“Há os que dizem que nosso destino está ligado a terra como uma parte de nós, pois somos parte dela. Outros dizem que o destino é entrelaçado como um tecido, de modo que o destino de um se interliga com os de muitos outros. É por isso que procuramos ou lutamos para mudar. Alguns nunca encontram. Mas há os que são guiados.”
~ Mérida
Desde os tempos antigos, história de batalhas épicas e lendas míticas são passadas através de gerações pelas montanhosas e misteriosas Highlands da Escócia. Da Disney e Pixar, uma nova fábula se associa aos mitos da região quando a corajosa Mérida (voz de Kelly Macdonald) enfrenta a tradição e desafia o destino para mudar sua sorte.
Valente conta a história da heroica jornada de Mérida, uma arqueira habilidosa e a filha teimosa do Rei Fergus (voz de Billy Connolly) e da Rainha Elinor (voz de Emma Thompson). Determinada a trilhar seu próprio caminho na vida, Merida desafia um antigo costume sagrado dos indisciplinados e barulhentos lordes da região: o imponente Lorde MacGuffin (voz de Kevin McKidd), o carrancudo Lorde Macintosh (voz de Craig Ferguson) e o intratável Lorde Dingwall (voz de Robbie Coltrane).
As ações de Mérida desencadeiam, de forma inadvertida, caos e fúria no reino e quando ela parte em busca da ajuda de uma Feiticeira excêntrica (voz de Julie Walters), ela tem um desejo mal-aventurado concedido. Os perigos resultantes a forçam a lançar mão de todas as suas habilidades e seus recursos antes que seja tarde demais ─ incluindo seus travessos e espertos irmãos trigêmeos – para desfazer um feitiço terrível e descobrir o verdadeiro significado de valentia.
“Valente fala sobre a luta de uma adolescente para encontrar ela mesma, para traçar seu próprio destino”, diz Mark Andrews, diretor do 13º longa-metragem da Disney•Pixar. “Mais especificamente, é sobre a luta de Mérida para entender como o mundo a vê em comparação a como ela se vê. Coragem verdadeira deve ser encontrada dentro de você mesmo.”
“O tema principal é ser valente, encontrar a coragem para perdoar. Mérida é uma personagem muito valente ─ ela escala colinas, lança flechas, enfrenta ursos ─ mas é realmente aquela valentia do coração que é a mais difícil.”
~ Mark Andrews, diretor
Dirigido por Andrews e Brenda Chapman, e produzido por Katherine Sarafian, Valente é uma grande aventura cheia de emoção, personagens memoráveis e a assinatura de humor da Pixar que plateias de todas as idades em todo o mundo se acostumaram a esperar. Baseado em uma história original de Chapman, o roteiro foi escrito por Andrews, Steve Purcell e Chapman & Irene Mecchi. O filme chega aos cinemas em 22 de junho de 2012, e será exibido em Disney Digital 3D™ em salas selecionadas. Classificação indicativa livre pela MPAA.
Andrews e Chapman entram para a lista de elite de diretores da Pixar ─ apenas cinco pessoas antes deles dirigiram um filme da Disney•Pixar. Andrews diz: “Estamos em muito boa companhia e cercados por mentores fantásticos. A rica experiência deles estava sempre à disposição e isso contribuiu para que eu me tornasse um cineasta melhor”.
Andrews, que sempre foi apaixonado pela Escócia, por sua história e também por filmes de ação e aventura, foi supervisor de história dos longas de animação vencedores do Oscar® Os Incríveis e Ratatouille. Ao trazer Valente para a telona, Chapman, uma narradora consagrada com créditos que incluem A Bela e a Fera e O Rei Leão, tirou inspiração do relacionamento com sua filha pequena, bem como de seu amor pela Escócia.
Inserindo drama, autenticidade e alma em Valente está um grupo fenomenal de vozes composto em sua maioria por atores de origem escocesa. Kelly Macdonald (Boardwalk Empire, Onde os Fracos Não Têm Vez, Harry Potter e as Relíquias da Morte – Parte 2) confere emoção à tempestuosa adolescente Merida. A aclamada atriz vencedora do Oscar® Emma Thompson (Retorno a Howards End, Razão e Sensibilidade) faz um desempenho transformador como a nobre e elegante Rainha Elinor. O renomado comediante e ator escocês Billy Connolly faz a voz do Rei Fergus, o jovial patriarca do reino e um heroico guerreiro que anseia pelo reencontro com o terrível urso Mor’du, que tirou sua perna. Fazendo a voz do robusto Lorde MacGuffin e de seu filho, o jovem MacGuffin, está o ator escocês Kevin McKidd (Trainspotting, Grey’s Anatomy). O popular apresentador e ator Craig Ferguson (The Late Late Show with Craig Ferguson, Winnie the Pooh – O Filme), também nascido na Escócia, faz a voz do barulhento e briguento Lorde Macintosh. Natural de Glasgow, Robbie Coltrane (filmes Harry Potter) adiciona muita coragem ao beligerante Lorde Dingwall, e a aclamada atriz britânica Julie Walters (O Despertar de Rita, Billy Elliott, sete filmes Harry Potter) enfeitiça com alguns mágicos vocais como a Feiticeira misteriosa.
O compositor indicado ao Oscar® Patrick Doyle (Razão e Sensibilidade, Hamlet, Thor) cria uma trilha sonora épica que costura todo o humor, ação e emoção do filme. Fazendo justiça a suas origens, Doyle usa ritmos tradicionais de dança escocesa e instrumentos nativos tocados por músicos escoceses. Acrescentando ao aspecto musical do filme, a cantora galesa folk Julie Fowlis interpreta duas canções: “Touch the Sky” e “Into the Open Air”. Birdy, a sensação de 16 anos, interpreta a canção do epílogo para o título do filme “Learn Me Right” com o grupo de rock indicado ao Grammy® Mumford & Sons, que também compôs a faixa original.
Valente representa o longa-metragem mais ousado, sofisticado e complexo da Pixar até hoje. Também estabelece vários “fatos inéditos” para um filme da Pixar. É o primeiro filme do estúdio com uma protagonista, é o primeiro filme de época no qual referências históricas se mesclam com um mundo de fantasia e é o primeiro épico de aventura ambientado em um mundo humano natural.
“Eu tenho muito orgulho deste filme por sua beleza, sua história, seu humor e sua ação”, diz John Lasseter, chefe de criação dos estúdios Walt Disney e Pixar Animation e produtor executivo de Valente. “É um filme lindamente equilibrado que arrebata você para este mundo incrivelmente deslumbrante com personagens realmente divertidos. É diferente de tudo que você já viu. É isso que adoramos fazer na Pixar. Nós adoramos ir a novos mundos e apresentar histórias que você nunca viu antes. É uma ‘tour de force’ de tecnologia e arte. Há ótimo humor, narrativa e desempenhos de voz.”
De acordo com Lasseter, Valente é também inovador em todos os sentidos.
“Valente eleva essa forma de arte a outro patamar em todos os níveis ─ animação humana, cabelo, roupas, animação de animais, incluindo ursos e cavalos; ambientes naturais convincentemente orgânicos e cenários históricos. É uma incrível mistura de ação e humor, com magia, mistério, feitiçaria e aventura real ─ uma experiência realmente empolgante. Você mal pode esperar para ver o que vai acontecer a seguir.”
~ John Lasseter, produtor executivo
“Valente tem uma complexidade visual que está em um novo patamar – mesmo para a Pixar”, afirma a produtora e veterana da Pixar, Katherine Sarafian. “A antiga Escócia – com cavalos, ursos e seres humanos ─ tão orgânico como a realidade. Não há nada fácil neste filme. Nós elevamos o visual, elevamos a tecnologia e elevamos nossos artistas a novos patamares. Os cachos ruivos encaracolados dos cabelos de Mérida e a complexidade das roupas de todos os personagens ─ de vestidos formais a túnicas, capas e armaduras, além de camadas e camadas de kilt ─ tornaram este filme o nosso maior desafio.”
“O que eu adoro nos filmes da Pixar é que estamos sempre tentando ultrapassar limites e não seguir fórmulas”, diz Andrews. “Com Valente, contamos uma história com a qual o público vai se envolver. Fizemos este filme com muita sinceridade.”
INSPIRAÇÃO
História de Valente Brota da Realidade
A história de Valente foi muito pessoal para os diretores do filme, Mark Andrews e Brenda Chapman. Eles buscaram experiências passadas em suas próprias famílias, combinando isso a sua origem escocesa e ao amor pelo país. Com seu forte histórico de narradores e cineastas, eles conseguiram tecer uma fábula que era original, emocionalmente tocante e cheia de aventuras eletrizantes.
“Fala sobre mudar o seu destino. E Mérida – sentindo os rigores da vida no castelo a cerceando cada vez mais – desesperadamente quer mudar o dela.”
~ Mark Andrews, diretor
Cheia de vida e mais do que um pouco teimosa, a renegada ruiva de Valente está determinada a trilhar seu próprio caminho na vida. Mas isso faz parte do crescimento, diz. “Adolescentes estão crescendo, tornando-se os adultos que serão e essa é uma transição muito caótica que permeia todo o filme”.
“As coisas mais importantes para Mérida são seu arco e flecha, seu cavalo e o tempo livre que passa com eles”, continua Andrews. “E ela é uma arqueira fenomenal. Ela adora estar ao ar livre e galopar em seu cavalo Angus pelos campos escoceses.”
Mérida é o produto de seu pai, o Rei Fergus, que transmitiu a ela seu amor pela vida ao ar livre. “Fergus é um imenso guerreiro das Highlands – o tipo de cara que veste um manto de urso”, diz Andrews. “Ele é impetuoso e barulhento, meio parecido comigo, e tem muita coragem e sabedoria. Ele perdeu a perna para o urso demoníaco Mor’du e vive contando essa história para todo mundo, independentemente de já terem ouvido ou não.”
Fergus adora entreter a filha e seus irmãos trigêmeos com infinitas histórias de suas aventuras. Filho de peixe, peixinho é ─ e quando Mérida chega à adolescência, ela é uma miniatura de seu pai ─ escalando penhascos, empunhando espadas, atirando flechas e exercitando Angus sempre que pode.
Mas galopar pelas Highlands escarpadas empunhando seu arco e flecha não é o destino de Mérida. Pelo menos não de acordo com o que pretende sua mãe, a Rainha Elinor, que tem em mente seus próprios planos para Mérida ─ um plano predestinado há tempos, antes mesmo do nascimento de ambas. É hora de crescer, quer Mérida goste da ideia ou não. “A Rainha Elinor é uma mãe que trabalha”, diz a produtora Katherine Sarafian. “Ela está criando a família. Está mantendo a paz. Ela lida com os deveres reais com elegância e dignidade. E tem metas para sua filha.”
Infelizmente para Mérida, essas metas incluem responsabilidades reais e um casamento projetado para manter o tênue pacto entre os clãs indisciplinados do reino. Elinor passou anos preparando Mérida para esse momento e ela não compreende a resistência da filha. Enquanto isso, Merida não tolera ser controlada por ninguém, muito menos por sua mãe. “Elas estão em um impasse”, diz Sarafian.
A Origem de Valente
“A história de Merida é universal. Acho que muitas pessoas ─ adultos, adolescentes e crianças ─ todos vão se identificar com a ideia de querer escolher o próprio caminho e de, ao mesmo tempo, ter um sentimento de lealdade em relação à família, então estamos sempre seguindo essa linha. O que é passar do ponto ou não?”
~ Katherine Sarafian, produtora
Há um motivo para a história de Valente ser tão relevante, diz a diretora Brenda Chapman: ela é inspirada em um relacionamento real. “Minha filha era muito teimosa”, diz Chapman. “Ela era muito emotiva e forte ─ e tinha quatro anos à época. Eu ficava pensando: ‘como será que ela vai ser quando for adolescente?’”
