Desde antes da estreia de Branca de Neve e os Sete Anões (1937) nos cinemas, o Walt Disney Animation Studios possui uma curiosa e longeva relação com animais falantes, a exemplo dos curtas-metragens estrelados pelos Três Porquinhos e até pela turma do Mickey Mouse.
Enquanto trabalhava na ideia de produzir seu primeiro longa-metragem, Walt Disney foi abordado por M. Lincoln Schuster, dono de uma editora de livros, sugerindo uma adaptação do romance Bambi: A Life in the Woods. Walt comprou os direitos, mas continuou trabalhando com a história da princesa mais bela de todas.
Inspirado em uma história escrita para um protótipo de brinquedo, o primeiro filme lançado pelo estúdio a ser estrelado por animais falantes foi Dumbo (1941). Embora existam animais antropomórficos nos clássicos Pinóquio (1940) e Fantasia (1940), isso acontece em uma escala menor se comparado ao filme do elefante voador.
Uma das grandes influências para a equipe criativa de Zootopia, cuja estreia nacional está marcada para esta quinta-feira, 17 de Março, foi a cena na qual a Senhora Jumbo acalenta Dumbo com sua tromba, considerada uma das mais emocionantes da história do cinema.
Já Bambi (1942), quinto longa do estúdio, serviu como exemplo de realismo. Walt insistiu tanto nessa abordagem natural a ponto de ter levado cervos para o estúdio, a fim dos animadores poderem estudar cada nuance dos animais e aplicar esses conceitos na produção do filme.
Graças ao avanço da tecnologia, os diretores Byron Howard (Enrolados) e Rich Moore (Detona Ralph) puderam se aprofundar ainda mais nessas pesquisas e atingir um novo nível de realismo. A equipe pôde visitar o Animal Kingdom e realizar viagens para observar o comportamento dos mamíferos.
Apesar dos habitantes de Zootopia usarem roupas e celulares modernos, seus padrões de comportamento permanecem intactos. Por exemplo, em muitas cenas, os animais podem ser observados em pequenos rebanhos da mesma espécie, ao contrário de encontrar um grupo com uma girafa, um elefante e uma zebra.
O Rei Leão (1994) foi outra animação a ter trazido animais para dentro do estúdio e a ter influenciado a produção, assim como Mogli – O Menino Lobo (1967), considerado por Moore como seu filme favorito. “Naquela época, os animadores estavam em seu auge e a sensibilidade deles com os personagens era fantástica,” disse o diretor.
Usando centenas de fotografias, a equipe de Zootopia fez inúmeras artes conceituais de raposas, gambás, zebras, tigres e outras criaturas na tentativa de adaptá-las ao nosso mundo e tentando descobrir como realmente seria a aparência delas.
No entanto, a maior semelhança reside no clássico favorito de Byron Howard: Robin Hood (1973). Além de também ser protagonizado por um encantador e malandro raposo, todos os personagens são animais antropomórficos, os quais andam sob duas patas, usam roupas e se comportam como humanos.
Segundo Howard, por ter crescido assistindo a Robin Hood (1973) e amar tanto o filme, há muito de Robin Hood no DNA de Nick Wilde (voz de Rodrigo Lombardi), inclusive a camisa verde usada pelo personagem é uma homenagem ao famoso fora-da-lei.
Zootopia, portanto, funciona como uma grande homenagem aos setenta e cinco de legado dos animais falantes do Walt Disney Animation Studios, cuja lista ainda inclui A Dama e o Vagabundo (1955), Bernardo e Bianca (1977) e Oliver & Sua Turma (1988), enquanto eleva a um outro patamar esse estilo de narrativa.
A moderna metrópole de mamíferos chamada Zootopia é uma cidade diferente de todas as outras. Composta de bairros-habitat como a elegante Sahara Square e a gelada Tundratown, é uma grande mistura onde animais de todos os ambientes vivem juntos — um lugar onde não importa o que você é, do maior elefante ao menor musaranho, você pode ser qualquer coisa. Mas quando a otimista policial Judy Hopps chega, ela descobre que ser a primeira coelha numa força policial de animais grandes e fortes não é nada fácil. Determinada a provar seu valor, ela agarra a oportunidade de solucionar um caso, mesmo que isso signifique formar uma parceria com o raposo falante e vigarista Nick Wilde, para desvendar o mistério.
