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Quando uma pessoa muito famosa morre, é comum se criarem lendas urbanas acerca delas. Por exemplo, Elvis Presley teria sido abduzido por alienígenas; Michael Jackson estaria escondido em alguma ilha particular, após ter fingindo sua morte; e Walt Disney teria sido congelado.
Segundo esse mito, em seus últimos dias de vida, Walt pedira para ser congelado criogenicamente, a fim de ser despertado quando a ciência tivesse descoberto uma cura para seu câncer de pulmão. Em algumas versões, seu corpo congelado estaria em uma câmara debaixo da Disneyland; em outras, apenas a sua cabeça teria sido preservada.
Apesar dos funcionários e da família, incluindo sua própria filha, Diane Miller Disney, refutarem a ideia e alegarem não haver nenhuma verdade nesse boato, muitos acreditam e o divulgam como se fosse realmente verídico.
Depois de Tom Hanks interpretar o criador do Mickey Mouse, em Walt nos Bastidores de Mary Poppins (2013), uma grande quantidade de longas-metragens biográficos e mais documentários sobre ele começaram a ser produzidos — a maioria sem autorização do Walt Disney Studios.
E agora é a vez da cabeça congelada de Walt Disney ser tema de seu próprio filme. Com previsão de estreia para 2017, nos Estados Unidos, a comédia The Further Adventures of Walt’s Frozen Head (As Novas Aventuras da Cabeça Congelada de Walt, em tradução livre) retrata a amizade entre Peter (Daniel Cooksley) e o próprio Senhor Disney.
Na trama, durante seu descongelamento anual para a inspeção da empresa e de seu legado criativo, Walt exige visitar uma de suas criações, o Walt Disney World. Porém, quando a gerência zomba da ideia, ele recruta Peter, um empregado de baixo nível do parque, para realizar a sua aventura.
Trailer de The Further Adventures of Walt’s Frozen Head:
Benjamin Lancaster, diretor e roteirista do projeto, é um estudante da University of Central Florida. Junto a outros vinte e cinco estudantes, Lancaster filmou no parque temático por quatro dias, sem o consentimento da Disney. Entretanto, com a onipresença das câmeras digitais, se tornou quase impossível para a empresa do Camundongo impedir atos desse tipo.
Usar sem permissão o Walt Disney World como cenário não é uma novidade. Em 2013, o filme de fantasia e terror Escape from Tomorrow utilizou o parque como locação para retratar a história de uma família cujas férias no lugar mais feliz da Terra se transforma em um pesadelo. Embora tenha um conteúdo forte, a Disney não tentou proibir sua comercialização.
“Filmar no Walt Disney World era nossa única opção. O filme é sobre a primeira visita de Walt ao parque que ele apenas sonhou. Nós não poderíamos recriar isso. Ter a produção interrompida e expulsa de lá sempre foi uma possibilidade, mas era o risco de se contar essa história,” declarou Lancaster ao The Disney Blog.
Para Benjamin, a intenção não é criticar Walt Disney, seu legado ou sua empresa. “Há piadas sobre aumento dos preços no parque. No entanto, a maior impressão é a de seu sonho ter continuado sem ele. Essa é a mensagem e ela vem de nossa admiração,” disse ao Orlando Sentinel.
Com um orçamento limitado de vinte mil dólares, ainda há algumas cenas da cabeça de Walt para serem filmadas — nas outras, ela está dentro de uma mochila do Mickey. “Um de nossos maiores desafios é encontrar Walt e gravar esse material,” comenta. A equipe continua à procura de um ator veterano de televisão disposto a colaborar com a produção.
Sobre a ideia, Lancaster afirma ter surgido em 2013 como uma brincadeira, porém, seu interesse despertou quando começou a se questionar a respeito dos motivos para uma pessoa querer se preservar congelada. Ele ressalta não haver nenhuma conexão com a lenda urbana. “Não havia essa tecnologia em 1966. Seria impossível congelar alguém,” finaliza.