“E comecei a imaginar como seria um conto de fadas”, continua Chapman, “com uma mãe que trabalha e que tem uma filha impetuosa cuja força você não quer reprimir ─ mas que, às vezes, você quer reprimir um pouco sim. Mas no fim, não se tratava mesmo de um conto de fadas. Valente acabou se revelando mais um épico de ação e aventura.”
Chapman logo soube onde ambientaria este épico conto de ação e aventura. “Sou apaixonada pela Escócia”, diz ela. “É a minha origem, então eu sou uma daquelas grandes misturas étnicas americanas e minha família está por aqui desde antes da revolução, por isso eu não consigo encontrar essa antiga conexão familiar com o país. A Escócia é simplesmente um lugar incrível. É um lugar lindo. As pessoas são muito cordiais e têm um espírito incrível.”
Andrews compartilha a paixão de Chapman pela Escócia. O diretor e autodenominado historiador amador de todas as coisas escocesas passou a lua de mel lá. Ele voltou à Escócia em 2006 com Chapman, à época sua consultora escocesa não oficial, para fazer o trabalho de pesquisa para Valente, e imediatamente se afeiçoou por seus guias. “Eles eram repletos de sabedoria popular local”, diz Andrews. “Eles eram capazes de dar nome a cada árvore, rocha e colina ─ cada uma com sua história. Eles têm uma incrível tradição em narrativa em sua herança.”
Quando mais tarde Andrews assumiu a direção de Valente para desenvolver a visão de Chapman, ele também fez uma conexão imediata com a família do filme. “Eu tenho uma filha e três filhos”, diz ele, “assim como Fergus e Elinor”. O experiente pai vê a rebeldia de Mérida como parte do processo de crescimento. “Existe uma coisa química que faz os adolescentes se rebelarem ─ eles querem entender o mundo sozinhos.”
Como Chapman, Andrews baseou-se em sua própria dinâmica familiar, vendo o complicado relacionamento entre Mérida e Elinor como algo universal. “É o relacionamento pais e filhos que está no centro do filme ─ mães e filhas ou pais e filhos, não importa.”
A produtora Sarafian conta que Valente realmente se beneficiou com contribuições dos dois diretores. “Mark e Brenda têm muito em comum, e eles também se complementam como contadores de histórias e cineastas. Os dois são focados na família e consagrados artistas de história com anos de treinamento e créditos impressionantes. Cada um deles contribui com algo único ao processo. Mark tem uma abordagem muito mais turbulenta e adora ação. Brenda adora os momentos mais tranquilos. É uma incrível mistura dessas habilidades – ele reflete o conceito inspirador de Brenda e a empolgação aventureira que Mark insere.”
O codiretor e roteirista Steve Purcell e o supervisor de história Brian Larsen também tiveram um papel importante ao ajudar a dar forma à trama e às personalidades. “Nós achamos que a emoção do filme é muito importante”, diz Purcell. “Quando se tem a espinha dorsal e o coração emocional do filme, aí você pode agregar outros elementos. Se a espinha dorsal é forte o bastante, ela aguentará todas as mudanças que você fizer ao longo dos anos conforme o roteiro se transforma.”
“Nós também acreditamos que é importante ter humor para contrabalançar a emoção”, continua Purcell. “O humor deve vir dos personagens e irradiar de suas personalidades, em vez de dar a sensação de que as piadas foram colocadas em cima do que já se tem. Por exemplo, os lordes e seus filhos têm muita amplitude ─ suas personalidades distintas são uma grande fonte de comédia.”
Para Larsen, “A jornada de Mérida é uma história de crescimento. Eu adoro o fato de ela gostar da vida dela do jeito que ela é ─ ela realmente não quer crescer. Isso é muito diferente da história típica em que uma mulher espera por um homem para mudar sua vida. Conforme a história progride, a mãe experimenta emoções que Merida nunca a viu ter, o que por fim inspira à própria mudança de Mérida. Mark e a equipe de história estavam muito interessados na ideia de a criança reconhecer o adulto que existe nela ao ver sua mãe passar por situações difíceis. Através dos ritos de passagem de Merida, mãe e filha desenvolvem uma nova apreciação uma pela outra.”
Ao criar a história, os cineastas pegaram elementos da história e da cultura escocesa para construir suas próprias lendas. Um urso demoníaco chamado Mor’du, a reunião e unidade dos clãs, o papel da mítica luz mágica e uma misteriosa feiticeira com poder de criar mudanças, tudo tem base na realidade e na mitologia.
“Quando visitamos a Escócia em nossa viagem de pesquisa, encontramos contadores de histórias e historiadores incríveis que exerceram grande influência sobre nós”, diz Larsen. “A Escócia tem uma cultura de narrativas ─ onde quer que fossemos, as pessoas contavam histórias de suas vidas cotidianas e das pessoas que eles conheciam. A história de Mor’du foi inspirada por histórias que ouvimos enquanto estávamos lá.”
Os cineastas inseriam o folclore e a magia que eles absorveram na Escócia ao longo da história. De acordo com o desenhista de produção Steve Pilcher, mesmo um toque de magia enfatizou o tom místico do filme. “Nós evocamos o sentimento de magia sem usar magia”, diz ele. “Adicionando musgo às pedras do círculo de pedras ou gotas de orvalho à grama ─ isso capta luz e emite um pequeno brilho. Nós criamos a fantasia com um elemento natural, o que é ótimo para esta história neste lugar.”
Andrews acrescenta: “As luzes mágicas estão em muito do folclore escocês. Dizem que as luzes nos guiam a tesouros ou a maldição ─ para mudar seu destino ─ mas elas são, na verdade, um fenômeno dos pântanos e gases de trufeiras que se infiltram no solo e interagem com os recursos naturais para criar as chamas azuis. As pessoas seguiam essas luzes pensando que eram pequenas fadas, e acabavam se afogando ou sendo sugadas nos pântanos. [Então] fizemos as luzes como pequenos espíritos.”
Certa vez Pilcher teve essa ideia e o desenho das luzes se formou. “Nós gostamos de azul safira contra o ambiente natural porque não há nada parecido no resto do filme. Essa tonalidade de azul é a parte mais quente da chama, ainda que pareça fria. Essa contradição é intrigante e é disso que se trata a magia. Há um desejo de tocá-la, segui-la, mas também dá um pouco de medo.”
“Elas são quase como o fantasma de Marley de certo modo”, diz Andrews, “porque o fantasma de Marley não é um espírito mau ─ embora seja assustador, ele tenta alertar Ebenezer para mudar seu caminho. É isso que as luzes estão fazendo. Há uma dualidade nelas, porque elas ou são boas ou são más – elas levam Merida para mais e mais e mais problemas, mas no final, elas a levam exatamente para onde ela precisa ir”.
QUEM É QUEM EM VALENTE
Cineastas escalam distintos Personagens e Talentos de voz para dar vida a Épico de Aventura
De um trio de pequenos irmãos travessos a uma elegante ─ e de certa forma rígida – rainha, sem mencionar os extravagantes lordes, Valente apresenta um elenco de personagens bastante diversificado e um lista de profissionais talentosos que emprestam sua voz a eles.
MÉRIDA – Passional e impetuosa, Mérida é uma adolescente teimosa de descendência nobre que luta para ter o controle de seu próprio destino. Ela se sente mais à vontade ao ar livre, aperfeiçoando suas impressionantes habilidades de arqueira e espadachim e cavalgando pelos campos das Highlands em seu fiel cavalo, Angus.
Mérida também tem um lado doce, especialmente quando se trata de seus irmãos trigêmeos. Como filha do rei e da rainha, sua vida é cheia de responsabilidade e expectativas, o que a faz ansiar por preservar sua liberdade e independência. Quando Mérida ousadamente desafia uma antiga tradição, as consequências de suas ações se tornam desastrosas para o reino. Ela precisa correr contra o tempo para corrigir o resultado de seu comportamento impensado, sua jornada a força a olhar para dentro de si mesma para descobrir o significado de valentia e revelar seu verdadeiro destino.
Os artistas do Estúdio Pixar Animation levaram os fortes passatempos de Mérida em consideração quando criaram o visual da personagem. “Nós sabíamos que Mérida precisava de força na parte superior do corpo para puxar seu arco para trás”, diz Steve Pilcher, desenhista de produção. “Nós queríamos sentir sua força. Ela é uma arqueira habilidosa, não é uma menina comum. Ela tem uma grande força e nós queríamos que isso ficasse visível.”
E assim como a força de Mérida é vista em seu físico, seu espírito vibrante fica evidente em seus cabelos.
“O cabelo de Mérida é selvagem e vivo, e ele se torna um personagem por si só. Eu acho que ele se encaixa nela muito bem porque é indomável, assim como ela. Sua mãe está constantemente tentando penteá-lo e colocar uma touca na cabeça dela, e ela não quer nada disso.”
~ Kelly Macdonald, a voz de Mérida
Do mesmo modo, o guarda-roupa de Mérida demonstra a dissonância entre mãe e filha. Os artistas criaram um visual informal para Mérida que permitisse que ela montasse confortavelmente em seu cavalo e praticasse arco e flecha. Em contraste, seu traje formal precisava ser apertado para ilustrar o confinamento da vida que Elinor espera que ela adote. Tia Kratter, diretora de arte de sombreamento e tonalidade, adotou uma abordagem definitiva para o visual real de Mérida. “Eu fui direto à loja de tecidos e procurei tecidos que Mérida odiaria sendo uma atleta ─ tecidos que fossem brilhantes, de cetim e que limitavam seus movimentos.”
Macdonald, por sua vez, gostou do fato de Mérida ser uma personagem com força e de opinião. “ Mérida não é a heroína típica”, diz ela, que segue dizendo: “Eu tenho muito orgulho de fazer a voz da primeira protagonista feminina da Pixar”.
“A animação mexe com diferentes músculos no desempenho, porque tudo parte da sua voz”, continua Macdonald. “Eu sou a rainha da sutileza quando estou trabalhando, mas não se pode contar com nenhum movimento facial, então é muito difícil para mim. Mérida foi um personagem muito divertido de interpretar e sua voz não é muito diferente da minha. Eu amplifiquei o lado adolescente que nunca saiu da minha vida ─ eu só tinha que fingir que minha mãe estava no mesmo ambiente. Nada mexe mais com você do que seus pais.”
O diretor Mark Andrews viu uma ótima ligação entre Macdonald e Mérida. “Kelly é muito viva e vibrante e tem muito charme, inteligência e peculiaridades, o que funciona perfeitamente para Mérida. A personagem é engraçada e desajeitada e é capaz de rir de si mesma, mas tem uma ansiedade escocesa adolescente. Kelly Macdonald é a alma da personagem e torna Merida realmente atraente.”
Macdonald certamente compartilha o amor de Mérida por sua terra natal. “Isso pode soar meio tendencioso, mas a Escócia é o país mais bonito do mundo”, conclui a atriz. “Os cineastas conseguiram captar até o menor detalhe ─ os cenários são exuberantes e verdejantes, fazem você ter saudades de casa.”
RAINHA ELINOR – Uma imagem de graça, sabedoria e força de caráter, a Rainha Elinor é determinadamente dedicada ao bem-estar de sua família e do reino. Como um contraponto diplomático a seu marido, mais impulsivo, o Rei Fergus, Elinor carrega o peso do reino sob os ombros com o objetivo de manter a frágil paz entre os voláteis clãs. Elinor se esforça para incutir em Merida conhecimento e boas-maneiras nobres, esperando total comprometimento com os padrões de Elinor. Mas sua visão do futuro da filha está em jogo com o espírito rebelde e o desejo de trilhar o próprio caminho de Merida, que acaba fazendo Elinor enfrentar consequências terríveis.
