os seus clássicos favoritos: "O Rei Leão", " A Bela e a Fera", " Planeta do Tesouro", "A Família do Futuro" e "Operação Big Hero".

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