Em 1963, a Disneyland sediava o festival “Salute to Mexico”, o qual contava com o patrocínio do Conselho Mexicano de Turismo e com a colaboração da People to People International – uma organização fundada por Dwight D. Eisenhower, presidente dos Estados Unidos, com o apoio de diversos líderes da indústria e das artes, incluindo Walt Disney –, e celebrava a cultura do México.
A exposição colocava em evidências desde cerâmicas até tourada e arte contemporânea. Havia bandeiras e pinhatas penduradas, enquanto bandas de mariachi tocavam canções tradicionais e mulheres com os vestidos típicos dançavam para os visitantes. Walt Disney, por exemplo, na cerimônia de abertura do evento, utilizou um grande sombrero, um chapéu de abas enormes.
Porém, essa não foi a única conexão de Walt com o país vizinho, pois a amizade entre os dois já existia há muitos anos, antes mesmo da fundação do parque. Em 30 de Agosto de 1943, Walt recebeu a Ordem da Águia Asteca, a mais alta condecoração concedida pelo governo do México a um estrangeiro, devido às suas contribuições para o país e para a humanidade em geral.
No caso do visionário, a honraria foi oferecida por seus esforços para promover relações internacionais benéficas com o México. Dois anos antes da entrega, em 1941, Walt viajou com uma equipe de artistas pela América Latina, como parte do programa de Boa Vizinhança, estabelecido por Franklin Delano Roosevelt.
Durante a expedição, o grupo, o qual passou a ser conhecido como “El Grupo”, conheceu presidentes, artistas e cidadãos comuns como parte da pesquisa para o desenvolvimento de histórias para filmes de animação baseados nas culturas observadas e nos locais visitados. Os artistas visitaram também o Brasil e a Argentina, e isso resultou em Alô, Amigos, cuja estreia mundial aconteceu no Rio de Janeiro em 1942.
Motivado pela cultura, Walt retornou ao México no ano seguinte, em 1942, com alguns outros artistas para mais uma viagem de pesquisa, dessa vez para reunir material para a produção de um segundo longa, Você Já Foi à Bahia?, o qual foi lançado no final de 1944 na Cidade do México. Além da conhecida dupla Pato Donald e Zé Carioca, um novo personagem foi adicionado: Panchito, um galo vermelho mexicano.
O filme trazia cenas de diversas locações do México, incluindo Acapulco e Veracruz. Tiempo, uma revista mexicana, descreveu a experiência como Walt trazendo um mundo de amizade e compreensão para as pessoas de todos os países. Vinte anos depois, enquanto a Disneyland realizava seu festival cultural, Walt recebeu uma nova homenagem do México.
A Universidade Ibero-Americana, por meio do Instituto de Cultura do Cinema, concedeu a Walt o prêmio de mérito Onix, reconhecendo as suas grandes conquistas cinematográficas. Embora Walt Disney não tivesse uma educação formal além do primeiro ano do ensino médio, o artista recebeu continuamente prêmios de instituições de ensino superior, reconhecendo a sua influência no mundo.
Vários outros prêmios foram oferecidos ao longo do ano, a exemplo da chave da cidade de Guadalajara, em 1964. Por fim, o México se juntou ao mundo em luto pela perda de Walt em 15 de Dezembro de 1966. O país produziu uma escultura em homenagem ao visionário e aos muitos presentes dados por ele ao público mexicano, representando também a longa e frutífera relação entre o produtor e a nação.
Depois de sua morte, a relação entre a empresa e o México continuou. Em 1982, o EPCOT foi inaugurado em Orlando, trazendo um pavilhão dedicado ao país, onde os visitantes podem realizar um passeio de barco, com personagens de Você Já Foi à Bahia?. E em breve, chegará aos cinemas Viva – A Vida é Uma Festa (04 de Janeiro de 2018), filme do Pixar Animation Studios sobre o dia de finados mexicano.