“Elinor é bonita, mas está sob grande pressão”, diz Pilcher, “o que é difícil de mostrar visualmente. Nós acrescentamos um pouco de cabelo branco para realmente mostrar seu passado ─ esta mulher passou por muito estresse na vida, a rebeldia da filha é só a ponta do iceberg. Essa história não contada e uma certa imperfeição tornam Elinor ainda mais interessante.”
De acordo com Pilcher, a equipe de desenho estudou quadros de Lady Macbeth, entre outras heroínas trágicas, incorporando os trajes pesados e tecidos volumosos que observou para ilustrar o peso que Elinor carrega. A atriz Emma Thompson, que faz a voz da rainha, diz que é essa atenção aos detalhes e a intensa pesquisa que fazem da Pixar um sucesso. “Eu fiquei muito feliz de ter sido convidada para trabalhar para a Pixar, porque seus filmes são trabalhos geniais e possuem uma arte extraordinária”, diz ela. “E o que realmente me fez querer fazer Valente ainda mais do que minha adoração pelo trabalho da Pixar foi o fato de ele ser ambientado na Escócia. Eu sou metade escocesa, e moro lá por três ou quatro meses por ano. A Escócia para mim é a terra da liberdade, a terra dos valentes. A paisagem escocesa é épica e traz emoções épicas.”
“A Escócia é realmente um personagem no filme”, continua Thompson. “Os cineastas não se limitaram apenas a olhar em um livro. Eles foram até lá e passaram um tempo na Escócia procurando diferentes paisagens, remetendo as paisagens à história. Há uma conexão real com o campo – eles adoraram como todo mundo, porque é o país mais bonito do mundo.”
Thompson também teve uma afinidade com sua personagem. “A Rainha Elinor é uma personagem que eu gosto muito porque por um lado ela é bastante impetuosa ─ a personalidade vibrante de Mérida não foi herdada só do pai, mas também da mãe ─, mas Elinor conseguiu colocar isso numa caixa quando ela era jovem e guardar bem fechado. As duas têm que descobrir que aspectos elas aceitam uma da outra, seja os aspectos que já possuem ou os que devem possuir.”
Andrews diz que Thompson capturou a essência de Elinor. “Emma é nobre no mundo da atuação e sabe exatamente o que Elinor precisava ser. Ela é régia, nobre e majestosa, mas ao mesmo tempo consegue ser divertida e engraçada. Ela pode estar muito séria e teatral num momento ─ e, de repente, contar uma piada. É exatamente isso que nossa rainha é. Emma confere a Elinor a dose certa de emoção, realidade e humor.”
Os animadores muitas vezes usavam as cenas de vídeo da gravação das falas dos atores como referência e, às vezes, inseriam gestos sutis, expressões e maneirismos ao desempenho físico do personagem. Thompson conseguiu ver um pouco de si mesma em Elinor. “Eu adoro o modo como eles fizeram minhas sobrancelhas na personagem. Minhas sobrancelhas estão sempre no formato ligeiramente de questionamento, de preocupação, e eles conseguiram mostrar isso corretamente.”
Thompson acrescenta: “Valente tem muita emoção, é eletrizante, cheio de aventuras e muito engraçado em várias partes, porém emocionalmente enraizado na realidade. O equilíbrio da história e o modo como ela se desenrola emocionalmente é a cara da Pixar; é verdadeiro e belo. Ela tem tudo que eu poderia querer numa história, incluindo magia suficiente para causar confusão”.
REI FERGUS – O Rei Fergus é um guerreiro heroico com uma capa majestosa de urso, uma grande bainha para espada e uma perna de pau ─ resultado do confronto com o demoníaco urso Mor’du. Sua vingança contra a fera que tirou sua perna faz de Fergus um feroz e determinado caçador de ursos, o que fica evidenciado por sua casa cheia de troféus de todos os tamanhos.
De acordo com Pilcher, os cineastas decidiram logo no início que Fergus deveria ser grande, forte e um pouco explosivo. “Seu símbolo é a espada”, diz Pilcher. “Ela representa agressão e defesa. Eles estão vivendo um período de paz, mas seu mundo é muito volátil, então Fergus está sempre pronto para entrar em ação.”
Mostrado em sua cara de menino e por suas expressões joviais, o rei tem um lado suave também. Protetor do reino e da família, o orgulho de Fergus por sua primogênita Mérida é inigualável, e ele transmitiu a ela suas grandes habilidades e paixões pela espada e pelo arco e flecha.
“Valentia é uma parte essencial da vida de todos”, diz Billy Connolly, que faz a voz de Fergus. “Pode significar enfrentar algo que você morre de medo e não demonstra. Ser comediante pode significar ser valente – só de subir num palco na frente de uma multidão e fazer algo que é apavorante para você.”
A diretora Brenda Chapman soube desde o início que Connolly poderia assumir o papel de Fergus. “Billy Connolly foi minha primeira escolha para o papel do Rei Fergus”, diz ela. “Ele é hilário; eu morro de rir com ele. Eu queria que Fergus fosse exagerado, quando ele fala, tudo soa muito incrédulo. Eu simplesmente não conseguia pensar em ninguém mais que tivesse tanta energia.”
Andrews acrescenta: “Billy é exatamente como Fergus no que se refere ao fato de ele ser um comediante extrovertido, que é rápido como um chicote, tem muita perspicácia e só quer contar histórias o tempo todo. As sessões de gravação eram uma confusão, como a vida imitando a arte, nós fazíamos intervalos para ouvir as incríveis histórias de Billy. Era simplesmente hilariante.”
Connolly pode ter sido uma combinação perfeita para Fergus, mas o ator e comediante achou o papel desafiante. “Foi muito divertido fazer a voz de Fergus”, afirma ele, “mas de certa forma foi uma das coisas mais difíceis que já me pediram para fazer. O rei é um bom guerreiro, ele é um bom arqueiro. Ele é um cara enorme, como uma montanha, mas na verdade é bem gentil e carinhoso. Eu gosto disso nele.”
Mas foi a história da família que mais atraiu Connolly. “O que eu achei mais interessante foi que há grandes verdades familiares no centro do filme. Embora eles sejam da realeza, eles ainda passam por essa situação mãe, pai e filha, e são pessoas de diferentes gerações vendo coisas de diferentes maneiras. É muito parecido com o meu relacionamento com minhas filhas. Pais e filhas tendem a se relacionar de modo elegante, mas há uma grande cegueira que acontece com os pais quando lidam com suas filhas.”
OS LORDES
Os três lordes do reino ─ Dingwall, Macintosh e MacGuffin ─ são indisciplinados líderes superprotetores de seus respectivos clãs. Outrora facções oponentes, eles foram unidos sob a espada do Rei Fergus e mantidos unidos pela diplomacia e sabedoria política da Rainha Elinor. Os clãs são convocados para o Castelo DunBroch para competir nos Jogos Highland, mas os lordes logo se sentem ultrajados quando Merida desafia uma tradição sagrada. Os clãs se voltam para seu passado de lutas, o que ameaça a frágil paz de todo o reino.
LORDE MACGUFFIN E JOVEM MACGUFFIN – O imponente Lorde MacGuffin é cheio de músculos e dignidade. Embora seja um homem de poucas palavras, sua voz profunda ressoa pela terra, exigindo respeito e contribuindo com sua reputação como o lorde mais imparcial e sensato do reino. Mesmo assim, como seus conterrâneos lordes, MacGuffin não se opõe a uma boa briga ou a uma boa gargalhada.
Falando um dialeto incomum que é incompreensível para a maioria, o jovem MacGuffin é um rapaz tímido de grandes proporções. Ser o centro das atenções não é o forte dele, mas ele não hesitará em entrar numa briga ao lado do pai e do clã quando a ocasião surgir.
“Eu interpreto dois personagens no filme – o Lorde MacGuffin e o Jovem MacGuffin”, diz o ator Kevin McKidd. “O Lorde MacGuffin é um cara grandão com uma barba grande e sobrancelhas peludas, parecidas com as minhas. Ele é justo e honesto, mas ele quer muito que seu filho ganhe a mão de Merida. O Jovem MacGuffin é o mais inocente dos três pretendentes e tem um sotaque que ninguém compreende. Eu cresci numa região da Escócia próxima a Inverness, lá no alto nas Highlands, onde falam um dialeto que meu avô falava, e que algumas pessoas ainda falam hoje em dia. Chama-se Doric, e é bem impossível de compreender. Os diretores decidiram usá-lo, eu sinto muito orgulho de o dialeto da minha região vir a ser difundido em todo o mundo.”
Também pai, McKidd logo entendeu o tema central do filme. “Eu tenho uma filha e um filho, há caminhos que eu gostaria que eles seguissem, mas no final das contas, eles terão que tomar suas próprias decisões e trilhar seus próprios caminhos. Eles têm que cometer os próprios erros. Nós podemos ajudar, mas eu acho que assim que os pais tentam assumir o controle, as coisas tendem a dar errado. Eu acho que é por isso que o tema desta história é tão identificável para a maioria das famílias.”
“Para mim, ser valente significa seguir seu próprio caminho e não seguir o caminho dos outros”, continua McKidd, “mesmo quando você sabe que pode não ser o caminho mais fácil. Se você sente paixão suficiente por algo, ter a coragem de seguir esse caminho é a verdadeira valentia.”
LORDE DINGWALL E PEQUENO DINGWALL – Rabugento e de pavio curto, o briguento Lorde Dingwall resolve todos os problemas com murros, apesar de sua pequena estatura. Sempre pronto para entrar numa briga ou numa discussão acalorada, ele não tem escrúpulos de enfrentar mesmo o mais forte adversário para afirmar sua própria posição no reino.
“Dingwall é o mais baixo, o mais velho e o mais frágil dos lordes, mas à sua época ele foi muito temido”, diz Andrews. “Ele é como um velho intratável que se senta na varanda e grita com os filhos dos vizinhos: ‘saiam do meu gramado!’ Esse é o Dingwall. O Pequeno Dingwall é seu filho ingênuo e esquisito.”
Desengonçado e sempre distraído, o Pequeno Dingwall demonstra uma vontade que sobrepõe sua herdada pequena estatura, embora seu pai orgulhosamente use seu filho único como um cão de ataque quando a situação exige.
Robbie Coltrane, mais conhecido pelos fãs de Harry Potter pelo papel de Hagrid na série de filmes campeões de bilheteria, é ouvido como a voz do Lorde Dingwall. “Os chefes dos clãs são incrivelmente engraçados porque eles são velhos rabugentos mal-humorados”, diz Coltrane. “O Lorde Dingwall acha que seu filho é o maior de todos e deve ganhar a mão de Merida. Ele é um rapazinho franzino de aparência estranha, mas ele se orgulha dele assim mesmo. O Lorde Dingwall imagina ter criado um guerreiro maravilhoso, mas quando você o vê, ele é uma coisinha magrinha. É muito engraçado.”
Coltrane acha o título do filme estimulante. “Para mim, ser valente significa superar seus medos. Um soldado muito famoso disse uma vez que um homem que não tem medo não é um homem valente. Um homem é valente se ele tem medo, mas o supera por uma causa melhor.”
LORDE MACINTOSH E JOVEM MACINTOSH – O nervoso, indignado e desequilibrado líder de seu clã, o Lorde Macintosh está sempre à beira de um ataque histérico. Seu sorriso selvagem e aparência feroz, o corpo coberto com tinta azul como se estivesse pronto para guerra e o peito orgulhosamente estufado, proclamam que ele está pronto para batalha a qualquer momento, embora seu latido possa ser pior que sua mordida.
