Segundo a opinião dos críticos, Zootopia é o melhor filme do Walt Disney Animation Studios em décadas. E parte dessa aclamação nasceu das mensagens abordadas pelo filme, tanto as de forma didática quanto as de modo implícito. É um banquete de lições de moral para a nossa sociedade.
Dentre os assuntos debatidos estão o preconceito e segregação, conforme antecipamos na nossa análise do segundo trailer. No entanto, assim como todas as outras animações do estúdio, houve um demorado processo de produção e muitas mudanças aconteceram na história, a qual, inicialmente, era sobre espiões e se desenrolava em uma ilha tropical.
Jared Bush, roteirista e co-diretor, disse ter sido abordado pelo diretor Byron Howard para trabalhar em uma história completamente distinta do resultado final. Howard, a princípio, desenvolvia Savage Seas, um projeto estrelado por Jack Savage, um coelho a la James Bond. Em uma missão, Jack deixaria sua cidade, completamente habitada por mamíferos, para resolver um mistério.
Com a ajuda de Bush e opinião dos demais artistas da casa, Howard decidiu se concentrar no ponto forte dessa premissa: uma metrópole apenas de animais. O conceito de espionagem logo se transformou em uma trama de detetives. Jack deixou de existir e Nick Wilde, um raposo, se tornou o protagonista.
Nessa versão, Nick era hostilizado por ser um predador. As presas viviam em uma posição extremamente favorável e obrigavam os predadores a usarem uma coleira, cuja função era eletrocutar seu usuário caso seus instintos animais falassem mais alto. Mas a equipe não estava satisfeita com essa visão, pois não havia motivos para Nick querer viver na cidade.
A solução encontrada foi se livrar das coleiras e mudar a perspectiva para Judy Hopps, uma coelha com quem Nick deveria se juntar para se livrar de uma armação criminosa para cima dele. Assim, ao invés de apresentarem um mundo distópico, Judy poderia descobrir aos poucos a discriminação existente na cidade e em si mesma.
Bush define esse momento como o filme mostrando qual história devia ser contada. E foi algo natural para o estúdio — a apenas dezessete meses do lançamento nos cinemas. Para ajudar a manter a ordem, Rich Moore, de Detona Ralph (2012), foi convocado para se juntar a Howard e levar Zootopia à linha de chegada.
Outro fato importante para o roteiro entrar nos eixos foi a descoberta da existência de um predador para cada nove presas no mundo real. Apesar dos animais da cidade fictícia terem evoluído, eles ainda mantêm seus medos e dinâmica social, a fim de garantirem itens essenciais para a sobrevivência, tais como a água.
Isso é similar ao cotidiano dos humanos. Em uma escola, por exemplo, determinados alunos não se dão bem entre si, porém, precisam aprender a conviver juntos para conquistarem um objetivo em comum. Tal reflexo social despertou na equipe o potencial para transmitir aos espectadores aprendizados sutis e ensinar acerca da superação de preconceitos.
Embora alguns aspectos tenham permanecido, outros foram abandonados pelo caminho, incluindo alguns locais. Originalmente, Nick era dono de um estabelecimento comercial chamado Wilde Times, onde os animais podiam extravasar seus instintos, como um predador perseguir outro usando uma fantasia de presa e participarem de um carnaval brega.
Uma das dificuldades encontradas pela equipe foi o uso dos diferentes ambientes. Por serem muito atrativos, seria fácil gastar vários minutos explorando os bairros Praça Saara, Distrito Florestal ou Tundralândia. Foi necessário manter o foco e encontrar um equilíbrio entre as maravilhas desse mundo e as necessidades da história.
Zootopia passou por inúmeras mudanças antes de chegar às salas de cinema. E todas as horas gastas nesse trabalho de aperfeiçoamento valeram a pena, porque, além da aclamação popular e crítica, o longa-metragem de animação tem lutado com garras e dentes rumo ao topo das bilheterias, e sem demonstrar sinais de cansaço.
A moderna metrópole de mamíferos chamada Zootopia é uma cidade diferente de todas as outras. Composta de bairros-habitat como a elegante Sahara Square e a gelada Tundratown, é uma grande mistura onde animais de todos os ambientes vivem juntos — um lugar onde não importa o que você é, do maior elefante ao menor musaranho, você pode ser qualquer coisa. Mas quando a otimista policial Judy Hopps chega, ela descobre que ser a primeira coelha numa força policial de animais grandes e fortes não é nada fácil. Determinada a provar seu valor, ela agarra a oportunidade de solucionar um caso, mesmo que isso signifique formar uma parceria com o raposo falante e vigarista Nick Wilde, para desvendar o mistério.