Como primogênito de um lorde, o Jovem Macintosh sabe que tem tudo: físico atlético, charme inegável e longos e fluidos cachos, que deixam as moçoilas suspirando quando ele passa. Mas vaidade e as legiões de fãs também podem ser uma distração quando se trata de ter vantagem nos Jogos Highland.
Craig Ferguson faz a voz do Lorde Macintosh. “Ele é rabugento, mal-humorado e teimoso, mas é um sujeito bom”, diz Ferguson sobre seu personagem. “Ele é mais magro que eu, tem cabelos mais longos e suas tatuagens são mais vibrantes. Eu gosto de pensar que eu tenho a mente um pouquinho mais aberta do que meu personagem.”
Ferguson foi fã do processo de animação. “Eu adoro fazer animação porque você não precisa se vestir e não é limitado por sua própria forma física. Eu posso interpretar um lorde escocês usando qualquer roupa.”
“Valente é uma grande aventura para todos os públicos porque tem temas universais, bela animação, interpretações fantásticas e gaitas de fole”, continua Ferguson. “E se tem gaitas de fole, eu estou dentro. Ser convidado para fazer um filme da Pixar é equivalente a uma Royal Command Performance na Grã-Bretanha. Você sabe que o filme vai ser bom. Eu tenho filhos. Eu assisti a Ratatouille mais vezes do que os caras que fizeram a animação do filme.”
OS TRIGÊMEOS – Os trigêmeos idênticos Harris, Hubert e Hamish são ruivinhos adoráveis e estão sempre prontos para aprontar, especialmente se houver doces em jogo. Eles se comunicam sem palavras, com sorrisos marotos, olhares sutis e risadas travessas. Este trio bagunceiro gosta particularmente de se esconder nas passagens secretas do castelo, aparecer misteriosamente das paredes e pregar peças em todos, especialmente no pai, o Rei Fergus. Eles têm uma ligação extraespecial com a irmã mais velha, Mérida, que é uma das poucas pessoas que conseguem diferenciá-los.
O diretor Mark Andrews diz que os cineastas usaram os trigêmeos para alguns dos momentos mais leves do filme. “Ele correm pelo castelo, causam todo tipo de confusão e se metem em problemas. São um constante tormento para sua babá, roubam todos os bolinhos e tortas, e fogem por alguma passagem ou fenda do castelo.”
A FEITICEIRA – Bem no fundo da floresta nas Highlands, uma casa decrépita e escura é o lar da Entalhes Entalhados. Esta excêntrica e enrugada senhora de aparência inofensiva especializou-se em entalhes de figuras de ursos, estatuetas e curiosidades. Mas há algo mais na reclusa misteriosa. Quando Mérida vê além do disfarce e a revela como a Feiticeira que ela realmente é, Mérida implora por uma solução mágica para seus problemas. A Feiticeira acaba dando a Mérida um feitiço com um lado obscuro, que põe o destino de Merida em jogo.
Julie Walters foi escolhida para a voz da Feiticeira. “Ela é uma mulher bem enrugada com enormes olhos esbugalhados. Ele tem uns mil anos e usou muitos cremes faciais ao longo dos anos. Para uma Feiticeira, ela é habilidosa, engraçada e muito maluca ─ não exatamente o que você imagina. Para uma mulher tão pequena, há muita coisa acontecendo, então há muita oportunidade de improviso e diversão.”
O desenhista de produção Steve Pilcher explica que uma variedade de nuances mágicas foram incorporadas ao guarda-roupa da Feiticeira. “Temos pedras de runa costuradas em seu traje para representar a superstição que a cerca. Da mesma forma, seus brincos têm um osso, um círculo e uma espiral celta. Tudo se relaciona à época, complementa-se e harmoniza-se de forma tal que parece incidental, mas exige muita ponderação, pesquisa e planejamento.”
ANGUS – Angus é o forte cavalo Clydesdale de Merida e seu mais leal confidente. Negro como a noite, com focinho e patas brancas como marfim, Angus, assim como Mérida, escapa da vida no castelo para dentro da floresta e para as Highlands. Mérida acerta alvos montada em suas costas e é capaz de convencê-lo a viver uma aventura atrás da outra. Angus pode ser obstinado, teimoso e às vezes um pouco tímido, mas é um amigo muito dedicado de Mérida.
A diretora de arte de sombreamento e tonalidade Tia Kratter e sua equipe passaram várias horas fazendo experiências com lama, copiando os tipos de borrifos que podem acontecer quando Angus galopa pelas florestas. E enquanto o vestido de Merida acabou recebendo um visual autêntico da influência da natureza, Angus secretamente escapou do tratamento. “Ele é um cavalo muito bonito”, diz Kratter. “Para ser sincera, não há lama em suas patas, nós não colocamos.”
NA LOCAÇÃO
Cineastas Viajam pela Escócia e Criam Cenários, Árvore por Árvore
Escócia: árvores de todos os formatos e tamanhos pontuam um exuberante cobertor de folhagem ─ relvas indomadas, musgo e líquen misturam-se à terra natural ─ tudo embaçado por uma camada prateada de névoa que abre caminho através da floresta e encobre um extenso lago. Rochas de formatos peculiares interrompem o rico pano de fundo, e penhascos escarpados dão espaço a intimidantes paisagens marinhas logo abaixo. A vista ─ apreciada por gerações das janelas dos castelos ─ inspirou a imaginação de muitos contadores de histórias ao longo dos séculos, incluindo os da Pixar Animation.
“Eu sou de descendência escocesa. Minha mulher e eu fomos lá em nossa lua de mel e passamos um mês explorando as Highlands. A Escócia é repleta de mitos e lendas. É um lugar mágico, montanhoso e majestoso. As cores são escuras e inconstantes e, ao mesmo tempo, vivas e alegres, tudo graças ao clima louco.”
~ Mark Andrews, diretor
“Podia estar chovendo que a gente nem ligava porque é tão bonito”, acrescenta a produtora Katherine Sarafian. “Então, sem mais nem menos, fica ensolarado ─ e tem uma névoa. É um daqueles lugares que prende a gente, as pessoas são calorosas e generosas, e a paisagem é absolutamente dramática. Ela te atrai. É quase mística. Você quer fazer parte do ambiente.” A diretora Brenda Chapman, que também tem ligações familiares com a região, concorda.
“A Escócia é selvagem e montanhosa com rochas, montanhas, árvores e vales ─ mas há algo crescendo em tudo ─ há uma suavidade. O ambiente, na verdade, me remete a Merida – esta perfeita, mas complicada, mistura de dureza e suavidade.”
~ Brenda Chapman, diretora
O amor coletivo dos cineastas pela terra e suas ligações pessoais com a Escócia tornaram a Escócia uma escolha fácil para ambientar Valente. Mas isso não significou que não havia trabalho a ser feito. “Pesquisa é realmente uma parte muito importante do processo criativo da Pixar”, diz Sarafian.
EXPLORANDO A ESCÓCIA
A equipe por trás de Valente buscou os melhores locais em que esta aventura épica de ação se passaria. A viagem inicial de pesquisa ocorreu durante o final do verão de 2006; eles voltaram à Escócia em outubro de 2007. “Nós mergulhamos fundo na cultura e na narrativa”, diz Sarafian. “Nós conhecemos pessoas e conversamos com elas. Nós comemos como as pessoas de lá, ficamos imersos na paisagem, vivenciamos o clima e sentimos como ele muda o tempo todo.”
“As pessoas são hospitaleiras, acolhedoras e amistosas, e elas, de imediato, recebem você muito bem. Eles todos são fabulosos narradores. Eu nunca estive tão empolgado e eletrizado por contos heroicos e histórias de fantasmas. Uma das coisas que realmente queríamos enfatizar em Valente (Brave) era que cada personagem é um contador de histórias e que cada locação tem uma história.”
~ Mark Andrews, diretor
Eles visitaram localidades que são marcos em Edimburgo, andaram pela Royal Mile e se esbaldaram comendo haggis ─ um bolo feito de miúdos de carneiro ─ coração, fígado e pulmão. Os cineastas foram ao Lonarch Highland Gathering and Games e ao Braemar Gathering para informar aos Jogos Highland sobre o concurso de arco e flecha que eles queriam criar para Valente. Eles também visitaram o Museu Nacional da Escócia onde estudaram sobre diversas armas, tecidos e outros adornos para garantir uma dose de autenticidade no filme.
“Nós passamos muito tempo nas Standing Stones of Callanish [na ilha de Lewis]”, conta a produtora Sarafian. “O local parecia ser o cenário perfeito para algo importante acontecer na história. As pedras formam um círculo perfeito em um grande penhasco exposto, com o céu como pano de fundo ─ é muito surpreendente. Você não consegue se afastar delas. Nas duas viagens foi realmente difícil conseguir trazer os artistas de volta para o ônibus.”
Diversos castelos serviram como referência para o castelo da família DunBroch, mais notadamente o Eilean Donan Castle nas Highlands e o Dunnottar Castle, localizado ao sul de Stonehaven, em Aberdeenshire. Dunnottar, as ruínas de uma fortaleza medieval que se acredita ser do século 15 ou 16, desencadeou uma mudança crucial nos planos dos cineastas. Eles pretendiam ambientar o castelo da família do filme em um lago no alto das Highlands, mas inspirados pela dramática localização de Donnottar, decidiram mudá-lo para um local no mar.
O GlenAffric, localizado no sudoeste do vilarejo de Cannich na região das Highlands da Escócia, contém uma das maiores florestas de pinheiros caledonian do país, assim como lagis, charnecas e montanhas. Para os cineastas, ansiosos para absorver seus encantos e misticismo, foi magia pura. “É realmente ótimo estar lá e respirar o ar puro gelado e sentir o vento no seu rosto”, diz o desenhista de produção Steve Pilcher. “O musgo na Escócia era espetacular. Quando você enfia a mão no musgo, ela literalmente afunda uns 30 centímetros e volta como se fosse uma esponja. A urze nas colinas é selvagem, ainda que tenha uma certa característica feminina. Em contrapartida, todas as rochas tinham característica acidentada, particularmente na floresta.”
“Parecia haver um filtro verde sobre nós”, acrescenta Tia Kratter, diretora de arte de sombreamento e tonalidade. “O sol passava através desse filtro e tudo ficava banhado de luz verde. Então se eu tivesse que descrever a Escócia com uma única palavra, talvez ela fosse verde.”
Mas Kratter, cujo trabalho envolve determinar cores e texturas, percebeu uma paleta mais ampla à sua volta também. “A urze tinha uma coloração lavanda, roxa, meio magenta. E estava por toda parte ─ apesar de termos descoberto que ela só floresce um mês durante o ano, então a gente deu muita sorte.”
Pilcher, como todo mundo na Pixar, é muito ligado na história. “O tom e a emoção direcionaram o visual do filme. E o tom e a emoção são direcionados pela história. É muito importante lembrar esses detalhes da nossa viagem à Escócia, e encontrar formas de colocá-los no filme para enriquecer a história e torná-la mais autêntica.”
“Nós tiramos fotos e fizemos vídeos, esboços, escrevemos histórias e mantivemos diários”, diz Sarafian. “Trouxemos tudo de volta, carregamos no computador e começamos a nos perguntar: ‘Que terra é esta?’, ‘Quem são essas pessoas?’ e ‘Como isso se encaixa na história que queremos contar?’ Trabalhamos muito para dar vida à magia, beleza e robustez da Escócia no filme através do desenho de produção, cenários e ambientes.”
CRIANDO RAÍZES
Diferentemente de cineastas de filmes live-action, a equipe de Valente não retornou à Escócia depois para capturar esses detalhes, nem procurar áreas parecidas para que servissem como o cenário escocês que eles desejaram ─ em vez disso, artesãos, técnicos e visionários se reuniram no estúdio da Pixar na região norte da Califórnia e passaram a desenhar e construir árvore por árvore do que viria a se transformar em um elaborado cenário sem precedentes.
“Valente tem uma complexidade visual que está em um novo patamar ─ até mesmo para a Pixar”, diz Sarafian. “Não há nada fácil neste filme. Nós elevamos o visual, elevamos nossa tecnologia e nossos artistas às alturas.”
Pilcher aceitou o desafio. “Eu adoro natureza e fantasia e adoro esses dois elementos juntos”, diz ele. “Eu gosto particularmente da natureza quando é permitido ser livre ─ quando ela é realmente selvagem ─ e o mistério, a história e o misticismo que a acompanham. Eu realmente quis capturar a paleta de cores e a característica tátil do que nós vimos na Escócia.”
“O que eu adoro em animação ─ na arte toda ─ é que é possível amplificar a realidade”, continua ele. “Nós queremos que o público a sinta mais do que sentiria na vida real. Nós podemos tomar liberdades com forma, cor e textura e fazer algo maior. A fantasia nos permite fazer isso.”
Para Kratter, o visual de Valente ─ sua sofisticada paleta de cores e foco na natureza ─ mostra quanto a história é original. “O último filme em que trabalhei como diretora de arte de sombreamento e tonalidade foi Carros”, diz ela. “Era tudo em cores brilhantes, liso com brilho e superfícies esmaltadas. Os ambientes de Valente são de cores sutis, escuras e encorpadas ─ predominantemente verde com os tons secundários de violetas e lavandas. Nada é brilhante, tudo é envelhecido e com muita textura.”
Criar essa textura é a especialidade de Kratter, quer ela esteja trabalhando em figurinos, bolos ou assoalhos de castelos. “Pode começar com uma pintura, uma escultura, um pedaço de seda, um pedido de uma padaria ou uma grande peça de lajota”, diz ela. “Meu escritório acaba parecendo o de um aderecista de um filme live-action ─ livros de pesquisa e muito lixo acumulado.”
Kratter faz experiências com materiais reais ─ de tecidos pintados à colocação de coberturas em formas de espuma ─ para pesquisar e explorar o visual certo para o filme. Mas nem sempre é fácil. “Uma das coisas que descobrimos enquanto estávamos na Escócia foi que havia muitas e muitas camadas”, segue dizendo Kratter. “Há camadas de vegetação em rochas, árvores e castelos.”
Cada árvore teve que ser criada ─ múltiplas versões de bétulas, sorveiras, pinheiros escoceses ─ e incluída em um catálogo de ativos com rochas e troncos e tudo que se pode encontrar em um cenário de floresta antes que a composição pudesse ser criada, o que envolveu ainda mais camadas.
Kratter diz que as regras da natureza também se aplicaram aos personagens do filme ─ implementando uma variedade de texturas, padronagens e camadas para ilustrar a conexão entre os personagens e a natureza.
De acordo com Pilcher, essa conexão não foi por acaso. “Eu sempre disse que os sets, o segundo plano e o ambiente do filme compõem o seu melhor ator coadjuvante”, diz ele. “Isso é muito poderoso se você fizer da forma certa. E Walt Disney nos mostrou isso. O segundo plano em filmes como Pinóquio e Bambi ─ a forma como os personagens se conectam com os cenários ─ funciona, de forma sutil, para dar apoio ao tom do filme e aos personagens, complementando-os. Quando acontece algo dramático com os personagens, a iluminação pode mudar de forma a afetar completamente a interpretação que o público faz daquela cena. É tudo coeso. O grande lance sobre essa forma de arte é que ela tem movimento e todos esses elementos trabalham juntos para criar mais impacto emocional.”
“No fim das contas, quando acabamos de assistir a um filme o que fica são apenas memórias”, continua Pilcher. “Nós não saímos com um livro, uma pintura ou uma foto. Nós levamos uma coleção de imagens em nossa mente. Quanto mais fortes elas forem, melhor foi o trabalho que fizemos. Se você sai e diz: ‘Uau, aquilo era a Escócia. Não tem nenhum filme como este’, então teremos transmitido bem a nossa mensagem.”
Natural da Escócia e fazendo a voz do Rei Fergus, Billy Connolly elogia a equipe de produção. “Os cineastas realmente capturaram o espírito da Escócia. O esplendor dos cenários a tornam instantaneamente reconhecível, bela e muito dramática”, diz Connolly. “Há uma encantadora luz na Escócia que não se vê em nenhum outro lugar além, talvez, da Irlanda. É um tipo de luz líquida que aparece ao anoitecer. É um país mágico.”
Gordon Cameron, um dos poucos nascidos na Escócia que trabalham na Pixar e supervisor de tecnologia global de Valente, fez a seus colegas cineastas muito elogios pelo trabalho de capturar o sabor de seu país.
“Se tivéssemos feito o filme na Escócia, não teria ficado mais autêntico”, diz Cameron. “As pessoas aqui realmente se preocupam com os detalhes, a vegetação, o clima e o modo como a boca dos personagens se movimenta quando estão falando um dialeto escocês. Tem sido realmente incrível. Eu me sinto quase menos escocês do que muitas pessoas da equipe.”
“O modo como Brenda e Mark escreveram os personagens realmente parece verdadeiro”, acrescenta ele. “Eles não só parecem verdadeiros como escoceses; eles parecem verdadeiros como personagens, e as peculiaridades de serem escoceses estão refletidas nas características e singularidades do personagem, e na forma como eles falam.”
Kevin McKidd, que cresceu na Escócia e empresta sua voz para o Lorde MacGuffin e para o Jovem MacGuffin, diz que o filme realmente reflete sua terra natal ─ e mais. “O incrível ao assistir a Valente é que o filme consegue reunir a sensação da Escócia. Quando você vai a Escócia, o vento sopra, o mar se agita, e tudo fica coberto de musgo e xaxim e está sempre em movimento. É uma paisagem muito texturizada ─ você vê isso no filme. Tudo parece muito real e vibrante. Eles realmente capturaram a textura exuberante e rugosa, a natureza primitiva das paisagens escocesas de uma forma bela. Eles fizeram a Escócia melhor do que a Escócia.”
ELEVANDO O NÍVEL
Equipe de Animação da Pixar Inova… Outra Vez
Ao longo de 26 anos e 12 filmes inovadores consecutivos, o Estúdio Pixar Animation estabeleceu um alto nível para a arte da computação gráfica, consagrando seus membros como mestres cineastas e contadores de histórias.
“Em Valente“, diz o diretor Mark Andrews: “Nós realmente fomos além em termos de cinegrafia, iluminação e fotografia. Encontramos novas formas de criar texturas e levamos personagens humanos a outro nível. O filme tem sutilezas sem precedentes em suas atuações.”
Sob o comando dos supervisores-animadores Alan Barillaro e Steven Hunter, com grande apoio dos diretores-animadores Kureha Yokoo e David DeVan e de uma equipe de mais de 80 animadores, os desempenhos em Valente deram um salto em termos de nuance, credibilidade e empolgação. Para a preparação para este trabalho, a equipe de animação praticou luta de espada, teve aulas de arco e flecha, vestiu kilts, montou a cavalo, visitou o zoológico, ouviu palestras de um especialista em sotaque escocês, analisou filmes icônicos e contemporâneos ambientados na Escócia, e assistiu a documentários sobre ursos e cavalos. O próprio diretor Mark Andrews deu aulas duas vezes por semana de luta de espada. As análises das animações diárias muitas vezes terminavam com um convite para pegar a espada e encenar uma cena do filme, movimento por movimento.
“Esta é a produção mais difícil que já fizemos, como animadores”, afirma Barillaro. “Cada personagem é muito complexo, e há uma credibilidade que nós queríamos e de que a história precisava. Embora os desenhos sejam caricaturados, você quer acreditar neles, sentir que correm perigo. Este filme tem um nível de interação entre os personagens e o ambiente que nós nunca tentamos antes. Com ambientes tão exuberantes, nós sabíamos que tínhamos que ter personagens interagindo com tudo. É um mundo tátil, e nós não tivemos limitações na abordagem deste filme.”
A equipe de animação trabalhou bem próxima dos desenhistas, modeladores e técnicos de personagens bem como dos artistas de simulação a cada passo do processo. Eles forneciam dados para garantir que seriam capazes de alcançar uma ampla gama de ação e emoção que o desempenho do personagem exigia para dar vida à história dinâmica.
A equipe do supervisor técnico e modelador de personagem Bill Sheffler criou 10 personagens principais, 20 coadjuvantes e dorsos de 100 figurantes (que podem ser duplicados nas cenas de multidão). “Uma personagem como Mérida”, explica Sheffler, “tem milhares de controles e cinemáticos inversos complexos [um conjunto que permite que os animadores controlem movimentos macro como uma mão ou um braço através de cálculos complexos] que nós nunca tínhamos visto. Há mais montagem complexa facial e nós fazemos tudo com um novo software que foi desenvolvido internamente. Isso tornou nosso trabalho muito mais difícil, mas permitiu que os animadores fossem mais sutis do que nunca em seus desempenhos.”
“A sutileza da atuação de Mérida e sua mãe tornou o filme muito desafiante para os animadores deste filme”, explica Hunter. “Há uma delicadeza agregada ─ uma ligeira sacudidela de cabeça de forma errada pode estragar tudo. A atenção aos detalhes e a manutenção dos personagens como eles devem ser foi incrivelmente difícil.”
“Além de toda a ação, é um filme muito emotivo”, acrescenta Barillaro. “E você quer que esse aspecto seja sentido. O legal na Pixar é que se não está certo, nós fazemos de novo. Temos um sentimento de orgulho em fazer as coisas da forma certa e vamos nos aperfeiçoando até acreditarmos no que fizemos. É fácil dizer isso, mas também muito difícil de fazer.”
“Nós buscamos inspiração nos diretores e nos atores”, continua Barillaro, “mas em última análise, o desempenho físico vem dos animadores. Nós fazemos videotapes de nós mesmos e depois transformamos em caricaturas. Dá muito certo quando você coloca um pouco de si mesmo junto com outros elementos.”
Animar os sotaques escoceses também provou ser outro desafio único. Um linguista foi trazido à Pixar para ajudar no processo. “Isso realmente nos deslumbrou”, recorda Hunter. “Fez-nos prestar atenção ao lugar de onde vem o som e no formato dos lábios. Ele vem de trás da garganta ou da frente? É glotal ou é na ponta da língua? Bem quando achávamos que tínhamos acertado, Mark dizia: ‘Não, não, o som está vindo mais do lado da boca’. E nós tínhamos que forçar para sair pelo lado.”
Para a animação dos trigêmeos travessos, os animadores se inspiraram observando os próprios filhos. O filho de 6 anos do diretor-animador David DeVan, Henry, recebeu passe livre no estúdio para fazer o que quisesse de modo que todos os seus movimentos pudessem ser observados. “Ele simplesmente correu pelo átrio e começou a subir nas coisas”, diz Hunter. “Nós logo soubemos que o que estávamos fazendo estava errado. Vendo uma criança com aquela energia ─ o quanto ele se divertia com algo tão simples como sentar numa cadeira ─ foi uma revelação.”
“Mark falava muito sobre ir fundo em cada sequência em um nível pessoal”, acrescenta Barillaro. “Para a cena com Mérida e Elinor, por exemplo, ele nos disse para pensar em nossa mãe ou filha ou em uma adolescente que conhecemos e buscar a dinâmica na tela, e como você se sentiria se fosse Mérida ou Elinor. Nosso objetivo era garantir que o público sentisse os dois lados do relacionamento.”
Outros animadores especializaram-se em animação de animais como Mor’du, o urso demoníaco, e Angus, o majestoso cavalo de Merida. Andrews gostava de chamar esses especialistas de “Lordes Ursos” ou “Lordes Cavalos”. O diretor animador Kureha Yokoo, que praticou equitação a vida toda, incluiu dois outros dedicados cavaleiros, Kevin O’Hara e Jessica Sances, para trabalhar em algumas cenas-chave com os cavalos. Dovi Anderson, um animador de origem escocesa, e Jean-Claude Tran, eram dois dos “Lordes Ursos”.
Outro aspecto inédito para a equipe de animação foi sua habilidade de fazer a marcação da simulação de cabelo e roupas enquanto estavam animando. Isto permitiu a eles levar em conta como o cabelo, a roupa ou o pelo poderia reagir ao movimento do personagem enquanto faziam a animação, em vez de ver depois, o que resultou em um desempenho melhor e mais coeso.
“Acertar o cabelo era um equilíbrio entre a física e o lado artístico de onde o cabelo precisava estar para a pose, o aspecto estético, gráfico e para o desempenho”, explica Barillaro. “Nós precisávamos saber qual era a verdadeira física do movimento. Então, nós nos víamos na difícil situação de decidir o que é real e o que ficava melhor visualmente. Os animadores precisam ter consciência de onde o cabelo estará e como o corpo irá interagir com ele.”
CAMADA POR CAMADA
Guarda-roupa de Valente utiliza técnicas contemporâneas para criar visual antigo
Um dos maiores desafios de Valente foi criar o guarda-roupa que refletisse os trajes e as texturas dos tempos antigos e do cenário escocês. Mas este elenco de personagens tinha necessidades que nunca foram feitas em computação gráfica. “Boo veste camiseta e legging em Monstros S.A.”, diz Katherine Sarafian, produtora de Valente. “E a Mãe usa calça bem justa em Toy Story 2. Era o que conseguíamos fazer à época. Em Valente, o Rei Fergus tem oito camadas ─ malha de metal, armadura, diversas camadas de kilt, um cinto, uma bainha para sua espada até um manto de pele de urso. Merida tem que conseguir cavalgar com sua saia e ainda atirar flechas. Tudo isso tem que ser programado no computador para que cada camada se movimente como deve e interaja com as outras camadas. Mas nossa equipe conseguiu através de tecnologia nova, software novo e artistas incríveis.”
O desenho de figurino em animação é surpreendentemente parecido com o do live-action, exceto com relação a padronagens, ajustes e costuras que são feitos no computador. Cada visual começa com uma série de esboços que são baseados pela história ─ a personalidade de um personagem, a posição social, o papel na cena e outros detalhes são levados em consideração no desenvolvimento de uma peça do vestuário. Fergus é um guerreiro que tem uma conta a acertar com o urso que arrancou sua perna, então malha de metal, armadura e um manto de pele não só são muito adequados para este personagem como as roupas dele ajudam a descrever sua personalidade.
Sarafian diz: “Em Valente a roupa era muito importante na definição dos personagens e para capturar a sensação da Escócia. Nós queríamos ter uma textura rugosa da terra e as muitas camadas de vestuário que eram comuns na época”.
Colin Thompson, supervisor de sombreamento e tonalidade de personagem do filme, e Tia Kratter, que supervisionou as cores e texturas como diretora de arte de sombreamento e tonalidade, chefiaram os trabalhos para criar as roupas e texturas. Kratter, trabalhando em sintonia com o desenhista de produção Steve Pilcher, fez um enorme trabalho de pesquisa para determinar como um traje específico ou uma padronagem seria. A equipe de Thompson, então, inseria as qualidades desejadas e ajustava para o personagem.
“Quando fizemos nossa viagem de pesquisa à Escócia”, diz Kratter, “vimos que tudo era ricamente disposto em camadas. Você põe a mão no musgo e ela cada vez afunda mais. Nós pegamos esta ideia de camadas na natureza, como a vegetação nas rochas e na floresta e inserimos no visual dos personagens. Fergus, por exemplo, tem muitas e muitas camadas de roupas em uma variedade de texturas, padrões e tecidos, que inclui muito couro e lã.”
“Nós fizemos algo neste filme que nunca havíamos feito antes com relação ao visual das roupas”, diz Thompson. “Philip Child [sombreamento e pintura de personagem] criou um novo programa que mapeia os trajes como um globo com linhas de latitude e longitude. Baseado nisso, nós podemos tecer curvas dentro e ao redor de cada um. Funcionando como um desenhista têxtil digital ou alfaiate, o computador consegue pegar os desenhos de Tia e criar texturas como juta, quadriculado, ziguezague. Era importante para os cineastas que conseguíssemos as texturas certas, com toda a rugosidade e aspereza necessárias.”
“Nós descobrimos que fazer roupas com aspecto caro como seda no computador é realmente fácil, mas criar tecido como juta é incrivelmente difícil”, acrescenta Thompson.
Para criar o traje real para Rainha Elinor, Kratter fez experiências com diferentes tipos de tecidos e ornamentações. “O tecido de seu vestido é feito em uma trama de seda delicada que na verdade é incrivelmente forte, como Elinor”, diz Kratter. “Eu peguei a seda e a pintei com tons metálicos ─ é quando o meu trabalho fica realmente divertido ─ e colei pequenas peças de folhas douradas que acrescentaram uma característica despojada, como joias, que transmite uma personalidade organizada e muito controlada.”
As criações de Kratter foram passadas para os artistas de sombreamento e tonalidade que descobriram como reproduzir os modelos no computador. As cores e texturas são adicionadas à peça de roupa depois que o departamento de simulação a ajustou para o personagem. De acordo com a supervisora de simulação Claudia Chung, o simulador físico deve ser programado para entender a estrutura do material selecionado e a granulação do tecido para que o produto final se pareça e se movimente como deve.
Mas isso não é fácil, diz Chung. “Kilts são incrivelmente difíceis de serem feitos em simulação”, diz ela. “Tem muitas pregas e tecidos juntos ─ era algo que nunca havíamos feito antes com tamanha magnitude. Um kilt tem muitas camadas de tecido e, no computador, elas não funcionam bem juntas. Elas começam a se sobrepor e a desaparecer.”
“O Rei Fergus foi o personagem mais difícil que já fizemos”, acrescenta Chung. “Antes disso o máximo de camadas de roupas que havíamos feito foi três ou quatro para Ratatouille com os aventais dos trajes dos chefs. Muito trabalho foi realizado no desenho do kilt de Fergus para que tivesse a aparência certa.”
Os cineastas até mesmo criaram o “Kilt Fridays” quando vários membros da equipe, incluindo o diretor Mark Andrews, vestia kilt para trabalhar de modo que eles podiam ser filmados, analisados e isso os ajudava a entrar no espírito da Escócia. “Agora eu tenho quatro kilts”, diz Andrews, cujos passatempos o levaram a escolha do figurino muito antes de Valente. “Um é um kilt tradicional; eu tenho dois outros kilts que são kilts curtos, padrão, que eu posso usar casualmente no trabalho ou em ocasiões formais. Eu tenho um kilt esportivo para os Jogos Highland ─ tenho um kilt para cada ocasião.”
Kratter criou desenhos originais de tartãs para cada clã. “Nós não queríamos copiar nenhum tartã específico, então inventamos o nosso”, diz o artista. “Começamos pensando que cores seriam certas para nossos personagens. Para a família de Mérida, escolhemos azuis e roxos profundos. Lorde Dingwall é meio desajeitado, então usamos cores que tinham uma paleta ligeiramente excêntrica e diferente. Macintosh é um pouco agressivo, então escolhemos vermelhos. As cores de MacGuffin são mais marrons e laranjas. Nós pudemos selecionar cores, balancear pesos e texturas e colocar em um programa que nos dava muitas diferentes combinações.”
De acordo com Kratter, o tartã dos DunBroch foi desenhado com cores ricas e sutis para refletir o ambiente montanhoso e natural da Escócia. A padronagem não é chamativa nem brilhante, mas organicamente refinada no que se refere a cor. A equipe de arte queria usar tons que fossem indicativos de técnicas de tintura usadas na época antiga na qual o filme de fantasia se passa. Muito semelhante à própria Escócia, o tartã dos DunBroch tem como base o azul do oceano do Mar do Norte. O escarlate profundo representa a reverência da família a sua história e ao sangue derramado durante as batalhas entre os clãs. O verde escuro mostra o amor pelas terras altas majestosas da Escócia, onde a história se desenrola. O azul marinho e suas interseções centrais, representam a formação dos clãs dentro do reino DunBroch. E, finalmente, o cinza sutil insere um sentido de respeito pela alma do forte povo escocês.
Muito por acaso, os desenhistas na verdade garantiram que o tartã dos DunBroch fosse bastante singular. “O departamento de arte nos deu um desenho de tartã personalizado para o clã real, mas quando analisamos com atenção, percebemos que era tecnicamente impossível tecer aquele desenho do modo tradicional”, explica Thompson. “Nós desenvolvemos um modo de tecer digitalmente o tecido dando a todas as linhas em uma única direção uma sequência de cores e a todas as linhas em outra direção uma sequência correspondente. Para o tartã dos DunBroch, nós tivemos que criar alguns truques para projetar ainda mais cores na mistura para fazer o desenho desejado parecer verdadeiro.”
Andrews diz que autenticidade confere uma sofisticação ao filme que irá envolver o público. “Este filme é muito rico ─ é muito tátil”, diz Andrews. “A questão com Valente é que você quer alcançá-lo e tocá-lo, você quer sentir tudo no filme, dos vestidos e kilts ao imenso emaranhado de cachos vermelhos na cabeça de Merida. É isso que transmite um tipo de sentimento especial de acolhimento ─ uma ligação pessoal ─ com a telona.”
FAZENDO CRINAS
Cineastas de “Valente” Solucionam Um dos Maiores Desafios da Animação
Como a diretora Brenda Chapman imaginou a protagonista de Valente, ela sabia que Mérida seria espirituosa, teimosa e vibrante. Ela também sabia que Mérida teria cabelos ruivos indomáveis. “O cabelo ruivo encaracolado de Mérida faz parte de sua personalidade”, diz Chapman. “Ele representa quem ela é. A mãe está sempre tentando conter o cabelo da filha, mas Mérida gosta do cabelo solto.”
“Ao longo de toda a minha carreira”, continua Chapman, “eu já vi muitos personagens começarem com belos cabelos encaracolados e depois eles ficam lisos apenas para simplificar as linhas e o tempo de desenho. Eu não tinha ideia do pesadelo que eu estava pedindo quando eu disse: ‘Não, ela tem que ter cabelo encaracolado’. Por sorte, a equipe técnica da Pixar estava à altura do desafio e nos deram exatamente o que precisávamos”.
Descobrindo o verdadeiro significado de valentia, os diretores-supervisores técnicos Bill Wise e Steve May e suas equipes passaram anos trabalhando numa maneira de dar aos diretores o que eles queriam. Isso envolveu escrever novos programas de simulação, inúmeras tentativas e erros e muita coordenação com os animadores e com outros departamentos.
“Cabelo é difícil”, admite Wise. “Cabelo encaracolado é ainda mais difícil. É um problema difícil de simular. Quando eu trabalhei em Os Incríveis (The Incredibles), o longo cabelo liso de Violet foi o problema de cabelo naquele filme. Na época, ninguém havia feito nada parecido em computação gráfica, mas nós conseguimos. Quando começamos a trabalhar em Valente, pensava-se que um programa de simulação não conseguiria lidar com cabelos encaracolados e manter o volume. Os diretores queriam que os cachos se movimentassem e interagissem uns com os outros de uma maneira semirrealista, porém mantendo o volume do todo. Você não quer que o cabelo se pareça com molas. Você quer que os cachos estiquem, mas que o corpo permaneça. Nós tivemos que criar um simulador de cabelo inteiramente novo.”
A supervisora de simulação Claudia Chung, que supervisionou a simulação do guarda-roupa e dos tecidos, também chefiou a simulação de cabelos e pelos, e garante que cada cabelo e pelo dos personagens movimentem-se de acordo com o desempenho dos animadores.
Chung conta que ao contrário do que acontece com cabelos lisos, os cabelos encaracolados precisam ter volume para mostrar os cachos, e criar volume no computador não é fácil. “A simulação se baseia em física ─ precisamos entender de gravidade e outras leis da física”, diz ela. “Não conseguíamos entender por que os cabelos encaracolados se movimentavam da forma como se movimentam, então trabalhamos com uma forte equipe de pesquisa na Pixar para construir um modelo físico para o cabelo de Mérida.”
“Um dos artistas decidiu que cabelos encaracolados são como um fio de telefone que enrolamos”, continua Chung. “É como o cabelo de Mérida se movimenta e é a base de seu modelo, mas isso é de acordo com um pesquisador com raciocínio físico. Não se trata de cabelo com visual natural. A equipe de animação queria cabelo fluido, com curvas em C e curvas em S, que acompanhasse naturalmente o movimento da cabeça de Mérida quando ela se movimentasse. Nós acabamos nos dando conta de que o cabelo de Mérida, na verdade, é submetido a uma força gravitacional muito menor do que a do restante dos personagens.”
“Então além de ser exímia arqueira e alpinista destemida, Mérida tem cabelos que desafiam as leis da física“, diz Chung. “Porque os cachos são tão encaracolados e essa é uma característica do cabelo, de certa forma ele desafia a gravidade.”
“O cabelo de Mérida é uma grande conquista”, continua Chung. “Eu sempre achei que o departamento de arte tinha criado cabelos exagerados para Mérida ─ com ondas e cachos de tamanhos diferentes, alguns mais apertados, outros mais soltos. Mas eu tenho uma amiga que tem vastos cabelos encaracolados, e agora me vejo fascinada como o fato de cabelos como os de Mérida de fato existirem.”
Novas técnicas inovadoras em simulação de cabelo também foram usadas para o pelo do demoníaco urso Mor’du. Em alguns casos, o pelo do urso tinha quase um metro de comprimento e exigiu um tratamento especial para dirigir o movimento.
Chung diz: “O que mais me empolgou em Valente foi o fato de que a equipe de simulação foi capaz de participar em um nível artístico de uma maneira nunca vista antes. No passado, a simulação era algo que vinha depois da animação. Agora somos parte da atuação e da arte de forma integral. Muitos artistas técnicos neste filme ficaram eletrizados de fazer parte desta experiência, que foi criativa e também técnica. Temos um papel maior neste filme e isso é realmente muito empolgante. Valente é de fato um marco para a equipe de simulação ─ há simulação em quase 90% do filme”.
O SOM DAS HIGHLANDS
Trilha Sonora Tradicional e Canções Originais Conferem Ar de Autenticidade
“A música de Valente apoia a história, engrandecendo a jornada épica Com Mérida. A música de fato estabelece o tom do filme e também a época. Nós queríamos capturar essa sensação antiga da Escócia e a música realmente acrescenta outra camada de autenticidade.”
~ Mark Andrews, diretor
A TRILHA SONORA
O compositor indicado ao Oscar® Patrick Doyle, nascido na Escócia, trouxe paixão e empolgação por sua terra natal ao projeto que se reflete em sua trilha evocativa e ousada. Doyle é só o quarto compositor a escrever uma trilha sonora para um filme da Pixar, unindo-se a um grupo de elite de compositores distintos que inclui Randy Newman, Thomas Newman e Michael Giacchino.
“Eu sempre adorei animação”, diz Doyle. “O primeiro filme que fui assistir sozinho na grande cidade de Glasgow foi Fantasia da Disney no famoso cinema Cosma. Eu nunca perdi um filme da Pixar. Além de ter sido um privilégio estar envolvido em Valente, sendo um compositor escocês isso também significou que eu tinha uma conexão muito especial com este filme extraordinário.”
Doyle, para mim, foi transportado para casa. “O que torna Valente tão especial”, diz ele, “é o amor, o cuidado e a atenção aos detalhes que foram dados à criação da Escócia. Eles capturaram completamente o visual de sua topografia, a arquitetura antiga e o clima único. A história tem todas as qualidades míticas de grandes lendas celtas”.
Ao criar sua trilha sonora para o filme, o compositor usou uma variedade de instrumentos nativos tais como gaitas de fole, solos de violino, harpas celtas, flautas e o bodhrán. Para dar à trilha uma sensação contemporânea e nova, ele incluiu sons eletrônicos sob medida e saltério e címbalo eletronicamente tratados. Andrews explica: “Nós não queríamos fazer escocês demais e colocar gaitas de fole o tempo todo. A trilha tem um grande contraste de grandeza e intimidade sublime que realmente se encaixa com esta época da fantasia celta”.
“Eu usei muito ritmos clássicos de dança escocesa, tais como ril, giga e strathspeys, que não apenas servem à ação, mas para manter a autenticidade”, diz Doyle. “Eu adorei compor particularmente o lamento galês ‘Noble Maiden Fair’ com meu filho Patrick Neil, cantado tão lindamente por Emma [Thompson] e Peigi [Barker].”
Doyle insistiu que os instrumentos étnicos fossem interpretados por músicos escoceses. “Eu só sabia que eles trariam um profundo entendimento das raízes celtas na herança musical escocesa. Eles certamente atenderam as expectativas e seu trabalho soberbo veio de suas próprias almas.”
Quanto à própria trilha sonora, Doyle inspirou-se nos desempenhos, na direção, na história e no belo visual do filme. “Era vital que a força de Merida e Elinor se refletisse na trilha sonora e que seus personagens não fossem de nenhuma maneira sentimentalizadas”, diz ele. “A história antiga do país, através de suas lendas e mitos, evocaram cores escuras, etéreas e assustadoras e também harmonias evocativas ao longo da trilha.”
Doyle acrescenta: “Trabalhar com Mark e Katherine me deu muita liberdade artística e de escopo como compositor para inserir minha experiência musical com filmes e minha origem escocesa. Há uma atmosfera de abertura, que permite um artista experimentar e ser ousado; havia o luxo de ter tempo para experimentar e lançar ideias de uma maneira tranquila e satisfatória e, como resultado, eu acredito que dei o melhor de mim. É essa atmosfera, que vem diretamente de John Lasseter, que faz dos filmes da Pixar tão únicos”.
CANÇÕES ORIGINAIS
Duas novas canções interpretadas pela aclamada cantora galesa escocesa Julie Fowlis também foram incluídas nos destaques musicais do filme. “Touch the Sky”, com música do próprio Alex Mandel da Pixar e letra do diretor Mark Andrews e Mandel, acompanha a cavalgada libertadora e empolgante de Merida pela floresta quando ela consegue escapar da confinada vida no castelo. A canção “Into the Open Air”, com música e letra de Mandel, é ouvida mais tarde no filme durante um momento especial entre mãe e filha.
As duas canções foram escritas na Pixar e originalmente eram músicas temporárias. “Nós adoramos trabalhar com artistas da casa”, diz a produtora Katharine Sarafian. “Eles trabalham ao lado da nossa equipe de história e sabem o objetivo da história, então podem realmente colaborar com o diretor para obter o objetivo por trás da canção de uma forma maravilhosa. Nós ficamos encantados com o fato de as canções de Alex Mandel acabarem sendo exatamente o que nós precisávamos para o filme.”
Sarafian acrescenta: “Julie Fowlis interpreta as duas canções. Se imaginássemos uma voz cantando para Mérida ─ a beleza, a clareza, a simplicidade e a sinceridade ─ Julie incorpora isso e ela é fantástica”.
“Foi ótimo ter sido convidada para gravar e interpretar na trilha sonora de Valente e, particularmente, cantar as canções que representam a indomável protagonista Mérida”, diz Fowlis. “Eu gostei muito do desafio de acrescentar uma dimensão de interpretação ao cantar para poder dar a personagem Merida sentimentos da vida através da canção.”
“Learn Me Right” é uma canção original interpretada por Birdy, cujo disco autointitulado foi premiado com o disco de ouro e de platina no Reino Unido e na Europa respectivamente, e o grupo britânico de rock indicado ao Grammy® Mumford & Sons, que também compôs, fez os arranjos e produziu a faixa.
Andrews diz que ele gosta da energia que o Mumford & Sons trouxe ao filme. “Eles queriam manter o espírito da heroína, então eles chamaram o jovem cantor Birdy. O resultado é esta canção poética e dinâmica que agrega valor à moral da história: ‘Nós vamos ser quem nós vamos ser e tudo bem’ ─ é feita de uma maneira muito bonita e cheia de energia.”
Sarafian acrescenta: “‘Learn Me Right’ é uma canção incrível. Eu sinto algo toda vez que ouço. O grupo Mumford & Sons escreveu uma música que faria justiça ao momento culminante do filme, às emoções, aos sentimentos e lições subliminares aprendidas entre mãe e filha. Eles realmente encontraram essa hora da verdade na história que estamos tentando contar, e a música leva o filme a um novo nível no final”.
Da Walt Disney Records, a trilha sonora de Valente estará disponível em vários pontos de venda em 19 de junho de 2012, e inclui as seguintes faixas:
- “Touch the Sky”, interpretada por Julie Fowlis
- “Into the Open Air”, interpretada por Julie Fowlis
- “Learn Me Right”, interpretada por Birdy [com Mumford & Sons]
- “Fate and Destiny”
- “The Games”
- “I Am Merida”
- “Remember to Smile”
- “Merida Rides Away”
- “The Witch’s Cottage”
- “Song of Mor’du”, interpretada por Billy Connolly e Elenco
- “Through the Castle”
- “Legends Are Lessons”
- “Show Us the Way”
- “Mum Goes Wild”
- “In Her Heart”
- “Noble Maiden Fair (A Mhaighdean Bhan Uasal)”, interpretada por Emma Thompson e Peigi Barker
- “Not Now!”
- “Get the Key”
- “We’ve Both Changed”
- “Merida’s Home”
FAZENDO MAGIA
Cenografia, Software, Fotografia e Efeitos Especiais elevam “Valente” a outro Nível
Com seus cenários míticos e uma história baseada em magia, Valente pedia a assinatura artística da Pixar para chegar à telona. De cenários a software, de fotografia a efeitos especiais e, por último, mas não menos importante, a iluminação, os cineastas conseguiram o impossível… de novo.
CENÁRIOS
De castelos antigos e ruínas, a círculos de pedras, florestas e vegetação, a equipe de cenário da Pixar, supervisionada por Derek Williams, estabeleceu o palco para a colorida ação que ajuda Valente a ser uma experiência visual única repleta de autenticidade e sabores da Escócia.
“O maior desafio do departamento de cenários em Valente foi criar ambientes de floresta orgânicos, fazê-los ter um visual natural e mantê-los vibrantes”, explica Williams. “Para este filme, nós construímos sete florestas diferentes e as povoamos com tramazeiras, vidoeiros e pinheiros escoceses. Com diferentes versões dessas árvores, o número total de árvores que usamos chegou a cerca de 40 tipos. Nossa primeira etapa para gerar um cenário de floresta é uma olhada no local onde as coisas serão colocadas. Assim que câmera e equipe de cenário entram e filmam, nós voltamos e começamos a mexer nas coisas dentro do quadro para obter o máximo da composição. Acrescentamos vegetação ─ grama, musgo, líquen, urze gerados por computação ─ para criar a complexidade que o desenhista de produção e os diretores querem. Nós tínhamos um trio de gênios em nosso departamento ─ Inigo Quilez, Andy Whittock e Jamie Hecker ─ que era responsável pelo incrivelmente complexo, porém deslumbrantemente belo musgo.”
Além do musgo e das árvores, Williams e sua equipe fizeram uma extensa pesquisa nas rochas e pedras encontradas na Escócia, bem como nos tipos de armas que eram usadas nos tempos antigos. Espadas, escudos, machados, arcos e flechas e outros armamentos foram manufaturados para as cenas de batalha ao longo do filme.
Williams diz: “Este filme tem tanto escopo que foi fácil para nós elevarmos nosso nível e ir mais além do que jamais fomos. Os cenários eram bem maiores, há muito mais modelagem e sombreamento orgânico. Um dos meus cenários favoritos é uma ruína subterrânea. É muito sombria e escura e tem tudo que gostamos de fazer em termos de modelagem, sombreamento e cenografia.”
SOFTWARE
O Estúdio Pixar Animation é conhecido por sonhar grande quando se trata de tecnologia e arte. Com Valente, um sistema de software inovador, o PRESTO Animation System, permitiu aos narradores e artistas sonharem ainda mais alto. “A Pixar tomou a decisão de construir nova tecnologia para solucionar problemas futuros da cinematografia agora ─ nosso antigo software não podia evoluir nessa direção”, explica Gordon Cameron, supervisor de tecnologia global do filme e importante membro do grupo de tecnologia global da Pixar.
“Valente é o primeiro filme da Pixar a usar o novo sistema proprietário de animação”, diz o diretor-supervisor técnico Steve May. “Ele nos permite que façamos animação complexa que não conseguíamos fazer antes. Uma das coisas mais difíceis de serem feitas em animação é controlar muitos personagens que são conectados e dependentes uns dos outros. Em uma cena, Mérida está cavalgando em seu fiel cavalo Angus enquanto costura a tapeçaria e carrega os trigêmeos na garupa do cavalo. A animação de todos os personagens é dependente uma da outra ─ se um se movimenta, os outros reagem, e o modo como eles dependem uns dos outros muda ao longo da cena. As conexões são dinâmicas e tornar isto mais fácil para os animadores requer novas tecnologias de animação.”
O diretor supervisor técnico Bill Wise acrescenta: “Uma das razões pelas quais estávamos dispostos a assumir isto foram as cenas do urso e do cavalo, principalmente. São personagens grandes, pesados e musculosos, e nós queríamos integrar simulação no processo de articulação para poder conseguir aquele movimento secundário ─ o balanço dos músculos e da carne com o impacto. Nós queríamos sentir o peso e a massa. Você pode ver o resultado quando Angus se esforça ─ seu peito e músculos se movem a cada passo. PRESTO ofereceu mais controle e mais poder em termos de aprimoramento. Neste filme, em particular, o sistema permitiu que integrássemos simulação ao processo de animação. Foi uma enorme inovação.”
FOTOGRAFIA ─ CÂMERA E ILUMINAÇÃO
A cinematografia em animação por computação tem avançado aos saltos desde Toy Story, o longa-metragem de estreia da Pixar e o primeiro longa-metragem totalmente feito em computação gráfica da indústria cinematográfica, lançado em 1995. Com Valente, os diretores de fotografia Rob Anderson (câmera) e Danielle Feinberg (iluminação) trazem nova empolgação ao processo, com movimentos de câmera ousados e eletrizantes, e iluminação sofisticada.
“Nossa filosofia em termos de trabalho de câmera é sempre reforçar a história”, diz Anderson. “Se é um momento emocional em que os personagens não estavam se comunicando e agora estão, nós podemos começar a forçar que eles se unam um pouco. Uma das minhas cenas favoritas é quando Mérida está zangada com a mãe e parte em seu cavalo pela floresta. Nós vemos uma cena estabelecida em que ela sai do castelo e a câmera mostra amplas paisagens e belos cenários. Mérida está zangada e o cavalo está realmente em movimento. É como se a câmera estivesse em um carro em movimento de modo que podemos seguir e assistir conforme o cavalo segue velozmente pela floresta. Mérida cai do cavalo bem no meio de um misterioso círculo de pedras, tudo é mostrado com um movimento elegante e gracioso que seria impossível de fazer no mundo real: a câmera gira para o lado oposto para mostrar o enorme círculo de pedras erguidas. Isso a coloca em um novo espaço e fornece uma transição realmente muito boa.”
Anderson diz que ele também gosta da cena na qual Mérida escala a rocha da Cascata de Fogo. “A cena começa com Merida no promontório entalhando um pequeno símbolo em seu arco enquanto uma águia grasna e circula acima dela. Nós temos a visão de Mérida do ponto de vista da ave, e então a câmera passa para uma cena arrebatadora de Mérida na parede de rocha. Isso foi um verdadeiro desafio para nós porque queríamos que desse a sensação de que você estivesse subindo com o pássaro, mas ainda mantendo Mérida no quadro bem abaixo. A câmera imita o movimento do pássaro ─ é um movimento muito lírico; Mérida está perfeitamente enquadrada com o pôr do sol e com a cascata ao fundo.”
“Trabalhar com Mark [Andrews] tem sido ótimo”, acrescenta Anderson. “Ele consegue entrar numa sala e fazer todos se sentirem extremamente à vontade. Ele tem uma mente muito ágil, ele conhece seu filme e sabe o que quer que a câmera transmita. Nós tentamos dar a ele o máximo de opções possível. Sempre começamos usando o storyboard como um mapa, e depois damos opções que são mais conservadoras e mais agressivas para contar os mesmos pontos da história.”
Entre os créditos anteriores de Danielle Feinberg estão a função de diretora de fotografia e iluminação em WALL•E ─ algo bem diferente de Valente. “Este filme foi renovador e atemorizante ao mesmo tempo. WALL•E deveria ter uma sensação mais como um documentário ─ Valente é o oposto. Robôs são muito fáceis de iluminar, humanos são incrivelmente difíceis. Quando uma cena chega ao nosso departamento, tudo está cinza, porque só há uma luz branca simples. A animação vê suas cenas com esta luz. Tudo fica insípido, não há atmosfera, clima ou hora do dia. Quando começamos a iluminar a cena, acontece esse momento mágico em que subitamente você é transportado para um mundo totalmente diferente.”
“Nossos personagens são seres vivos”, continua Feinberg. “Você realmente os conhece quando começa a iluminá-los. Cada um tem suas características próprias. Mérida tem um magnífico cabelo ruivo e nós levamos um tempo para descobrir como iluminá-lo para que ela ficasse bonita. Tivemos que trocar a luz principal com ela, de modo que iluminasse abaixo da bochecha, ou diminuíamos a luz para evitar um efeito tipo máscara. Iluminar seu cavalo, Angus, também foi complicado porque ele é muito negro com patas e focinho brancos. Se você colocasse luz demais, ele poderia acabar ficando muito bizarro. Acabamos usando um especular molhado, que tem um reflexo borrado, para ressaltar sua forma.”
Feinberg e sua equipe tiveram muito trabalho no grande hall do Castelo DunBroch, onde enormes multidões foram iluminadas por centenas de velas, tochas e candelabros. Com uma luz necessária para cada vela, a iluminação assumiu um nível inteiramente novo de complexidade. Adicionalmente, sua equipe ajudou a criar a atmosfera misteriosa e o antigo ambiente escocês. “Uma das nossas cenas favoritas no que se refere à iluminação é a que Merida e Angus acabam num círculo de pedras”, diz Feinberg. “É um lugar mágico em que Merida encontra as luzes mágicas. Além da floresta, a cena se abre e você vê uma tomada ampla do céu com grandes nuvens negras. Tudo à frente é escuro e desconhecido e tudo no caminho de volta ao castelo é iluminado e seguro. Acrescente o cintilar das luzes mágicas e é uma cena realmente legal.”
EFEITOS ESPECIAIS ─ LUZES MÁGICAS, NÉVOA, RIOS
Valente apresenta uma ampla gama de efeitos visuais inovadores e eletrizantes que engrandecem o drama e a magia da jornada de Mérida. Névoa, fogo, luzes mágicas e um rio caudaloso são apenas alguns dos desafios que a equipe de efeitos enfrentou nesta produção.
David MacCarthy, o supervisor de efeitos de Valente, diz que a natureza interpreta um importante papel nos efeitos deste filme. “O ambiente é o efeito primário que dá vida a este mundo. Na Escócia, há muita umidade, vento, e outros elementos naturais que mantêm as coisas vivas.”
Um dos principais efeitos, as luzes mágicas, na verdade, surgiu da fábula escocesa na qual pequenas luzes, que alguns acreditavam ser causadas por gases das trufeiras, atraíam curiosos seguidores que acabavam ficando presos na lama espessa do pântano ─ acabando, assim, por ter um triste destino. “Mark [Andrews] usou a analogia que as luzes no filme são como luzes da terra guiando os personagens em um caminho específico”, continua MacCarthy. “As luzes marcam a primeira vez que fizemos um personagem que é inteiramente um efeito. Nós queríamos usar fogo como uma pista visual, mas não um elemento direcional.”
MacCarthy conta que a equipe de efeitos levou um ano para aperfeiçoar o visual das pequenas luzes. “As luzes começam com um núcleo”, explica ele, “que é o próprio personagem subliminar ─ é a geometria. Nós enchemos esse núcleo com um gás sonoro. Então há dois níveis do lado externo. A silhueta primária é muito parecida com uma chama e muito similar a uma vela, exceto quando se movimenta, o movimento não é com a gravidade. Parece mais que está se movimentando embaixo d’água. Há um brilho azul e mechas que possuem uma qualidade de plasma quando ela se movimenta. As luzes assobiam como o vento pelas folhas, e o movimento é muito parecido com o de uma água-viva. Elas estão sempre se movendo muito languida e etereamente para lá e para cá, para cima e para baixo.”
Uma das grandes viradas no relacionamento mãe e filha acontece em um rio. “Nós queríamos um rio que transmitisse a ideia exata de que estávamos na Escócia”, diz MacCarthy. “Este é um caminho de salmões e o deságue de uma geleira em um cenário de uma cascata que tem uns 9 metros de largura por 2,5 de altura.”
O diretor-supervisor técnico Steve May adiciona: “A cena do rio mostra os processos mais avançados da animação de cabelos e roupas em Mérida, além da simulação de água do próprio rio. A água é animada usando novas técnicas desenvolvidas que fornecem uma ampla escala de comportamento, como o formato do rio como um todo, e um nível de detalhamento muito alto, como as extremidades das rochas e os respingos dos personagens”.
“É provavelmente a simulação física mais complexa que a indústria já fez”, diz MacCarthy. “Foi um trabalho de colaboração entre as equipes de arte, cenários, efeitos e software.”
Criar a névoa, fumaça e outros efeitos atmosféricos foi um esforço coordenado entre os departamentos de efeitos e iluminação. “A névoa é uma fera estranha”, afirma MacCarthy. “Se for dirigida ou estrutural, o departamento de efeitos supervisionava. Por exemplo, quando revelamos pela primeira vez as pedras erguidas, a névoa deve se comportar de certa maneira, então a equipe de efeitos lida com isso.”
Feinberg acrescenta: “Por que a Escócia tem muita névoa, há uma tendência a aparecerem muitas silhuetas ao longe. É uma coisa maravilhosa, e dá um efeito teatral que orquestra a iluminação ao redor do personagem. Isso acrescenta uma sensação de magia ao filme ─ um mistério sobre o que pode haver na floresta”.